segunda-feira, 23 de março de 2015



FARDO

 




              É muito bom sentir a bondade bem de perto, na própria alma. E o quanto é bom a gente conviver com pessoas boas, amigas. Ser amigo e ter boas amizades faz a diferença na vida de cada um! Anjos que somos, e aqueles anjos que nos escutam, nos dão a mão, nos ajudam, sem preconceito, que há de toda espécie, se a pessoa é rica, ou pobre, feia ou bonita, alta ou baixa, loura ou morena, e por aí vai. Uma opressão nada amigável, em qualquer época que aconteça, seja como for, e faz sofrer. Um fardo carregamos dentro de nós mesmo, a semente do mal, o que as condições adversas de vida pode agravar. Mas saber que também existe, sim, a semente do bem em cada um, que a  boa formação aprimora.

         O fardo da vida que a gente tem de carregar. Mas que seja o mais leve possível. Ter um lar, e não um simples refúgio, um lar de verdade, com afeto e respeito necessários para o ser humano se desenvolver e se sentir feliz. Ainda que seja um orfanato, pois se houver boas condições será um lar para quem sofre por morte ou abandono. A adoção que não chega, e a vida deve seguir em frente. O importante é ter o conforto do entendimento, do afeto. Não é fácil alguém suportar a desdita do preconceito, da inimizade. Dependemos todos uns dos outros, diga-se, com menos dependência possível. E sabemos que há solução para tudo com amor pela vida e dedicação ao que se faz. Se é do bem que cuidamos, mais bem encontramos.

          O convívio entre as pessoas deve ser o mais harmonioso possível.  A começar por escolher o par afinado para casar, ou menos desafinado possível. Na harmonia das almas, e não apenas pela atração física. As diferenças, mesmo em família, constituída de pessoas diferentes, que temos que aprender a conviver. A importância de um chefe firme, o que não significa que ele seja um tirano, nem bonzinho, mas responsável, ao lado de uma companheira equilibrada, ambos com vocação para o lar, para se doarem, no cumprimento da missão a que se propõem, com humildade. E é muito bom não deixar de atender aos anseios de fraternidade vindo dos nossos irmãos de Fé.

 

sábado, 21 de março de 2015




 
         BIBLIOTECA BANEDITO LEITE 




 


 
                  No centro da capital maranhense, S. Luís, há belas e encantadoras praças: a Praça João Lisboa, a Praça da Sé, a Praça da Alegria, Praça Odorico Mendes, e outras mais. Tinha também a antiga Praça do Quartel, que desapareceu, junto com o 5ª Batalhão de Infantaria, que dali foi transferido, após a Segunda Guerra. No local surgiu a Praça Deodoro com a  bela  Biblioteca Pública do Estado, depois Biblioteca Benedito Leite. Morando ao lado, no começo da Rua das Hortas, na época da construção, eu lembro das pedras de Cantareira removidas do antigo calçamento, que serviam de brincadeira das crianças, e parece que ainda estão lá, como bancos de praça, para o descanso dos que por ali trafegam, tudo muito diferente do que era no passado.

Depois de funcionar precariamente em vários locais da cidade, finalmente a Biblioteca Pública do Estado se  instalou com a devida honra, já com um acervo de valor considerável. Foi a segunda biblioteca pública instalada no país, sua inauguração data de 1826. Nos séculos XVIII e XIX o Maranhão viveu uma fase de ouro na economia, um período de grande efervescência cultural da capital, que se relacionava com as culturas europeias, e era considerada em todo o país como Atenas  Brasileira. São maranhenses alguma das maiores sumidades do país nas letras e em conhecimento, Gonçalves Dias, Odorico Mendes, Arthur Azevedo, Aloísio Azevedo, Sotero dos Reis, Sousândrade, e tantos outros mais. E do que o maranhense tem orgulho é falar o melhor português do Brasil. 

