quarta-feira, 31 de agosto de 2022

 



CHEGUEI!

La Petite Fille De La Mer ( Vangelis )

 




                             AUTORIDADE 



S. LUÍS - MA


   

Para quem acredita, temos um anjo responsável por livrar-nos do mal — o anjo da guarda, com sua autoridade. Homem e mulher com autoridade própria para resolver os próprios problemas, desde os mais banais, até os complicados. E se for preciso, pedir ajuda.  Tem pessoas especiais, que se obriga a fazer algo em benefício do outro, mesmo sem ser obrigada, e com autoridade.

Ter autoridade não significa ser autoritário. Cuidado com os que se arvoram de “autoridade”, sem ser. A autoridade pessoal do navegante em viagem por essa vida. Viagem perigosa,  e cada um mantenha o leme firme nas mãos, esteja preparado para seguir em frente e vencer as intempéries. Feliz quem tem a Fé cristã como bússola.  Igreja, há dois mil anos empenhada no trabalho apostólico pela humanidade. A rota traçada, com discernimento e coragem, na santa paz.

A família tem autoridade, assim como goza o país de suprema autoridade, com suas leis. A sociedade constituída de cidadãos com autoridade para escolher os políticos que vão exercer funções públicas essenciais. E sejam eleitas pessoas capacitadas ao cargo a que se candidatam. Excluído os incompetentes, que vão cometer erros, e até mesmo usar o cargo simplesmente para benefício próprio, o que desmerece qualquer autoridade. 

Direitos e deveres têm uma autoridade, como qualquer outro cidadão — todos sujeitos aos rigores da lei.

  


terça-feira, 30 de agosto de 2022

Casablanca Revisited 1979 Frank Sinatra Sings As Time Goes By to Ingrid ...

 

FICÇÃO

                                                IMPRESSÕES







 

 

Às onze horas, um considerável número de pessoas anda de um lado para o outro na Praça  Deodoro em S. Luís — lugar encantador, espaçoso e bem cuidado, se comparado com as estreitas ruas adjacentes de casas abandonadas, que desmoronam. Vendedores ambulantes espalham-se ao seu redor. E sem as antigas árvores, o sol afogueia os transeuntes, principalmente, àquela hora do dia. 

Mês de agosto, a melhor época do ano na cidade histórica, onde um senhor está  sentado  no banco em frente à imponente prédio da Biblioteca Estadual Benedito Leite, de arquitetura neoclássica, que embeleza ainda mais aquele espaço público. Olha para os pedestais onde estão alojados os bustos esculpidos em bronze, dos insignes intelectuais maranhenses. Uma senhora de cabelos embranquecidos chega ao primeiro pedestal  e lê o nome de Gonçalves Dias, e volta-se para os passantes, que variam a cada dia, quando então se depara com alguém. De pronto o reconhece.  

— Armando, é mesmo você? Pensei que nunca mais o veria!

— Prometi que vinha, e cá estou.

— Quando chegou? Onde você está? Em que hotel, ou está hospedado em casa de parentes?

— Ontem à noite, no Praiabela Hotel no Calhau. Não é bem uma surpresa  encontrá-la, já que faz pesquisas na biblioteca, o que me contou em recente carta.

Os dois miram-se mutuamente, e depois de alguns minutos o homem cruza os braços, em sinal que ela é quem vai decidir o caminho a seguir e pergunta:

— Aonde vamos?

— Vamos descer a Rua do Sol. Quero passar na Vozes para comprar um livro de Paulo Freire para fazer uma crítica . Sabes que tenho um Blog?

— Maria, você não me surpreende, sempre aplicada nos estudos...   

— E quanto a você, Armando, quero que me fale sobre seus planos. 

Os dois estão alegres e felizes, enquanto caminham. Maria pensa no itinerário que vão percorrer, e comenta:

— O Centro Histórico de S. Luís  apesar de sua centenária beleza arquitetônica há ruas que  faz dó tamanho abandono, inclusive, a turística Rua do Sol. Diferente do que acontece do outro lado da ponte, a cidade crescendo a passos largos, com grande número de prédios modernos.

— Que buraco velho e sujo! — disse ele com um olhar de reprovação.

— Tem gente que acha essa decadência é pitoresca. Mas eu já pensei em fazer um mutirão  como fez Sonia Braga nas areias de Copacabana. O governo não dá conta, falta educação e respeito, que os donos dos casarões abandonados sejam multados por não cuidarem de seu patrimônio, deixam o lixo acumular nas garagens que vase para as ruas. 

 Na livraria Vozes Maria compra o livro que queria. Armando aproveita para adquirir uma obra do padre João Mohana. Riam enquanto  saltam da calçada estreita para a via, e vice-versa. - Para que esses carros atrapalhando os pedestres? Reclama Armando. Os dois, mais próximos um do outro, ajudam-se mutuamente naquela travessia. verificam que o Museu Histórico e artístico do Maranhão, antigo solar de Gomes de Sousa, está fechado, só abre às duas horas da tarde. Um quarteirão antes da Praça João Lisboa o Teatro Arthur Azevedo anuncia a programação. — Uma programação imperdível — comentou Maria.  Chegam à Rua de Nazaré para, enfim, se sentarem na refinada mesa do restaurante do SENAC, escolhido para o almoço. Findo a refeição Maria convidou o amigo:

—Antes do lindo por do sol que vamos ver mais tarde no Café dos Poetas na Praça Pedro II, vou buscar meu carro na Rua das Hortas. Deixei-o na garagem do meu tio João. Você me acompanha?

