sábado, 30 de abril de 2016





                                  PARA SEMPRE

 








                    Em alguns de nós há um sentimento amoroso de se pôr em sossego, uma vez que seria arriscado falar ou se movimentar. Em contrapartida tem gente que está sempre pronto para dar e receber, para amar e ser amada, consolar e ser consolada. Ter condição de cuidar mais do que inspirar cuidados, é dignidade da pessoa, que ela não pode desperdiçar. Com a tutela da ciência vivemos mais e envelhecemos melhor, e tem quem chegue até os cem e mais anos bem de saúde, uma bênção. Não é fácil admitir que a certa altura já não se pode tudo, e ainda ter de se entregar aos outros, aos cuidadores, sina de quem tem vida longa. Bem verdade que tudo tem um preço, mais alto no fim da jornada, e o tempo apresenta a conta, assim como fazem os planos de saúde, que não estão nem aí - o tempo e os planos...
               Não é nenhuma maravilha depender dos outros, e nem adianta pensar numa casa de repouso, dessas modernas, com chalés e tudo o mais. Mãe alguma deseja, por exemplo, que os filhos tomem conta da sua vida, ou quem quer que seja. Mas não tem como se livrar dessa dependência em algum momento. Dizem que o elefante quando está próximo do fim se retira de perto dos demais. Não somos elefantes mas pequenos seres indefesos, tanto na menor, como na idade da decrepitude. De vez em quando nos apresentam exemplos de mães centenárias de bem com a vida, minha mãe é uma delas, acaba de festejar seus 99 anos. Que linda! Parabéns! É bom viver muito e muito para ver a família crescer, e ter ainda a mãe por perto para cuidar, como um dia ela cuidou da gente.

       Dentro da família é onde acontecem as melhores experiências, e digo, se é para sofrer, que seja no paraíso do lar. Os moços nem se dão conta, só na velhice, quando vão sentir o quanto o amor constrói e quanto dói o erro, o abandono. Melhor, todavia, deixar os velhos serem autônomos o tanto que podem, assim como se deve fazer com os moços. Há filhos que dependem muito dos pais, e vice-versa. Mas que ambos se sintam confortáveis. Não é questão de deixar rolar, mas de saber conduzir as coisas. Nada mais reconfortante que vencer as dificuldades da vida, sem que se esteja monitorado o tempo todo - só na aparência, pois não tem como controlar os passos de quem quer que seja. É a confiança e o respeito cultivados a vida toda, assim como a independência. Para sempre mãe!

                  FELIZ DIAS DAS MÃES!

sexta-feira, 29 de abril de 2016






                               
                                DEUS  VIVO

       

       
 



 

                  Palavras bíblicas e proféticas do Gênesis: “No princípio era o verbo, e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Verbo significa ação, criação. O verbo ser, de ser humano, animal racional, que raciocina, reflete, e usa a palavra para comunicar-se, para criar. O poder criador da palavra, que engendra o próprio ser, um ser religioso, civilizado, que tem fé.  Jesus fala aos discípulos: “Eu sou aquele que sou”.  E dá início a um novo tempo, ao Cristianismo, com a fundação da Igreja Católica Apostólica Romana. A doutrina cristã é responsável pela civilização ocidental, no que ela tem de melhor em razão e fé. É digno de lástima o mundo atual ter perdido o contato com a   prodigiosa riqueza cultural da religião católica. Já a fé cristã, transmitida pelos evangélicos, expõe uma grande parte da população a uma religião por demais empobrecida. É compreensível que nos países protestantes como a Dinamarca e a Noruega avance o ateísmo. “Ser ou não ser eis a questão”, escreveu o bardo inglês Shakespeare. E entendamos de uma vez por todas que um país laico não quer dizer ateu, mas, sim,  onde não há uma religião oficial, como acontece com os citados países, constitucionalmente protestantes.