 A inauguração do prédio da Biblioteca Pública de Estado, ocorreu em 12 de setembro de 1951, que tempos depois recebeu o nome de Biblioteca Benedito Leite em homenagem ao ex-governador Benedito Leite (1906 a 1908). Seu estilo é neoclássico, com colunas gregas e frontões nas janelas, que há pouco recebeu uma grande reforma, com a duração de quatro anos. Reabriu em maio de 2013, totalmente modernizada, equipada  de alta tecnologia. Considerada a 11º em tamanho, seu acervo conta hoje com 140 mil obras nacionais e estrangeiras, grande número de jornais e revistas, manuscritos,  preservados, juntamente com obras raras, de valor histórico.

Tivemos oportunidade de visitar recentemente a Biblioteca Benedito Leite, e parabenizamos os maranhenses que moram em lugar tão acolhedor e ainda poder respirar esse ar de cultura que incita a alma na terra gonçalvina.

 

Repensadora Dr. Ana Escobar


sexta-feira, 20 de março de 2015





                             PAPO AFINADO

 




                O caipira e deslumbrado deputado cearense Cid Gomes foi apeado do cargo de Ministro da Educação, com poucos meses no cargo. Ao sair fez um alarde na tribuna da Câmara, esbravejando contra seus colegas deputados federais que, em sua maioria, seriam   chicaneiros, ou seja, ladrões. Quanta educação! O certo é que com sua destituição ganharam os cidadãos de cultura deste país, tão vilipendiado pela ignorância, que  reina soberana por aqui. Temos hoje, sim, um reinado de ignorância e incompetência. Na educação a coisa fica mais feia ainda, pois trata-se de um imenso contingente de jovens, que precisam desenvolver suas potencialidades, obtendo boa formação educacional e moral, para que o país possa aparecer no rol das grandes potências, e não fique na rabeira como vem acontecendo de forma vergonhosa na educação.

        Grande o Brasil, não apenas no que diz respeito ao solo, mas à sua população. E o que acontece é o descaso que vem sendo dado a esse povo carente de tudo. No passado, em especial a década de cinquenta, nossa juventude podia se sentir feliz, por ser a escola uma aliada para a concretização das ambições. Os jovens também conscientes do valor daquele local de estudo, onde existia amor e respeito mútuo entre alunos e professores. O nosso refúgio abençoado.  Mas o que temos hoje é uma nação arruinada moralmente, em todas as camadas sociais. A maior catástrofe é a adesão da elite ao atraso e ao caos moral. O meio estudantil, do básico ao universitário, contaminado por ideias que destróim tudo de bom e de vital na civilização.

        Ameaça, pois, a cair por terra o gigante Brasil, esperanças que se desfazem nesse absurdo emaranhado de situações degradantes, que tira o que nos sustenta como civilização, a educação e a moral. Ou então é reagir e continuar, quase do zero, na luta pela boa conduta, na batalha contra a barbárie. 
 
   

quinta-feira, 19 de março de 2015





                              PAPO FURADO EMPOBRECE


            O título acima é de uma matéria da Veja sobre o ensaísta e psiquiatra  Theodore Dalrymple e sua recente coletânea, Nossa Cultura. Com um olhar cético e conservador para o que acontece em Paris na atualidade, o autor francês fala do legado cultural europeu que ele acredita estar desbaratado por um acachapante “progressismo”. Criam-se novos dogmas e tabus para dar o “clima intelectual” necessário e fazer calar perguntas mais séria sobre as questões do momento, mas consideradas impróprias para a arrogância dessa gente que alardeia suas boas intenções, para manipular.  A bela e rica capital francesa a sofrer fatal deterioração, nem tanto pela crise econômica, mas por não conseguir assimilar  parte da população que é  tratada como gente inferior, por serem imigrantes, e  seus descendentes, franceses.