- Vamos lá. 

  

 

 

 


terça-feira, 2 de agosto de 2022

 

                             ASSUNTO PARTICULAR

 

S. LUÍS - MA

Embora o assunto seja particular, mesmo assim, Maria resolveu contar aqui as surpresas em série, que teve no passado. Reconhece que há boas surpresas, como também existem aquelas que em nada acrescentam, e são até desagradáveis. E quando a surpresa faz parte da cadeia improdutiva da ignorância e do atraso, configura-se uma tragédia. Avisa a sabedoria popular que “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”. Para melhores esclarecimentos, continuo.

Maria ganha uma bolsa de estudo e vai estudar em S. Paulo, o que não é bem uma surpresa,  mas consequência da sua dedicação aos estudos. E quando recebeu a notícia vinda da melhor amiga  em S. Luís, que  ela acaba de noivar no interior da Bahia, logo após o carnaval, essa sim, foi uma surpresa das mais impactantes. O casamento marcado para as férias, sendo imprescindível seu comparecimento à cerimônia, foi avisada por carta.  E de rebote mais surpresas, que a os noivos já haviam comprado as passagens de avião dela. e uma pessoa estaria a sua espera no aeroporto. 

E lá se foi Maria conhecer o interior baiano, e quem sabe ganhar amigos para sempre. Com ajuda financeira dos tios levava na bagagem uma caixa de pequenas lembranças para os nubentes e demais familiares, que ainda não conhecia. Um primo do noivo esperava por Maria para acompanhá-la a seu destino. Tratava-se de uma pessoa  surpreendentemente chata, que desde o desembarque não tirava o olho da amiga da noiva, que começou a desconfiar de armação...  Pensou na mãe que se estivesse a seu lado lhe diria: "Quem manda sair de S. Luís em busca de um futuro melhor." 

Três dias de festa na rica fazenda de cacau dos pais do noivo de Alice, com bebida e comida a fartar, coisa de gente que só pensa em se exibir. "E ninguém saia reclamando", explicaram. Ocasião da pessoa testar sua paciência, e Maria ainda escuta uma parenta do noivo criticá-la: "Moça mais sem graça essa amiga da  Alice". Além dos comentários velados sobre a vivaz noiva que ia casar com um homem rico, salva da miséria. Difícil livrar-se do estigma de ser uma "pobrezinha" digna de pena. Maria pensou na situação feminina, a mulher sem direitos iguais ao homem, considerada gênero inferior. Sendo que a maior conquista da mulher é sua independência financeira, através do estudo e trabalho.

No começo do mundo Eva foi seduzida pela serpente no Paraíso, no bem-bom comeu a maçã proibida junto com Adão, afastaram-se de Deus. Culpa da mulher que passou a sofrer as dores do parto, enquanto o homem devia ganhar o pão com o suor do rosto. Ambos castigados de forma merecida, justa. As seduções aumentaram à medida do desejo do homem e seu poder criativo, igua serpente venenosa, que cada vez mais distancia o ser humano de sua essência, numa penosa conquistar do poder pelo poder. Surge o dinheiro, que toma o lugar de Deus na cabeça do homem atual e ateu, enquanto a mulher passa a sofrer cada vez mais o domínio do poder masculino.  

A mulher dita moderna fala em independência, pensa Maria, que vê a mulher numa dependência crônica para com  todos ao seu redor. A mesma e antiga Eva, que em vez de manter uma relação construtiva para com seu parceiro, quer tomar-lhe o papel, ser dominadora.  E onde está a nova Eva para pisar na cabeça da serpente? Mudando de pau pra cacete, conto que a miga da noiva já estava de  volta das bodas, trazendo na bagagem uma garrafa de “cachaça da cabeça” vinda do alambique do esposo do agora marido da sua amiga. Presente para ser ofertado ao tio paulistano, que nos seus oitenta anos, detestava a bebida, não por preconceito, mas devido alcoolismo na família. Maria pensou em duas opções:

Primeira opção: Ainda no aeroporto de volta,  depois de se livrar da companhia do chato ao  lado, dar a garrafa de cachaça ao carregador das bagagens, que certamente ficaria contente com a lembrança  da sua terra natal.  

Segunda opção: Entregar a garrafa da "infame" bebida para o tio, e arriscar até mesmo perder o convívio de pessoas tão boas e amigas. E nunca esquecer aquele tio-avô, que vendo a dificuldade da sobrinha com uma matéria, foi pesquisar nas livrarias e chegou com um livro providencial. 

Adivinhem qual opção que Maria escolheu!!!...