domingo, 31 de dezembro de 2023


 


CORO DE "A ROCHA "

                                                                        T. S. ELIOT

O mundo gira e o mundo se transmuda,
Mas há uma coisa que jamais transfigura.
Em todos os meus anos algo existe que não muda.
Todavia a ocultais, esta coisa que perdura:
A eterna luta do Bem Contra o Mal.
Distraídos, descuidados vossas igrejas e sacrários;
Sois aqueles que nos tempos de agora escarneceis
Do que de bom tem sido feito, encontrais explicações
Que vos saciem a mente racional e iluminada.
Depois, descuidais e menosprezais o deserto.
O deserto dos trópicos astrais não está deserto tão remoto,
O deserto não se oferta apenas ao dobrarmos a esquina,
O deserto se comprime ao vosso lado no metrô,
O deserto medra no coração de vosso irmão.
O bom é aquele que edifica, se é bom o que edifica.
Mostrar-vos-ei as coisas que se fazem agora,
E algumas que de há muito se fizeram,
A fim de que possais cobrar coragem. Aperfeiçoai vossa
           Vontade.
Deixai que vos revele a obra dos humildes. Escutai.
 

 Excerto do poema Coros de  “A Rocha”


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

 

FELIZ ANO NOVO!

                                           


                                     OS OUTROS E NÓS




S. LUÍS - MA



              Para Isaac Newton o mundo natural é uma gigantesca máquina, o que tornaria os seres vivos peças de uma engrenagem, e os humanos apenas micromáquinas. Todavia, nenhuma mecânica corresponde aos anseios do homem, sua racionalidade, sua alma imortal. Humildemente humanos em exercício das virtudes, que inclui a moderação no trato com a provedora natureza. Colaborador e não predador.

            E cá estamos nós a tratar com descaso um legado precioso, de bens materiais e espirituais. A soberba humana que faz do planeta que habita um quintal do universo, degradado e infestado de ratos, onde uma humanidade caminha insegura da sua própria condição. Minha avó falava que viver era enfrentar resistências, e apontava a simpatia para unir as pessoas. Eticamente sentir os outros seres humanos. Nós e os outros em sincronia

           Temos medo da maldade do mundo, que é um reflexo da nossa própria maldade. Quando é o bem que eleva a alma e sustenta o mundo. Mas há uma imensa resistência ao bem. E Maria questiona: Com que fragmentos de bens esse nosso mundo se sustentará, quando parece caminhar para a ruína? Máquinas não hão de faltar, mas nenhuma delas nos salvará.

             Na engrenagem do nosso ser não falte o essencial, — o bem —,  legado maior. Deus é o Bem.

 


terça-feira, 19 de dezembro de 2023

 

CERTO!



The Three Tenors - Silent Night


PARA MATAR A SAUDADE!

 




                                  DO TRABALHO E DO ÓCIO


PINTURA DE VERMEER


              

Determinar o que é útil e o que é inútil, e até mesmo julgar quem é útil, ou inútil, trata-se de um grande erro, já que as pessoas são diferentes. E diverso o que cada um faz com sua vida. Diderot  mostra em uma de suas pranchas mostra uma criada na vigorosa tarefa de pentear sua patroa. Focado na ética do trabalho, o filósofo francês quer dizer que uma mulher ativa é alguém que tem propósito na vida, enquanto a outra figura feminina seria uma pessoa inativa e inútil. Crítica à vida entediante e de ócio da classe alta, enquanto a classe mais baixa é favorecida com trabalho.  A situação apresentada merece maior atenção. No Evangelho as figuras de Marta e Maria representam a ação e contemplação, modos diferentes daquelas mulheres viverem suas vidas, enquanto uma assa o pão, alimento do corpo, a outra dá atenção ao Mestre Jesus que as visita. Claro o ateísmo do enciclopedista, que procura  simplesmente enaltecer o vigor físico e  a matéria.  