           Um problema grave e quase insolúvel, a marginalização social nos grandes centros, o que acontece em todo o mundo, as cidades inchadas, que a cada dia perdem mais e mais qualidade de vida, o que tira a tranquilidade de pobres e ricos, acossados pela falta de planejamento no passado. E não contam no presente com boas políticas, mas pura demagogia, enganação. E nos perguntamos: Como se justifica tal coisa aqui no Brasil, a discriminação social se pertencem todos à mesma nacionalidade brasileira, além de fazerem parte da mesma humanidade, que para os cristãos são todos criaturas de Deus? Em um mundo progressista, como explicar que se perpetuem certas  mazelas? Gente que vive de forma precária, sem condições de se integrarem à parte mais desenvolvida da sociedade, causando conflitos.

De acordo com o que diz o psiquiatra francês os valores distorcidos e a irresponsabilidade é que dá o tom do bla, bla, bla intelectual, filosófico, esteticista da pós modernidade.  E dessa forma frustram-se as tentativas de reverter õ caos em que se vive. Quando a sociedade perde a noção de realidade as coisas tendem a se encaminhar rumo a mais e mais problemas. As mentes obscurecidas por uma visão deturpada, sabendo-se que no nosso país o barco faz água por todos os lados, enquanto o comando está nas mãos de pessoas sem noção, que gozam do poder sem a menor compostura, enquanto os problemas se agravam. E o povo  que receba “educação” sexual e moral na rede Globo, a TV mais assistida, e consequentemente a mais rica do país, onde passa a novela Babilônia, o nome já diz tudo, e BBB, os dois programas com exibições diárias de sexo e papo furado, dos piores possíveis.

     Um pujante país, o nosso Brasil, mas que se degrada e empobrece, e  não há como reverter a situação se não houver mudança de mentalidade dos brasileiros, mesmo que muita gente clame nas ruas por melhores dias. Não só a elite, mas o povo que está cansado de sofrer humilhações de toda forma. Necessário mudar muita coisa. Mudar, um pouco que seja, nosso modo estressante de viver, e ter tempo para rezar e ser bondoso.  Com certeza o exercício da bondade pode trazer benefício à alma, tanto quanto o exercício físico beneficia o corpo. A diferença que faz para a vida de outras pessoas, como para a própria vida!     

        Em tempo: São constante os assalto, mas ainda há quem caia no papo furado do ladrão pé de chinelo que se passa por uma pessoa tão boazinha a ponto de dividir a loteria que acabou de ganhar. Há registro na polícia de vários casos, a vítima, como que hipnotizada, se dispondo a colocar nas mãos dos bandidos 30% do que vai receber, que seriam duzentos mil.  Na verdade, é o total da importância que os marginais pretendem extorquir, com a seguinte premissa: se a pessoa acredita que alguém pode doar duzentos mil, sendo eles uns pobres coitados, porque a coisa não se inverte? Em um caso recente houve perda considerável, mas podia ser muito mais. Acontece, sim, de repente a pessoa se descuidar do mal que grassa a sua volta e, como uma criança, não atentar para o fato que estranho é estranho. O adulto que pensa estar seguro de si, mas pode cair em um papo furado, como esse da loteria premiada.  A criança que de repente aflora, e a gente ainda esquecer o conselho dos pais para que tenha cuidado, pode acontecer com qualquer um. Mas digo, a bem da minha honra de mulher, que eu jamais cairia num papo desse, é coisa de homem.

terça-feira, 17 de março de 2015




                                    FORÇA MAIOR

 

           Algo ruim acontece, que pode ser um teste para aquilatar a capacidade que cada um tem frente ao inesperado; se agimos de forma adequada, ou se somos levados pelos acontecimentos, que podem se transformar numa bola de neve, ou mesmo avalanche. Se há domínio pessoal tudo fica mais fácil para uma ação adequada diante dos fatos. Para sairmos de uma situação difícil tem que haver entendimento do que está acontecendo, ou vai acontecer, suas consequências, além de contar com uma força maior que nos induz à decisão correta. Do contrário, a insegurança, o medo, por exemplo, podem nos impelir em direção ao erro, fazer com que se proceda de forma inadequada, por covardia. A impulsividade  pode acompanhar algumas pessoas pela vida toda, uma força muito perigosa.

