segunda-feira, 3 de junho de 2019





 REGALIA POÉTICA








Quem é essa mulher

que eu sou,

ou me tornei?

Das muitas mulheres de nome Maria,

eu sou todas elas,

muito embora nenhuma seja como eu.

Faço comida, escrevo contos, às vezes versejo,

mas o melhor é viver e ser mãe,

todos os dias da semana,

no domingo não é diferente.

Mas no domingo, feriados

e dias santos 

cozinho para a família inteira reunida.

E penso no estômago de tantos

que  não têm o que comer.

Fico brava com certas coisas,

e reclamo,

minha voz é forte,

possa a alguém dar ânimo.

Meu canto não é só de festa. 

Quando escrevo me sinto estranha,

claridades das entranhas do meu ser.

Minha vontade tem nobreza

que vem de longe, de minhas raízes.

Não demora eu virar cinza para ser jogada no mar,

mas sou cristã,

quero uma lápide com meu nome.

Com paciência levo adiante minha vida

e minha sina.

Doce e triste sina humana,

de incompletude.

Sem amargura, envelheço.

Velhice que não verga é a minha.       

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