                  No Brasil o catolicismo está vivo e pulsa com grande vigor, não sendo poucos os locais de romaria, o mais procurado  na cidade de Aparecida, onde há um santuário em homenagem a Nossa Senhora Aparecida.  O certo é que por aqui a família e igreja equiparam-se em importância na formação das pessoas, instituições que até há bem pouco tempo eram consideradas esteio da sociedade, com o que só se tinha a ganhar. Havia respeito para com a família e obediência aos preceitos religiosos cristãos, de não destruir, não matar, ter amor pela vida, em suma. Religião significa religação ao bem maior, Deus. Atualmente está no comando da igreja católica o papa Francisco, um jesuíta, sempre disposto a estar mais próximo aos fiéis e falar-lhes. Contudo ele costuma ser vítima da má interpretação das suas palavras. Teria o Papa dito que não é necessário crer em Deus, nem ir à igreja, e que a natureza pode ser uma igreja. Bento XVI esclarece aos fiéis que somos produto da cultura e não da natureza. Spinoza foi quem disse que “Deus é a natureza”, não o papa Francisco. É bom ter respeito pelas santas palavras do Papa, que fala aos fiéis o quanto é importante preservar a natureza, o ambiente em que as espécies se desenvolvem. Nosso linda Terra, onde habitam todos os seres vivos.  Os habitantes do planeta terra sujeitos às adversidades da natureza, do irracional. Mesmo os animais domésticos se irritam com estranhos, como nós humanos que temos de adquirir defesas contra o inimigo, contra o mal.

       Ser humano, um animal que possui o dom do raciocínio, e tem condições de construir a própria felicidade. Mas também pode tramar contra si próprio, ser desumano e agredir a vida a sua volta. O homem possuidor de uma alma, sujeita às emoções benéficas: bondade, amor, a compaixão. Também as maléficas: o ódio, a inveja, a luxúria. Absurdo, sim, o mal que alguns fazem em nome de Deus, pois tem gente que se acha o próprio deus, quando o que lhe falta é a humildade para  amar, para ser religioso. E falam que o Papa também teria dito que a ideia de Deus está desatualizada. Deviam saber que a fé religiosa, a fé em Deus, é eterna e atual, supera uma simples filosofia de vida, que pode ser atualizada e comportar ideias falsas, até torpes. Uma boa pessoa pode não ser religiosa, mas fica fragilizado por falta do apoio necessário para perseverar no bem. Enquanto aquele que se diz religioso tem obrigação de revelar por pensamentos, palavras e obras sua ligação com Deus. 

 

domingo, 24 de abril de 2016






                     TRANQUILIDADE E PAZ NA VELHICE     

 
ELIZABETH II - NOVENTA ANOS- PARABÉNS


       Dizem que é carma, algo ruim fora dos planos, principalmente para quem não tem plano algum. Se for coisa boa é sorte. O tempo passa, de repente vem a sensação que não se tem mais tempo para realizar muita coisa, até mesmo nada. Um equívoco pensar que alegria e realização são próprias dos moços e a tristeza pertence aos mais velhos. Cuidado, pode haver indolência em todas as idades. A vida deixa de ter graça, fica sem sentido, o que é típico de cada pessoa, atinge mais na velhice, sim. Mas tem gente que não sai do lugar, e pode não ter muito a ver com a idade, e sim com o temperamento, a educação, até mesmo questão de saúde. O normal é nunca se perder as ilusões que a vida traz junto com ela.
        O desejo bravo como um tigre, mas que fica manso, sem os dentes para morder. Essa força animal que pode vir como torrente avassaladora, ou como fonte benfazeja para os jovens, e que sobrevive no homem até o fim. Com esforço  e sabedoria é possível viver bem na juventude e envelhecer ainda melhor. Ficar em sossego na velhice, quando tudo de mais  trabalhoso já foi realizado, agora é só aproveitar a vida, relaxar. Os moços continuem a saga, façam o serviço pesado de construir algo que valha a pena. E eles sintam o doce gosto do prazer e não amarguem o fel da desilusão. Vivam com alegria e moderação. E que a tranquilidade e paz dos mais velhos possam servir de lição aos mais novos.
       Essa força animal que é o desejo pode rugir, sim. Mas a índole do ser racional é propensa a domar a fera. A palavra de fé, desde sempre empenhada na realização da essência humana. E não pensar em termos perdas e ganhos, pois não há cálculo que comporte o amor, a amizade, as alegrias e mesmo as dores. Certo que a vida supera as expectativas. Essencial que as pessoas de mais idade mantenham a saúde física e mental, dialoguem com os jovens e vice-versa. Atualmente há maior aproximação entre as gerações, o que é muito bom para que se viva em um mundo melhor. E que nunca se perca o desejo de fazer bem as coisas. Em especial, fazer o bem, em qualquer tempo e de várias formas.       