No século anterior, Vermeer pinta o quadro A Senhora e Sua Criada, no qual se evidencia a empatia do artista quanto às mulheres, Sem discriminá-las retrata com esmero uma senhora sentada diante da sua mesa de trabalho com a pena  na mão, momento em que interrompe sua escrita para atender a outra mulher, vestida de forma simples, com um documento nas mãos para lhe ser entregue. Arte barroca que trata da formação católica. Também está claro na obra do pintor de Delft a ética protestante, ele de si era protestante de nascimento e convertido ao catolicismo após o casamento. Mas qual seria o assunto da missiva? Pode ser um contrato de trabalho da criada, para ser assinado pela patroa, sem descartar que a criada possa ter na mão um pedido formal de demissão, um avanço para a época.  A modernidade da justiça  social, conquanto haja a antiga justiça divina, cujo principal objetivo é a realização plena da humanidade.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

TEMPO DE ANTIGAMENTE! DÉCADA DE 50!

GAROTAS BEM VESTIDAS E COMPORTADAS!

IR AO CINEMA ERA A MELHOR DIVERSÃO!

OLHA EU AÍ NO RIO COM PRIMA RITA E SUA AMIGA CELESTE! KKKK...



Тюльпан на ландыш не похож.

 



                                                  





                                    RESISTIR





ALCÂNTARA - MA





 

“Não tente atingir o alvo!” É a recomendação Zen ao aprendiz de arqueiro, que no afã em acertar fica ansioso e vacila na mira. O iniciante costuma usar força desnecessária, que deve ser mínima. A atitude agressiva sobre o que se deseja é um obstáculo ao que se quer alcançar. E a lição básica dada ao arqueiro aprendiz é trabalhar com resistência no arco. Resistência que se contrapõe à vontade obsessiva. Conselho que serve para qualquer iniciativa. Maria pensa na avó católica, mestra em respeito humano, nunca achava alguém ignorante, ou burro, mas tinha as que para ela padeciam de desconhecimento. A neta  lembra antigos ensinamentos.

Nunca apressar as coisas quando se quer mudanças. Ver o outro lado, observar o entorno, ter uma ambiguidade assertiva. E tem o caso das mudanças no urbanismo das capitais, quando se optou pelo mais fácil, ou seja, por tudo abaixo. O melhor a fazer era demolir tudo para começar do zero. As casas forçadas a desabar por abandono. Construções ainda boas para levar adiante o estilo de vida dos assentados, até mesmo ideal de vida. Foram criadas alternativas, nem sempre as melhores. Os prédios erguidos, também eles, logo ficaram obsoletos. Grandes desastres urbanos aconteceram. O maior erro é não ter compromisso com nada.

O mestre zen ensina a ter uma atitude amigável, acolhedora, e não cruel e destruidora. Reduzir tudo à estaca zero é uma obsessão, que faz parte do atual estágio da vida humana, adiantada em conhecimento, mas em perda da fé, inclusive, em si mesma. E o que mais pesa no obsessivo é a vontade, que ignoram a realidade dos fatos. Nada parece satisfazer o ego  da pessoa que não avalia bem as coisas, e acaba por adquirir um sentimento de inferioridade. Não é difícil sentir-se inferior, ou fora do contexto neste nosso mundo, em um estágio obsessivo pela perfeição. Ou tentado pela imperfeição em oposição à perfeição. Perfeição e imperfeição fora da realidade. Lutar pela real humanidade

Resistir  de sermos inimigos de nós mesmo.


sábado, 9 de dezembro de 2023

 






 


 MODIFICADO


                                                 AINDA HÁ ESPERANÇA





 

 

             A família não era rica financeiramente, mas promovia uma vida enriquecedora para os filhos e demais pessoas do seu convívio. Não faltavam acontecimentos  significativos, informações  necessárias,  e o que havia de melhor eram  seres humano. Notável a humildade na riqueza e dignidade na pobreza.  Tempo da guerra e se ouvia o rádio com as notícias do front até que se findasse a contenda, com a vitória dos aliados. Aos domingos iam todos à missa obrigatória, onde o sermão do padre alertava para os males  existentes no mundo e em cada um. Além das palestras do bispo Dom José Delgado  durante o retiro espiritual das alunas das freiras do Santa Teresa. As crianças acreditavam em Papai Noel e que os bebês eram trazidos pela cegonha, o que alimentava a inocência infantil, até que tivessem maturidade para entender melhor o que acontece