         Temos que aprender a conviver com o perigo, as dificuldades existem para serem enfrentadas e superadas com inteligência e determinação. Por exemplo, a idade, que temos de enfrentar, qualquer idade, todas difíceis, guardadas as devidas proporções. A força maior do tempo, e ter setenta, oitenta anos, não é o mesmo que trinta, quarenta, ou um pouco mais. Hoje os velhos recebendo tratamento especial, bem merecido, pois os anos pesam, no corpo e na alma, e todos vão chegar lá, se não morrerem antes, o que ninguém quer. Se a pessoa idosa tem a segurança de uma família amiga, se tem dinheiro, a velhice parece pesar menos, mas depende de cada um, do temperamento que se tenha enquanto velhos, tanto quanto na mocidade.

         Ter boa saúde é uma grande bênção, mas é a virtude da paciência e da modéstia, que nos fazem conviver melhor com os nossos problemas e com nossos semelhantes. Falta de temperança pode atrapalhar muito a velhice, pois nada pior que um velho ranheta, quer ele seja rico ou pobre. Bom ser um velho otimista, que os pessimistas existem, em todas as idades, pior na idade avançada, em que a saúde declina e os dias parecem contados para morte. E como consolo pensar em ser resgatado do pó do esquecimento, que do pó da terra ninguém escapa. Afinal tudo que vive perece. E não seria diferente com o ser humano. Pensar então com otimismo, que permanecemos, sim, na descendência e no inconsciente das pessoas com quem convivemos.

       Alguns possuem o dom de resgatar os mortos da memória, o que requer energia psíquica especial, uma força maior da mente. Certo que não há elo algum entre o passado e o presente, a vida humana que se renova como outra qualquer na Terra. Todos os seres vivos sementes, para se perpetuarem no solo.  E no caso dos seres humanos, a semente também do espirito. E se morremos é para que a vida seja renovada, assim que as coisas acontecem. A força maior que é vida e também morte. Absurdo querer prolongar a existência além da conta. Por amor vivemos e por amor morremos; vida e morte igualmente importantes. Mas que ninguém queira nos matar, quando velhos e doentes, e a vida siga seu curso, em paz, até o fim. Por não esquecer que a maior de todas as forças é Deus.

          Em tempo:  No presente momento é grande a insatisfação com a política brasileira, tanto que no dia 15 de março houve protestos por todo o país. Boa parte da população nas ruas em manifestações pacíficas contra a corrupção, o assalto aos cofres públicos e a política da Presidente Dilma Rousseff, voltada para um esquerdismo perigoso para a democracia. Algumas faixas, todavia, com grave ofensa à democracia, e merecem repúdio, os extremistas que pediam a volta do regime militar e também as de cunho fascista, antissemita e etc. É preciso, sim, protestar contra o que está errado no país, a começar pela mentalidade dos brasileiros de burlar as leis, ludibriar uns aos outros, coisa que deve ser corrigida com urgência. E ninguém esqueça jamais que a força maior para manter o país no caminho certo é a Democracia, não existe outro.    

domingo, 15 de março de 2015



                  AINDA NO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO

 

 

 


         Pedrinho e Narizinho chegam no sítio do Pica-Pau-Amarelo para visitar a avó, dona Benta. É a nova geração a quem Monteiro Lobato quer mostrar o velho Brasil, tal como ele é de verdade. Egresso da monarquia, interiorano, agrário, que por pouco mais de meio século sobreviveu precariamente separada de Portugal. Até a implantação da República, com o lema Ordem e Progresso, expresso na bandeira, mas claudicante na vida real.  Uma personagem ganha foro privilegiado na narrativa, Emília, obra da criada do sítio, Tia Nastácia, que faz a boneca de pano para presentear Narizinho. Mas o que era um simples brinquedo, por uma pílula mágica do Dr. Caramujo, fruto da nossa medicina alternativa, se transforma num ser falante, e dana-se a dizer   verdades e mentiras, a ditar regras da sua intuição.  