                           BELA, RECATADA E DO LAR

 


         Era uma vez uma menina feliz e responsável, acostumada a trabalhar desde muito jovem como modelo, e certamente não imaginava ser um dia considerada uma mulher “bela, recatada e do lar”. Três graças que cabem bem em Marcela Temer, não resta dúvida, o que foi dito pela revista Veja numa semana que vai ficar para sempre na memória de todos os que vivem esse tempo estranho no Brasil, para dizer o mínimo. Houve a aprovação na Câmara do impeachment da presidente Dilma Rousseff, outra mulher que, ao contrário, se tornou alvo de reprimendas, até insultos, quando se sabe de sua juventude comunista, quando pegou em armas, e o que é pior, não saiu bem no seu governo pseudodemocrático.

      Em contraponto às votações dos deputados, que chocaram o grotesco das cenas por eles perpetradas, houve os elogios à esposa do vice-presidente da República, Michel Temer, e ela vir a ser a primeira-dama do país. Apesar da diferença de idade. Mas o que a revista também fez foi ferir os brios das feministas, até mesmo de todas as mulheres brasileiras. Solteiras ou casadas, raras são aquelas que ainda usam o retrógrado título “do lar” em seus documentos, por não ter profissão, o que acontecia tempos atrás. Como todos sabem, esposa e mãe não é profissão. A responsabilidade que as mulheres sempre tiveram com a família, o núcleo familiar centrado na pessoa da esposa e mãe. Só há bem pouco tempo elas adquiriram o direito de atuar de maneira mais efetiva fora de casa, com todo o respeito que lhe é devido.

      Não só as mulheres careciam de mudança, também o mundo. Lógico que as coisas não são fáceis, ilusão pensar diferente, o tempo ficou carregado para aquelas que trabalham fora, e ainda cuidam do lar, com marido e filhos. Certo que as mulheres não são iguais ao homens. Mas é por conta do trabalho feminino que os lares hoje são menos pobres, conquanto o pessimismo atinja em cheio a sociedade. O mundo avançou, nem sempre de forma equilibrada,  as pessoas mais infelizes e vulneráveis. Não que se deva voltar atrás. Daí os protestos nas redes sociais contra o tratamento machista dado a uma mulher, no caso, Marcela Temer, que atua à sombra do marido por escolha própria, o que ela também tem todo o direito. Podia até estar na cozinha, mas  é secretária do marido, por que não?

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Hino Oficial de Brasília - Recital de Neusa França




 

                   PARABÉNS BRASÍLIA!












ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA

  
                                                Cecília Meirelles

 
 
 
Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre o sigilo e a espionagem,

acontece a Inconfidência.

E diz o Vigário ao Poeta:

“Escreva-me aquela letra

Do versinho de Vergílio...”

E dá-lhe papel e pena.

E diz o Poeta ao Vigário,

com dramática prudência:

“Tenha meus dedos cortados,

 antes que tal verso escrevam...”

LEBERDADE, AINDA QUE TARDE,

ouve-se ao redor da mesa.

E a bandeira já está viva,

e sobe na noite imensa.

E os seus tristes inventores

já são réus - pois se atreveram

a falar em Liberdade

(que ninguém sabe o que seja).

...

(...Liberdade - essa palavra

que o sonho humano alimenta:

que não há ninguém que explique,

 e ninguém que não entenda!)

 


 

quarta-feira, 20 de abril de 2016





                            
 
                        IMPEACHMENT 2016 

       

 

 

       O dia 17 de abril de 2016 vai passar para a história, não apenas pelo dia em que a Câmara votou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Também foi o dia dos brasileiros  conhecerem seus representantes na Câmara. O palhaço Tiririca, por exemplo, a gente já conhecia bem, e que disse ao ser eleito: "Pior que está não fica". E ficou pior com o PT, e o governo, ou desgoverno, de Lula e Dilma Rousseff. Seus asseclas agiram por doze anos como cobras criadas em todos os níveis da administração pública. O país tomado de assalto pelos arautos de um  comunismo tupiniquim, mas não menos perigoso, que pretendiam se eternizar no poder. E todo arrogância deve ser castigada, principalmente a ditatorial e revolucionária. Não só a dos petistas, mas a de todos os parlamentares que agem com donos do Brasil. Tínhamos condições de progredir, mas a ideologia  petista se  benemérita às custas dos bens da nação, e acabou deixando que assaltassem o país sem o mínimo de pudor. Agora é esperar a aprovação no Senado sobre o afastamento da presidente eleita, mas que enganou a todos.