           Havia instruções para a pessoa fazer a coisa certa, além do medo, que bloqueava o sentimento encorajador das transgressões. Era um tempo em que as coisas ainda não sugavam as pessoas, o caso do telefone celular que hoje parece fazer parte do próprio ser, ou não ser, eis a questão. Vivia-se o pós-guerra não muito difícil no Brasil, enquanto na França, a vida transcorria na penúria, o que narra Anne Ernaux, Nobel de Literatura de 2022, no seu livro  Os Anos”. Em plena Paris, e os restos dos penicos da noite serviam para adubar o jardim, e mais, que o jornal depois de lido, era usado para embrulhar os legumes e também para a pessoa se limpar no  banheiro, nada era para jogar fora. Penúria ou falta de higiene, o que a avó de Maria, filha de português  diria não ser só por conta da guerra, mas ignorância.  Assunto escabroso, e tantos outros de igual teor abordado pela laureada em seus escritos. A propósito, Clarice Lispector bem que podria ter recebido  o importante prêmio. Também Lygia Fagundes Telles merecia o Nobel de Literatura.         

           Não havia essa penúria no nosso país, não havia fome, quando a maior parte da população vivia no interior, plantando e colhendo. E nas capitais ninguém na época se arvorasse a querer a mais da conta. Hoje tem os que se acham com direito a tudo, pensam em adquirir  o que surge no mercado. Querem possuir o que vêm nas vitrines dos shoppings, quando devem simplesmente usufruir aqueles espaços de convívio, onde se educa o gosto, ou, em certos casos, se deseduca.  Impossível acompanhar a tendência da moda, coisa mais louca, se a pessoa não tem dinheiro para esbanjar.  A internet, antes tida como maléfica, por onde se difunde toda sorte de coisa, torna-se  útil, no cômputo geral, trouxe benefícios aos usuários. Nem tudo é ruim na modernidade, pensa Maria, e temos muita coisa para agradecer aos novos tempos.

           Enquanto tínhamos esperança, e não se perdeu a fé em Deus, ninguém pensou em libertar corpo e alma para o prazer desmedido, sem o menor sentido. Nem se engajar em qualquer movimento, seja de esquerda ou de direita. E apareceu a extrema direita para combater os extremistas da esquerda.  Os jovens de antes tinham mais senso da realidade, não eram ativistas, muito menos terroristas. Viviam suas vidas sem deslumbramentos, mas alumbrados pela esperança que tinham na vida. Hoje os jovens se deslumbram na Disneylândia, acreditando com os pais que uma visita a Minnie pode resolver qualquer problemas. Ou então ser feliz por poder ir a Las Vegas, o que muita gente não pode. O que constitui a sensibilidade de uma geração, que vive preocupada com a violência que possa sofrer.

           Fim de ano, tempo de assistir o filme A Felicidade Não Se Compra da década de 50.  O belo enredo trata de um pai que fugiu de casa em desespero diante da falência do Banco, passa por situações difíceis, até que recebe ajuda do seu Anjo da Guarda. Ao final, o dinheiro chega a rodo como doação àquele pai, antes desesperançado, que vai poder equilibrar-se financeiramente, e viver feliz para sempre com a mulher mais linda e dedicada do mundo e seus encantadores filhos, uma família americana, lógico.  Digam o que quiserem, mas é para isso que os americanos vencem tudo, inclusive guerras.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Gracias Choir - We Wish You a Merry Christmas

 


FICÇÃO

 

                                         

                                                            DEZEMBRO




 

 

            Elas estão reunidas para a especial confraternização de Natal.  Já foram atendidas no Café Coado, com a cordialidade de sempre. Além do prazer de degustarem um dos melhores cafés da cidade, é uma oportunidade de trocarem ideias. Maria dá inicio à conversa:

            — O ano 2000 estava tão distante de nós, nascidas no século XX. Jovens na década de 50. E saber hoje que já chegamos quase a meado do século XXI.