         A neta de dona Benta tinha ares de Sinhazinha, mas que de posse do presente, se vê em papos de aranha para satisfazer os caprichos daquela imaginação, tão fértil quanto absurda. Enquanto isso Pedrinho, meio moleque, não para de se aventurar pelo sítio, descobrindo um mundo de maravilhas, que disputa com Emília o coração daquela turma.  Lobato através dessa personagem folclórica, critica a própria monarquia brasileira e o ideal republicano, de um povo cheio de invencionices. O futuro da República brasileira nas mãos do Jeca Tatu, bajulado pela elite, quem podia imaginar?! Pode, sim, e tudo se concretizar, o Jeca muito bem integrado, sabendo roubar melhor que qualquer "elite", derrubada numa rasteira de mestre.   

         A figura do Marquês de Rabicó seria a pecuária nacional, dado em casamento para Emília, que logo repudia o marido. A agricultura tem como representante o Visconde de Sabugosa, que a boneca aproveita para torná-lo seu biográfico. Certo que Monteiro Lobato queria um Brasil que olhasse para fora, aprendesse com as nações em maior desenvolvimento e experiência, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento econômico. O escritor foi, inclusive o idealizador da Petrobrás, essa que está ai vivendo dias de amargura, e é a maior empresa brasileira. Quanto à nossa cultura popular, conquanto seja rica, não era suficiente para uma elite que despontava no país. Acontece do imperador Dom Pedro II se embeber de conhecimento e cultura lá fora, de certo modo distante do país que governava. E os herdeiros dessa tradição onde andarão? Também expulsos do país, ou foram engolidos pelo sistema.

          Damos um salto e podemos, então, imaginar os descendentes de dona Benta vivendo no século XXI, com as mudanças exponenciais que aconteceram. A República consolidada, assim como sua democracia, que de tempos em tempos sofre percalços. As grandes transformações que ocorrem no mundo, também aconteceram em nosso país. A mulher fora de casa, competindo trabalho com o homem, o que muda muita coisa nas relações familiares e na sociedade, que padece, todavia, de um atraso crônico. E a semente estaria ali, no Sítio do Pica-Pau-Amarelo, parece de onde não saímos, tais os personagens folclóricos que atualmente comandam o país. Enquanto isso a elite bate panela, depois de ser assaltada e levarem quase tudo dela, inclusive a compostura. É bonito isso?

       

        

sábado, 7 de março de 2015






                                                                        
 
       
                                                         SOLAR E LUNAR

        


 
 
             Uma pessoa alegre, comunicativa, feliz, que age às claras, ou à luz do dia, se diz que é solar. Já a lunar é triste, pessimista, noturna. Os dois lados com que a personalidade de cada um atua. Estar solar é quando se aproveita o que de bom tem a vida, planeja, executa, muda, com lógica, liberto dos entraves à razão. E sendo assim, sorri do que perdeu, do que ficou para trás. Se há esperança, persistir, se não, esquecer. Não pensa na morte, muito menos em querer conectar-se com ela, que os mortos descansem em paz.
       “Direis, ouvir estrelas? Certo perdeste o senso!... E vos eu direi, no entanto, que para ouvi-las desperto, e abro a janela pálido de espanto.” Olavo Bilac fala dos poetas, em especial, da alma em espanto diante das estrelas, que brilham no céu, desde sempre. Brilham indiferentes a nós, poetas ou não, de tão curta vida. Pálido e alumbrado, o lunar acolhe de coração a dor que não entende,  enquanto o solar abraça por vocação a alegria que surpreende. 
             A tristeza é tão legítima quanto a alegria. E não deve sofrer intolerância a dor que precisa ser curtida, assim como a alegria  merece ser cantada. Doce tristeza, aquela saudade, até de nós mesmos. Humanos que somos para suportar os dias triste, quando se quer fugir de tudo, e para vivenciar com gosto os dias alegres, de vida bem vivida, que é tudo de bom.  Sem levar as coisas muito a sério, nem querer mudar por mudar. Às vezes preferir não fazer nada. Nada vezes nada, o que pode nos salvar de muito sufoco. Mas estar atenta ao primeiro sinal da depressão, que não é coisa de doido, e deve ser levada a sério.       