          Sobre os deputados na votação do Plenário, disse Joaquim Barbosa: "É de chorar de vergonha!" Chocado Arnaldo Jabor declarou que viu "um show de mediocridade e oportunismo...as caras feias e deformadas pela estupidez...seres estranhos, desconhecidos pela população...” Sim, os 511 deputados presentes chocaram por suas feições, suas caras e bocas, seus narizes, suas atitudes inadequadas, e em especial suas falas. Um espanto, para dizer o mínimo. Falsas louvações, melhor dizer, blasfêmias contra Deus. Também  agradecimentos aos familiares, choros, ódios, insulto, até cusparada na cara. Uma pluralidade nada  benfazeja,  que representa muito mal a população em um dos Três Poderes da República, o Legislativo. As declarações desrespeitosas ou descontextualizadas dos parlamentares, que tinham três segundos para proferir seu voto “sim” ou o “não”, mas se estenderam até terem o microfone  desligado.

        Cito outra vez o deputado Tiririca que não alongou o discurso. Disse apenas: “Pelo meu país, voto sim”. E saiu todo risonho para ser abraçado pelos colegas, mais palhaços  que ele, pois deviam tomá-lo como exemplo, para não fazerem feio diante das câmeras. Depois o palhaço tirou sarro dos colegas, teria dito: "Para Florentina e minha cachorrinha Lulu, digo Sim!" Uma palhaçada, se não fosse a periculosidade existente em cada manifestação pró ou contra o impeachment. Jair Bolsonaro dedicou seu voto favorável ao impeachment a um torturador e vai ser processado. Logo a seguir Jean Willis votou contra o afastamento da presidente perorando sobre suas propostas, que inclui a mudança de sexo das crianças nas escolas, sendo insultado, quando então revidou direcionando uma cusparada para cara do desafeto, o mesmo Bolsonaro. Aberrações de toda ordem.

        Manifestantes em frente ao Congresso foram separados em Brasília por muro de amianto. Mas pareciam torcedores de uma Copa. No impeachment de Fernando Collor, em 1992, houve o movimento dos Caras Pintadas, jovens que cresceram mas não amadureceram, mais tarde, por ironia, alguns  aderiram ao PT, e acabaram elegendo Lula como presidente e depois a “cumpanheira” dele, Dilma Rousseff. O resultado é que o país está outra vez no triste dilema do impeachment. A performance dos parlamentares no Plenário da Câmara uma demonstração do quanto pioramos em educação e cultura. Representantes de péssima qualidade, não admira o país esteja numa situação tão calamitosa. Não foram poucos os insultos ao presidente da mesa, processado, e por isso chamado de ladrão  e até sacripanta, com todas as letras, antes de vir o discurso demagógico do parlamentar e por fim o voto.  Espalhados pelas dependências da Casa legislativa as  placas diziam: “Impeachment Já!” “Não vai ter golpe!” “Tchau Querida!” Mas o melhor slogan seria: “Fora Deputados!”.

      Depois de seis horas diante da TV estávamos tontos. E quem disse que o sono veio, meu marido passou o resto da noite a se coçar, e ele parecia curado da crise de alergia de tempos atrás. Foi bom porque descobriu tratar-se de uma alergia provocada pela ansiedade, o que muita gente sofreu naquela noite, soubemos depois. No dia seguinte os jornais estrangeiros esquerdistas, lógico, diziam que ocorria no Brasil uma conspiração para afastar a presidente, por ela ter deixado a polícia agir contra os corruptos. Mas o francês Le Fígaro fez matéria sobre Dilma como uma "ex-guerrilheira, autoritária, incapaz e ineficaz". Ocorre que  Estado Islâmico se volta agora contra nós, chamou o Brasil de "país de merda"  e ameaça nos atacar as Olimpíadas. Haja paciência! Com tudo isso descobri que morar em Brasília é um carma. Não estão aqui os escolhidos, mas os renegados. E ainda tem os amigos, que ficam cada vez mais raros, fofoqueiros e implicantes. Aturá-los, sim. Mas dizer não a esses políticos corruptos e incompetentes que querem mesmo é assaltar o país. Varredura Já! Na moral e na política .  