            Aline toma a palavra:

            — De repente o tempo de antes ficou longe, e não resta dúvida que o nosso tempo de vida está sendo longo. E lá se vai o ano de 2023, com suas alegrias, sonhos, preocupações. Nos próximos doze meses vamos viver outros  episódios de nossas vidas. E do que passou  só resta o pouco que fica computado na memória. Além do corpo e da mente, temos uma alma, criada à imagem e semelhança de Deus, pura Luz. A ciência sem ter condição de explicar o inexplicável, e penso na ignorância crassa dos que querem torná-la dona da verdade, e negar que haja algo mais além da matéria.

              Dalva continua a conversa:

               — Sinto que sou mais feliz hoje.  Neste ano de 2023, que chega ao fim, recordo também a minha juventude que parecia não ter fim, a gente vivendo o presente, ciente que “o futuro a Deus pertence”.  Havia algumas preocupações por ser mulher, por exemplo, fato definitivo,  e esperar por um marido, bom ou ruim, uma vez que estava a cargo da mulher concertar os homens dos seus defeitos. Mas já havia sinais para fugir dessa roubada, estudar para ter um bem emprego, e ser independente. E ninguém se sentia fora do padrão por ser gorda ou magra, ter a cor da pele diferente da branca, e por aí vai.

             Maria se manifesta:

              — Com o olhar de agora distingo algumas coisas melhor que antes, e me questiono como a gente vivia tão confiante em um mundo por demais conflituoso, haja vista as guerras. A ficção a embalar os meus sonhos, enquanto  lia Luiza May Allcott, e tinha uma fé que regalava meu coração de jovem esperançosa. Nem dávamos conta da letargia em que se vivia.  Os jovens acompanhando tudo de longe, a política pouco nos seduzia. Paulo Ramos, que havia comandado o estado anteriormente, era tratado com escárnio pelos mais velhos. A tranquilidade abalada por essa ou aquela confusão política, e teve a visita de Ademar de Barros à capital maranhense, quando então a ilha se rebelou contra a posse do vice,  após a morte do governador eleito pelo voto, as urnas pouco confiáveis à época.  

            Com efusivos votos de Boas Festas as amigas se despedem


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

 




              DAS ARTES E OFÍCIOS


VERMEER - RUA DE DELFT


 

 

Às vezes a gente se questiona sobre o longo e difícil caminho percorrido, quando havia a opção de seguir pelo mais curto e fácil, que se abria à frente.  Deus não quer punir, mas dá penitência a ser cumprida. Sem esquecer que aqui, neste mundo, somos artífices da nossa vida, labor difícil, que requer se esteja preparado para a função. O grande Artífice, o Mestre,   fornece as ferramentas necessárias para cumprirmos o ofício, ou a arte de viver com louvor. Em princípio, reconhecer a importância de estar vivo. No fim das contas sermos gratos pelas alegrias e frustrações, pelas presenças e ausências. Sem deixarmos de perdoar a nós mesmos e aos outros pelas falhas. Quantas vezes perdemos a oportunidade de fazer aquela boa ação, ou o tanto que deixamos de recorrer ao nosso melhor. Certo que a vida requer resistência ao mal e reciprocidade quanto ao bem.

 Maria observa os operários na reforma de seu apartamento, um trabalho para ser valorizado. Mentes animadas por hábeis mãos, do pintor ao ladrilheiro, especialmente treinados, que se tornaram capazes de fazer o que fazem. Especialistas em suas funções, aonde chegaram por conta das circunstâncias, que os colocaram nessa posição transformadora. Tornaram-se hábeis artífices, com que ganham o próprio sustento e da família. A coisa mais digna a se fazer, trabalhar.  E tem o pintor de quadros, um grande artífice, Jean de Vermeer que no seu quadro Rua de Delft, mostra duas mulheres em seu labor diário à época. O escritor com seus instrumentos de trabalho, desde o lapis e papel, depois a máquina de escrever, e agora no computador. Louvável todas as profissões, ou ofícios.  Sendo o mais importante ofício o de viver, que requerer a maior habilidade..  