sexta-feira, 6 de março de 2015

Maria Rita - Águas De Março






       
 
                        O DESAFIO DE SER MULHER



 Nos tempos atuais os desafios que a mulher tem de enfrentar são maiores que no passado, uma vez que ela deixou de ser simplesmente mãe de família, entrou no mercado de trabalho, passou a ter liberdade sexual e nem quer mais filhos, ou só mais tarde. Fora do lar, dessagrada, a mulher, no presente momento, tem um probleminha a resolver, o de não deixar de ser mulher, ou melhor dizendo, não perder sua feminilidade, algumas tentando manter uma atitude duvidosa, como que para esconder sua macheza, os saltos altíssimos, plec, plec, plec, as saias curtíssimas, sem falar nos penduricalhos.  Mas sobreviver de verdade como mulher, só se ela não fugir do amor, que pode conduzir seus desejos para o melhor dos mundos, aquele mesmo do passado, o lar tradicional, com pai, mãe e filhos. Parece que a desagregação dos primeiros tempos não passou, e as mulheres estão cada vez mais aflitas.

       Uma pergunta que não quer calar: “O que é ser mulher? Ou melhor dizendo: “O que é ser feliz como mulher?” Tão simples, e ao mesmo tempo complicado, entender esse ser multifacetado.  A começar por pensar na mulher como forte e racional, não como o homem, mas como mulher. Mas que ainda abre sua torneirinha de falar e chorar, mesmo que se encontre em um estágio avançado de realização pessoal, adquirido mais no grito que no choro. A sensibilidade não mais aquela, com que Mary Streep nos brindou nas Pontes de Madison, o filme que conta a história de uma mãe tradicional, que após uma romântica aventura extra conjugam, deixa partir um sonho de felicidade pelo mundo, para continuar cuidando do marido e filhos em Ohio. Muito esperta essa mulher, à moda antiga, que não quis trocar o certo pelo duvidoso. Podia acabar como Ana Karenina, tão infeliz a ponto de se suicidar. O pacato marido de Ohio, diferente do aristocrata russo que pune a mulher, afastando-a do filho, por julgá-la indigna.

         A mulher tem o instinto maternal e o homem o animal, foi o que se convencionou para os dois sexos. Mas o homem já está se permitindo ser menos durão, e a mulher mais forte, fragilidade e fortaleza que sempre fizeram parte da natureza de ambos, mas só agora se permitem assumir às claras seu outro lado. O homem talvez para compensar certa macheza da mulher, e vice versa, melhor assim, que para tudo se dá um jeito. Desde que o homem não queira virar mulher, nem a mulher virar homem. Ter equilíbrio pessoal, pois lá no fundo, onde a natureza é mais forte, é que define quem somos de verdade, certo que a gente tem a vida que pede a Deus e, dia sim e outro também, rezar para nossa salvação, ao acordar e antes de dormir, a qualquer hora. E nunca recorrer ao serviço do maligno, um ego medroso, raivoso, famélico.         

                   


quinta-feira, 5 de março de 2015





 
 
A MORTE É COISA SÉRIA

 