quarta-feira, 13 de abril de 2016







                                           DOIDA

 




       Antes mesmo do café da manhã ela senta diante do computador, doida para ver as postagens matinais dos amigos internautas, alguns madrugadores.  Assunto é que não falta, e passa a escrever para o blog que a neta lhe criou. Adélia Prado diz no poema Dona Doida: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei se não for santa?” Tem que se pensar na segunda hipótese. O dia começa mais quente que de costume, a temperatura quase insuportável. O calor aumenta em todo o planeta, uma tragédia anunciada, que vamos morrer sem água para beber, a prova está diante dos olhos, os rios secos, esturricados, uma coisa de doido. Custa suportar o clima, assim como as notícias. O companheiro ao lado ameniza o pessimismo: “Logo, logo, o tempo vai mudar, papai do céu vai mandar chuva, e os ares de Brasília vão melhorar, é bom parar com os alarmes!”
   
          Como o tempo passa! Notícia que  acaba de ser postada, dois velhinhos em visita a Europa, são Ankihito e Michiko, os soberanos japoneses. Ela lembra do casamento do herdeiro Naruhito com a plebeia Masako, a qual teve crises de depressão, e a duras penas o casal teve uma filha, Aiko, impedida de herdar do trono, por ser mulher. Sociedade machista, mesmo assim, é de sentir inveja a tranquilidade política e social daquela nação, alicerçada na tradição do trono, como na Inglaterra de Elizabeth II. Por aqui o impeachment da presidente Dilma Rousseff está em dias de definição na Câmara e no Senado.

      “Impeachment Já”, ou “Não Vai ter Golpe” são os slogans da oposição e do governo, respectivamente. Muitos políticos presos pela Lava Jato, operação policial que tem como chefe o corajoso juiz Sérgio Moro. Há esperança que a incompetência e a corrupção se afastem do poder, mas pouco provável, o país irremediavelmente esburacado como as estradas, onde as pessoas arriscam suas vidas.
 
 
 

       Mais santa que doida, é como ela queria finalizar seu dia na internet, depois de escrever este texto. Dez da manhã, tem as tarefas da casa para fazer, que as horas passam rápido. Retruca ao companheiro: “Verdade que estamos todos cada vez mais doidos. Temos que ficar mais santos.”

 

domingo, 10 de abril de 2016






     AMORIS LAETITIA

 
A data, 19 de março, dia de S. José, foi escolhida pelo Papa Francisco para lançar Amoris Laetitia (A alegria do Amor). Trata-se de Exortação apostólica,  pós-sinodal - os bispos reunidos para discutir sobre a família, o que ocorreu entre 2014 e 2015 em Roma, cujo resultado não vai ser uma revolução na igreja, mas a confirmação da sua doutrina. No texto papal estão exortações, ou diretrizes para igreja, providências a serem tomadas pelos sacerdotes, diante dos desafios do mundo contemporâneo.  Feliz em sua vocação, o papa não quer saber de exclusão por preconceito dentro da igreja que comanda. Questão central da fé católica é o amor, sabendo-se que o sexo é força propulsora da vida, e o que disso resulta. Há   distinção  entre amor e sexo. Como o amor, o sexo deve ser levados a sério, pelo poder que têm de elevar ou degradar a pessoa e a sociedade. E é no sentido de orientar, de educar os fiéis, que o papa escreveu os nove capítulos e mais de trezentos parágrafos da sua Exortação. Exorta a igreja e os fiéis a não quererem tudo mudar sem a devida reflexão.  Que os católicos tenham consciência do significado do amor, um dom da alma, o que não significa o prazer pelo prazer, que pode ferir a pessoa em particular, e periga deteriorar a sociedade. A família não é ideal abstrato, mas “tarefa artesanal”. A relação de amor não pode se transformar em domínio, que tolhe as aspirações pessoais. O matrimônio como um caminho dinâmico de crescimento e realizações. A vocação da família é a fecundidade do amor, que se revela na atenção aos menores, para não serem vítimas da pornografia e de abuso, no cuidado aos deficientes, no respeito aos idosos.  Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade. Evitar o juízo que não tenha em conta a complexidade das diversas situações, pois ”toda vida da família é um pastoreio misericordioso.” Leitura obrigatória  para os católicos.