Até que tenhamos domínio da nossa vida, temos que praticar o ofício de viver, no que entra o talento pessoal, que nasce com a pessoa, e a formação, numa interseção das duas. É fundamental a iniciativa de cada um, e haja liberdade para agir, com responsabilidade. Nos dias atuais, de disparidade social em grande escala, o apelo é pelos opostos: direita ou esquerda; passividade ou engajamento. E pouco se atenta para o equilíbrio, tendo em vista realizar um trabalho isento dos males que provocam os extremos, até mesmo a perda da identidade, a fuga de si mesmo. O altruísmo  não estaria programado no genes humano, como está o egoísmo. E como seres em formação, é essencial que  as iniciativas sucedam também para nossa formação emocional.  


quarta-feira, 29 de novembro de 2023

 

                                                         DE CORPO E ALMA




                  Incauta a pregação profana de  que ninguém mais ia precisar dos valores inerentes à família e à religião, que teriam servido apenas para as pessoas gozarem de uma aparente respeitabilidade. Luzes que os profanos querem apagar, e  pouco é o que se enxerga da verdade devido as sombras que pairam  sobre a superfície dos dias atuais. Assunto para não ignorar, mas falar.  Falar do respeito aos direitos humanos, e possa o homem, de corpo e alma, caminhar em direção ao futuro, na verdade e na concórdia. Há urgência em mapear os malefícios que tramam contra a vida, evitar que vinguem. Saber mais sobre a fé e a caridade cristãs.

              Certo, certíssimo, que a Igreja católica continuará a assombrar a soberba e luxúria do mundo. Enraizada na memória de Maria uma doce lembrança dos primeiros tempos de casada em uma casa com vista para a torre da igreja localizada no centro da cidadezinha, onde assistia com o marido à missa dominical. E tem a história de uma amiga da avó de Maria, que contou ter sofrido perseguição ao chegar à pequena cidade maranhense para dar aula, os pais dos aluno a desdanharem da autoridade da professora, até que ela descobriu o que faltava àquela gente. Daí arrecadou dinheiro para constuir um templo e trazer o padre para conscientizar a população da autoridade suprema. A aura de esperança e felicidade que emanam da escola e da igreja. 

                  Posicionada a favor da vida, como sempre, a Igraja católica nunca vai liberar os ventres femininos, assim como jamais aceitará outras afrontosas liberações. O catolicismo nem um pouco desgastado em seus dois milênios de existência, e que permanece firme e forte, com seus rituais, suas missas, preces, procissões e mais.  A mulher desde sempre valorizada pela fé católica. Antes, bastava que a mulher tivesse uma certidão de nascimento, até que, mais tarde,  lhe foi dado o direito de possuir sua carteira de identidade, com acesso ao voto, também ao trabalho remunerado. As antigas reivindicações femininas satisfeitas, felizmente, enquanto as expectativas no presente momento estão direcionadas para o corpo, em busca da beleza e da juventude, numa fé enganosa e profana. Enquanto a autêntica fé religiosa, visa a assunção da alma, que paira acima de qualquer ambição material.


segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Do Re Mi - trecho inesquecível do filme 'A noviça rebelde' - Legendado

 



POESIA

 


PAZ E GUERRA

 

                                      Marília M. Veras


Em tempo de guerra

Há camuflagens e escudos

No meio da multidão

Que se desdobra para sobreviver.

Há vida na escuridão.

São inocentes sendo usados

Sem escolha nem garantia que vão viver

Em tempo de paz,

Há calmaria e ilusões

Caminhos de trégua para opções

Horizontes que se ampliam na multidão

São tantos guardiões

São inocentes em comunhão

Em empo de guerra

A arma destrói sem culpa

São golpes de estilhaços

Alvos pela falta

Será por penitência?

Por que são filhos pródigos?