 Encarar a morte não é nada fácil, queremos ser eternos. Mas a ordem natural é nascer, crescer, morrer. Temos nossos dias contados, até que a morte nos atinja. Felizes comemoramos cada passagem de ano, o dia do nosso aniversário. Queremos viver, precisamos viver, até que se esgotem todas as nossas possibilidades. E depois morrer, que seria o destino final do ser humano, como de todas os outros seres animados ou inanimados. O ciclo que se renova, para que a vida se perpetue,  sempre igual e diferente,  o sentido da morte. E quanto ao sentido da vida é viver nessa ânsia de paz, amor e felicidade pode significar nosso desejo de mais vida, como também da própria extinção, para transcendermos em direção a uma outra vida. Almejamos a imortalidade, convictos que partimos para uma outra vida depois da morte. Qual vida é essa há várias teorias. Enquanto a morte não vem, viver da melhor maneira, cultivando a alegria, em primeiro lugar. Só estar vivo compensa toda a dor  que se possa sentir, que a vida não é fácil, mas tem jeito da gente se sentir feliz, mesmo com toda a dificuldade. Nada como um dia atrás do outro para nos fazer superar as tristezas e encontrar a alegria de viver, surpreendentemente, dentro de nós mesmos. 

 
Nossa evolução pré-estabelecida é de simples animal para um ser humano consciente da própria vida e da morte. E a consciência que temos da vida para ser vivida, basta nos mantermos no comando da nossa vida e da nossa morte, devia ser assim. Como disse Freud, o normal é a pulsão da vida ser maior que a da morte. Suicidam-se os que desprezam a vida. A morte prematura que também pode vir numa bala perdida, numa artéria entupida, num desastre, ou por um motivo qualquer, fora de propósito. A morte prematura, que faz o presente, o planejado para o futuro, deixar de existir para quem morre. Mas o dia chega para todos nós.  Minha mãe aos 98 anos, o corpo, até há pouco lépido e fagueiro, sofre imenso desgaste, sua mente rateia,  situação de que ela  lastimou certa ocasião, ao dizer que tinha tanto por fazer e se via presa a uma cadeira de rodas. Ela está bem e certo que seus filhos vão comemorar seu centenário, e ainda a terão por alguns anos. Mas penso na orfandade, como se ainda fosse criança, primeira grande perda minha a avó, eu já era mãe, e senti por meus filhos, como se eles me perdessem, tão jovens. Mas a idade não conta, só a dor por uma vida que se vai, e o peso da ausência.


 


terça-feira, 3 de março de 2015





                            FALAR E CALAR.

                                             

              

 



 

         No passado, não muito distante, o casal compartilhava um silêncio respeitoso, quase constrangedor. Acontecia com quem ficava junto para sempre, raras as exceções do casal separado, uma pecha para a mulher. Sobreviviam assim as relações pessoais e as famílias, cada um guardando a sete chaves seus segredos, e quem estivesse insatisfeito, sentindo-se vulnerável, por esse ou aquele motivo, fossem reclamar para o papa... O amor coisa tão banal! Para que gastar tempo em dirimir dúvidas, superar carências? Assim era mantida a união homem e mulher num patamar de respeito mútuo, ou do poder de um sobre o outro.

            Negar a palavra à pessoa que nos é mais cara acontecia por insegurança, em princípio. Acreditar que tudo está bem, ou que vai ficar bem um dia, só calar e ter paciência. Os bonzinhos pensam assim. Também os sádicos acham bom tudo ficar como está, nada mude. A ilusão de que o amor permaneça o mesmo até o fim. Ou até que os cabelos embranqueçam, os sentimentos morram de vez e a alegria de viver vá embora. Se bem que a capacidade de regeneração por si mesma existe, sim, se um dos dois não morrerem antes. Acontece que ninguém casa com a pessoa certa, o que escutei dias atrás, e sabendo disso, o casal entenda que deve haver respeito pelo compromisso assumido, boa vontade pelo projeto de vida a ser cumprido. Era o que as pessoas acreditavam no passado, ou levadas a acreditar, pela religião, família e sociedade.

          As coisas são como têm de ser, para que mudar? Isso antes, quando as mulheres ainda não gozavam da independência financeira, como profissionais. Depois tudo mudou, elas tornaram-se donas do nariz, também verborrágicas. Falam que falam, que sempre é bom falar, pois calar hoje é considerado veneno letal para as relações, sejam elas quais forem. No trabalho, com a família, com os amigos, falar sempre. Quem cala consente, dito popular, que não é recente. O que não se deve é compactuar com o erro, e tem caso de necessitar de denúncia às autoridades, quando houver maus tratos.