          Já diziam as freiras do meu colégio Santa Tereza: “Um santo triste é um triste Santo”.     Surpreende, mas tem sentido, o papa a certa altura de sua Exortação citar o filme “A Festa de Babetti”. É a história de uma francesa que chega a um pequeno vilarejo na Dinamarca, para o emprego de doméstica. A família dinamarquesa recebe Babetti em sua casa,  constituída do pai, pastor protestante, com suas duas filhas. O ambiente austero, de abstinência, quase total, sufoca as ambições das mulheres, que deixam para trás a realização pessoal; uma delas com talento para a arte do canto, e a outra quase aceita casar com um oficial, o que também não acontece. Ambas vocacionadas para estar ao lado do pai e seguir um amor incondicional e uma fé repressora. A certa altura Babetti recebe a notícia de ter ganha na loteria de Paris uma considerável soma. Resolve retribuir a hospitalidade, promovendo um banquete com tudo que a culinária francesa tem de especial. O pastor, suas filhas e os demais membros da igreja vão experimentar momentos de prazer à mesa, o que revela o ser civilizado que é Babetti, na gratuidade do amor, seu amor e gratidão para com as pessoas do seu convívio. Lembra o Natal! A alegria que deve existir na fé, que é o altar do amor. Mas foi a mesma Paris de Babetti que os terroristas atacaram no dia 22 de março.  Fanáticos suicidas mataram mais de cem pessoas numa casa de shows parisiense de nome Bataclan. O preconceito mulçumano contra a liberdade, que sabemos tem suas alegria se seus perigos. Tudo tem um limite, tanto que a França acaba de decretar multa pesada contra quem pagar prostitutas. Se não há dinheiro, as mulheres vão procurar serviço melhor, trabalho digno. Certo?
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Recente publicação, O Amor 2.0, de Barbara I. Fredrickson, PHD. “A ciência a favor dos relacionamentos” – subtítulo do livro. Versa sobre o amor, mesmo assunto da Exortação do papa Francisco. A autora é psicóloga, e se ela ainda não conhece o chefe da igreja católica, todavia, goza da amizade do Dalai Lama, outro mestre espiritual, cujas palavras orientam muita gente para viver melhor, como mais amor, nesse mundo de tantos ódios em que se vive. A autora mantém o lado espiritual ao lado do prático. Para ela há um  potencial humano para o amor, que não é uma simples categoria de relacionamento, não se restringe ao desejo sexual, ou uma ligação qualquer, com expectativas que levam à insegurança, oprime pela por seus desajustes, pode envergonhar, sendo mais desejo do que realidade na vida das pessoas. O amor não é incondicional, abarca todas as emoções positivas, estados prazerosos - de alegria, prazer, gratidão, esperança e similares. Sob o poder do amor as perspectiva de realização pessoal se ampliam. Diferente de nossas crenças que são muito pessoais sobre o amor, e podem desvirtuam essa, que constitui “nossa emoção suprema”. Palavras da autora do livro apresentado aqui.  

   

terça-feira, 5 de abril de 2016





                  UMA SIMPLES HISTÓRIA DE AVÓ
 


      Cora Coralina, poeta do interior das Minas Gerais, exorta a coragem: “Importante é decidir”. Suas palavras podem ser completadas por Goethe: “Antes distinguir para poder decidir”. A professora e poeta de Goiás Velho e o destacado membro da República de Weimar nos lembram que temos de decidir sobre nossa vida e a agir com responsabilidade. Ou então ficar sujeito ao que der e vier. Temos de nos desenvolver, não apenas em habilidades para sermos criadores de coisas, mas crescermos em mente e espírito. Os desentendimentos e desilusões, que não nos tirem a paz interior! Admitir que, conviver bem consigo mesmo, só faz melhorar a vida com os demais.  