Sem perdão merecem a morte?

Em tempo de paz

Urge um menino

Chama-se esperança

Nos escombros do prédio alvejado

Um choro de criança

A mãe acolhe com ternura

A luz cala a sombra

O sentimento de compaixão é possível

É mais uma chance de nascer

E o amor dos irmãos floresce

E a Paz do mundo Ser.


Feliz Natal!

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

  


DEDÊ DIAS E SUAS FILHAS
                          
                   Amei a vida de verdade quando não me vitimizei, e em qualquer circunstância senti que estava no lugar certo, no momento certo, na companhia das pessoas certas. Hoje eu sei desse meu sucesso.  

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

 


                                  ESTILO E HISTÓRIA III

 

PRAÇA JOÃO LISBOA S. LUÍS -MA




 

              Elas estão reunidas no café Palheta para o último encontro do mês de novembro. O assunto em pauta escolhido por Cibele é o café, degustado como sempre, em um estabelecimento sofisticado, como manda o figurino. A sofisticação necessária para a degustação da bebida, que tem estilo e história. Enquanto bebem o café, que é a especialidade da casa, dão inicio ao tema a ser abordado. Maria lê sua pesquisa no celular:

            — O mundo árabe é o verdadeiro inventor do café, consumido em público pela primeira vez com bebida em 1475, numa cafeteria em Constantinopla (Istambul), na Turquia. No século XVII entrou na Europa e fez grande sucesso em Veneza, o que aconteceu não muito antes de ter o café chegado às duas cidades, consideradas pilares do consumo da bebida, Paris (1675) e Viena (1683). O mundo globalizado, e o café preparado em grande estilo na residência dos comerciantes que negociavam com o Oriente. Aqui passo a palavra para Clara.

               Clara leu sobre o assunto em várias fontes, e fala de improviso:

          — Li que em 1671 o café estava sendo vendido como uma panaceia universal, chamado de “licor turco” servindo, inclusive, como Viagra. Era a bebida da moda, como o champanhe, e ainda mais cara que o espumante, novidade ambos. A exótica bebida, tornada uma paixão também no Novo Mundo que passou o consumir o café em público pela primeira vez no ano de 1689  em Boston. Já o primeiro café de Nova York foi inaugurado em 1696, bebida preferida dos nova-iorquinos no café da manhã, em substituição ao consumo da cerveja, ambos comercializados junto nas primeiras cafeterias europeias. E você Rosinha o que nos diz?

          Com sua história na ponta da língua Rosinha revela:

   -- Só a partir do século XIX aconteceu o hábito de beber café                                                                                                        ampliando-se o número de cafeterias por toda a Europa, mas em círculos fechados. No século XX o consumo do café popularizou-se. No Brasil, último país a abolir a escravidão, com a produção do café realizada por escravos nas fazendas, os primeiros grãos foram trazidos ao Pará pelo militar Francisco de Melo Palheta, em 1727, dando-se o cultivo na cidade de Belém.

           Clara continua:

         — A bebida preferida dos brasileiros consumida pela primeira vez numa cafeteria em Santos em 1820, principal porto de exportação de café produzido no Brasil. Esse primeiro local de consumo do café em público autodenominado Casa do Cafezinho. Em 2020 1/3 do café consumido no mundo era brasileiro.

          Maria retorna ao celular:

          — E em 1901 deu-se a invenção do café expresso na máquina criada pelo italiano Luigi Bezera. Curioso que a primeira cafeteria no Japão  tenha sido fundada em 1911 com o nome de Café Paulista. 

         Aquele era um tema que não se esgotava ali, mas o tempo passou rápido e elas já satisfeitas, não só pelo especial café servido naquele Café, também pelo histórico da bebida, que acabam de compartilhar. Despedem-se e lá se vão satisfeitas da vida.