         Bem verdade que só com o tempo se entende muita coisa, mas é essencial a comunicação verbal, pois na barbárie o pau canta, e ponto final.   Questão de civilidade expressar-se bem em palavras. Mas muito blá, blá, blá, também pode ser desgastante para a relação. Tem que haver afinidade em quase tudo entre as pessoas que buscam o amor ou a amizade, para que não haja conflitos maiores. Essencial a diferença entre os sexos, homem  e  mulher diferentes em pensamento palavras e obras, riqueza que deve ser bem administrada. Pouco, ou nada interessante, viver com um clone, essa união entre pessoas do mesmo sexo, de uma pobreza só.                  




 

segunda-feira, 2 de março de 2015





                  EMÍLIA E MONTEIRO LOBATO

 


           Emília, personagem criada por Monteiro Lobato, é uma boneca de pano, que teima em ser gente de verdade, mas não passa de uma tosca criação de Tia Nastácia, empregada de dona Benta no Sítio do Pica-Pau-Amarelo, a partir de uma saia velha, recheada de macela. Boneca a quem Narizinho quer muito bem e vive a conversar com ela, tão franca que assume sua pobreza e ainda dela se orgulha. O Brasil partia do regime monárquico para o republicano, com um povo inculto, sem expressão e sem voz, e que, de repente, por força de um tal doutor Caramujo, passa a falar sem parar e sem pensar no que fala, com sua “torneirinha de asneira”. A crítica do autor é, em especial, ao ufanismo nacional da época, tosco a mais não poder, com mania de grandeza e ares progressistas, que é só enganação. O progresso aqui dentro, como um animal que se arrasta na praia, como até hoje, os governos populistas, colocando pílulas placebos para o povo engolir, as atuais bolsas. Os brasileiros que patinam na ignorância e atraso, e por conta disso o país não se torna rico, como pode ser de verdade, por faltar conhecimento, cultura, principalmente, aos que nela mandam e desmandam.

     O conservador autor paulistano, Monteiro Lobato, era descendente de barão, fazendeiro,  editor e empresário, além de escritor famoso. Menos nacionalista que progressista, faz crítica feroz à República brasileira, que devia com urgência adotar uma cultura universal, e empenhar-se em fazer parte do mercado internacional. Hoje estamos mais universalistas e menos atrasados, conquanto muita coisa tenha que acontecer, no presente momento, tirar o poder sair das mãos do petismo, que governa os brasileiro da forma como governaria a boneca de pano. Ela se casa com o marquês de Rabicó, representante da pecuária brasileira,  casamento que não dá certo, lógico. Enquanto isso, o Visconde de Sabugosa representa  a nobreza falida da agricultura – os atuais pequenos produtores. Escritor compulsório por ordem de Emília, o boneco feito de sabugo  argui sua cliente sobre quem ela era, e recebe implicante resposta: “Sou a independência, ou morte”. A imaginação irrefreável de Emília atordoa, mas faz pensar. Sua ousadia em querer renovar símbolos religiosos e culturais de uma determinada época. Nada que ameace a esperança e a fé, pelo contrário. 

       Está aí um cenário perfeito para fazer pensar o Brasil atual. E é oportuno falar do criador de Emília uma vez que a Ministra da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, propõe que Monteiro Lobato seja banido das escolas. Teria ela razão? O bom senso diz que não, tratando-se de um dos maiores escritores brasileiros, que, no mínimo, faz as crianças gostarem de ler, como aconteceu com gerações e gerações de seus leitores, alguns que se tornaram grandes escritores, tal qual o criador de Emília, que fez representar a raça negra através de Tia Nastácia e a branca, por dona Benta com seus netos Narizinho e Pedrinho, herdeiros dessa tradição. Enquanto a boneca de pano seria uma audaciosa revolução política e cultural brasileira, que perdura até hoje.