       Era uma vez uma avó, que morava na rua das Hortas, mas ela não tinha uma horta, e sim um lindo jardim, e também fazia doces para festas! A mais trabalhadora e sábia das avós, com quem Maria foi morar, aos sete anos, e para sua felicidade também seu bom e inteligente irmão mais velho, João. A vida deles bem diferente da lenda "João e Maria", abandonados na floresta, e que acabam por encontrar uma casa de doces, cuja dona era uma avó/bruxa.  Que horror essa história,  adaptação de Perraut. A avó, jogada no forno por seus netos, suplica: “Água meus netinhos.” E recebe como resposta: “Azeite minha vozinha.” Há muita coisa por trás dessa lenda, que diz respeito ao tempo em que havia mulheres queimadas como bruxas.

        Maria nunca sofreu grandes abalos na vida, feliz em sua infância e por ter gozado uma juventude sem grandes percalços, mesmo que de algumas decepções ninguém esteja livre. Maria intuía que a vida era do jeito que tinha de ser, que o bem sempre  vence o mal. A falta da mãe, que ela amava, e ama, mas pouca tinha por perto, era compensada por uma mãe em dobro. Não havia espaço para a maldade. As rejeições serviam para impulsionar a vida, basta saber o que fazer na hora certa no momento certo. 

      Maria pensa nas mudanças em sua vida. Casada, ela e o esposo podiam, por exemplo, ter se fixado em alguma cidade, onde moraram por algum tempo. Mas era como se fossem impelidos a seguir em frente, e lá se iam. Evoluir deve ser isso, não parar, às vezes, recuar para poder ir adiante. Maria lembra disso, quando olha para o passado com todo o respeito, inclusive para com as pessoas que cruzaram seu caminho. Nem fuga, nem covardia, muito menos guerrilha, que a vida não é uma aventura qualquer, requer atuação de forma arrazoada, prevalecendo a vontade de acertar e ser feliz.  Eis uma  história simples de vida!  

domingo, 3 de abril de 2016






                    
                 
                         FINALMENTE MADURA

 




               Os dias eram de comemoração da paz, prenúncio das maravilhas da ciência e da tecnologia. E o melhor de tudo, as liberdades individuais, que viriam a reboque do progresso. Com as mudanças, não que se pensasse em uma total liberdade, numa felicidade plena, que ninguém era imbecil para acreditar em tais balelas, o mundo dava provas de não ser fácil, mas valia a pena viver, ver e experimentar o que vinha pela frente. As garotas no comando de suas bicicletas vivenciavam o início desse mundo em transformação. Ainda que as festas de 15 anos e o baile de debutantes fossem um sonho de contos de fadas, logo a jovem entraria para a faculdade e seguiria carreira em alguma profissão. Estudar, trabalhar, casar. A última opção ainda em detrimento das demais, de acordo com o que tinha de ser na década de cinquenta e sessenta, quando não se pensava em controlar a natalidade, quase um crime hediondo.
               Dali para frente era lutar para que tudo desse certo em um novo tempo,  as mulheres na conquista do seu espaço fora de casa. Elas não eram iguais aos homens, mas tinham os mesmos direitos que eles de crescerem confiantes no futuro. Não queriam mais padecer no paraíso, tampouco no inferno, que seria um mundo despreparado para receber suas importantes colaboradoras. As pioneiras tendo de enfrentar certo preconceito, mas as mudanças iam em direção ao bem estar da pessoa em particular, e de uma bem constituída sociedade. Não podia, ou não devia, ser diferente. Um longo caminho a percorrer até que se possa dizer: finalmente madura.

                A sociedade madura, e, individualmente, chegar ao século XXI com segurança naquilo que se pensa e acredita. Menos complacente consigo mesma e com o mundo. Que haja tolerância, pois ninguém é dono da verdade, e se houver intolerância, que seja contra um falso progresso, que deve ser melhor avaliado. Usar a palavra sempre que achar necessário, pois não se deve fugir à responsabilidade. Conclama o padre aos assistentes das bodas que celebra: “Fale agora, ou cale-se para sempre.”  E sabemos que na relação homem e progresso, para que haja sucesso, não basta o desejo, a paixão, mas que se reflita melhor sobre o que se deseja realizar. Que a paz e o amor sejam preservados de todo mal. Amém!