 


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 




                                        DO PROTOCOLO  SOCIAL





       Em 18 de maio de 1993 o Air Force One ficou pousado no aeroporto em Los Angeles, mantendo duas das quatro pistas fechadas, enquanto o genial cabeleireiro Cristophe, de Beverly Hills, cortava as madeixas do presidente dos Estrados Unidos. Ter acesso à genialidade deste, ou daquele cabeleireiro que era disputada com afinco à época, até mesmo hoje em dia. E sabe-se que os primeiros barbeiros eram homens da medicina, ancestrais dos modernos cirurgiões, com suas especialidades, e tinha os “barbeiros especialistas em perucas”.

Em todos os tempos, o animal racional, chamado homem, é visto com suas idiossincrasias, seus excessos, reflexo das ambições de poder, sejam quais forem, até do  outro mundo. Sempre assim, cada pessoa a querer se superar, ou superar umas às outras. Até o século XVII havia os ricos, donos de tudo, enquanto aos pobres restavam as migalhas, tempo do feudalismo, as pessoas vivendo no campo. Com o advento das cidades, ou dos burgos, surge a burguesia; a alta e média burguesia.

Os ricos sempre existiram, assim como os pobres sempre marcaram presença no mundo. E tem a classe média, medianeira, até mesmo medíocre frente aos “gênios”, seja das finanças, ou o quer for. Uma novidade que faz parte do protocolo da sociedade moderna e democrática. Mas tem gente que segue pela ideologia de Marilena Chauí quando ela diz odiar a classe média. Como assim, se essa pessoa veio dessa classe, onde permanece, queira ou não queira? Pobre ela não é, nem pode se considerar rica. Aceita que dói menos. 

Em sociedades democráticas é certa a ascensão social dos pobres à classe média, através do estudo e trabalho. Enriquecer não é preciso, e sim ter um trabalho, uma profissão, para o qual se capacitou, e possa ganhar o suficiente para adquirir o conforto pessoal e de sua família. O quanto importa buscar um bom lugar na classe média, que tem escalas. E nunca se deixar abater. Reparem que só os invejoso, os preguiçosos, desprezam a classe média. O mais é aferir o homem o peso das coisas, por tudo na balança, que tem como fiel a boa consciência.  Cuidar cada um da sua alma imortal, criada a imagem e semelhança de Deus, o Criador.

 

 

 


terça-feira, 14 de novembro de 2023

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 



                                                 ESTILO E HISTÓRIA II



                Falar em estilo e sofisticação muita coisa entra ainda em pauta, além do poder aquisitivo tem a educação e a cultura de cada pessoa, que consome um número infindável de produtos colocados no mercado.  Tem gente por trás disso tudo, ganhando rios de dinheiro. Há os que consomem e os que  criam e e produzem, quem na realidade dita as regras do jogo para os vaidosos e preocupados em aparecer. Festas e mais festas que acontecem, assunto que remete ao século XVII, ao rei da França Luís XIV, quando começou a era do luxo e da ostentação. Um jovem belo e carismático rei alçado à condição de lenda pela imagem fabricada junto com a do seu país.  A lendária imagem vendida para o exterior, na realidade um mercador da vaidade, que se lançava no mercado, ao lado dos produtos por ele consumidos.

            Nada acontece por acaso, ou da noite para o dia, a França estava preparada para dar esse passo, ao lado de pessoas altamente capacitadas para  a missão de criadores da moda, os artesãos de toda sorte de produtos que se tornaram famosos, quase como o próprio soberano. O suprassumo da vaidade imperava na ocasião. Foi quando aconteceu a invenção do champanhe por um monge beneditino, Dom Pierre Pérignon, responsável pela adega da abadia de Hautvillers, que nunca  imaginou ser celebridade. Mas foi o que aconteceu, quando o  estourar de um champanhe passou a ser a melhor forma de demostrar o quanto uma ocasião é especial. Para os que podem pagar pelo caro produto, lógico. Mas assim como tem os súditos do rei no passado, atualmente há os súditos dessa ou daquela figura famosa.

           O champanhe  ainda hoje é um produto caro pelo especial insumo, modo de fabricação e ser uma bebida que requer garrafas de vidro mais resistente que o utilizado no vinho comum, para se manter hermeticamente fechado e preservar as borbulhas. O famoso estouro do champanhe, como um caro regalo. Um casamento regado a champanhe é o máximo, e tem gente que chega a abolir a popular cerveja na sua festa, por ostentação, ou até mesmo para preservar o ambiente dos excessos da bebida popular. O champanhe que é simplesmente um vinho espumante, e, como já foi dito, remonta ao tempo de Luís XIV, quando a França praticamente inaugurava um novo modo de viver, sob a égide da elegância, uma bebida que cintilava à luz dos espelhos do palácio de Versailles. Luxo, tipicamente francês, oportunamente adotado no mundo todo.

            O Champanhe surgiu na hora exata para beneficiar um daqueles momentos transformadores de hábitos e garantir  a maré de mudanças e seu sucesso. Antes conhecido como “vinho de Pérignon”, até que outro abade  beneditino  partilhou o segredo do vinho espumante da abadia de Hautvillers com sua família de vinicultores que , em 1729, fundou a primeira empresa  conhecida como maison, devotada à exclusiva produção de champanhe (Maison Ruinart, que ainda hoje produz champanhe). Quanta história por trás do champanhe, que passou a ser grafado com letra minúscula! E no momento em que começou a ser consumido era adquirir um status, como se não fosse um vinho, mas o segredo de um estilo de vida. Novidade que foi satirizada nos palcos franceses da época. Jean-François Regnard na virada do século, em 1700,  coloca a champanhe no centro de cada uma das suas comédias na qual retrata a esbanjadora  juventude dourada de Paris, que gastava  dinheiro ostensivamente, consumindo o ”vinho que espuma”. E o que dizer do Brasil, em pleno século XXI, que dá ao espumante produzido no Brasil o  apelido de champa? Mesmo assim para o bolso de poucos. Sugerir ao povo que consuma o tal champa no lugar da popular cerveja é proceder como Maria Antonieta ao mandar o povo — a quem faltava pão —, que comam brioches.



 


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

 

                          DEDÊ DIAS



UM ANO DE SAUDADE DE  MINHA MÃEZINHA

terça-feira, 7 de novembro de 2023

 




                                             ESTILO E HISTÓRIA

 

SUPERQUADRA DE BRASÍLIA


                Reformar a casa demanda coragem, o que a pessoa adquire ao se dar conta de que não deve fugir dessa dura realidade. Corajosa Maria, que fez uma mudança radical na cozinha e área de serviço do seu imóvel, construção da década de 70, recebido quando da mudança para Brasília. Dos antigos moradores da superquadra 314 são poucos os que não se mudaram, por motivos diversos, inclusive, por sentirem falta de certas benfeitorias, que não podem ser feitas no prédio antigo. Modernidades que alcançam as construções erguidas nos últimos terrenos vagos do Plano Piloto. De todo modo é para Maria um privilégio morar sob tão lindo céu. 

               Há o senso de história, o senso de estilo, em suma, o bom senso. E o que não falta a Brasília é estilo e história. Quanto ao bom senso, nem sempre recebeu a devida consideração dos governantes. O primeiro presidente a governar o país do Palácio do Planalto foi Juscelino Kubitschek, quem fez a mudança da capital federal do Rio para Brasília. O traçado da nova capital a cargo do mundialmente famoso arquiteto Oscar Niemayer, que teria buscado inspiração no antigo Egito, na cidade construída pelo faraó Akenaton para homenagear Aton, e servir como nova capital do Império. 

               E se Juscelino tem traços fisionômicos parecidos com os do faraó Akenaton, também pode ser comparado com Luís XIV, o Rei Sol da França.  O nosso presidente sol, com seu riso largo, seu semblante luminoso,  vindo do interior se Minas Gerais para governar o país, o que se daria numa nova capital federal. Mas voltemos a Maria, feliz moradora de Brasília, onde criou os filhos nascidos em outros estados do Brasil. No presente momento a sentir-se realizada com a conclusão da reforma no apartamento da Superquadra 314 Sul, a cargo da sua neta, a arquiteta Aila Mendes Veras.