terça-feira, 28 de junho de 2022

 


                                       MOCIDADE E VELHICE

 

PAUL NEWMAN E JOAN SUA ESPOSA

 

Nascer e já começa esse nosso lentíssimo processo de envelhecimento. E sem  darmos conta disso chegamos aos oitenta anos, deixando lá atrás os verdes anos. Observo filhos e netos, e sou por eles observada, na tentativa de decifrar-nos mutuamente. Pior é sermos ignorados. E o quanto é familiar aos mais velhos o que acontece hoje aos jovens, a vida experimentada com ardor. Fazem os moços agora o que sempre se fez.

Fácil julgar, sendo assim, não nos deixemos ficar velhos em ruínas, mas sejamos gloriosos monumentos, preservados pelo tempo. Que nos vejam de cabeça erguida, mesmo que imaginem que aos idosos só resta a decrepitude. Que os moços possam admirar nosso passado, e nos convidem a compartilhar com eles o presente, por estarmos ainda em bom estado, principalmente mental. Nos anos cinquenta de minha juventude não me recordo de ter convivido com velhos decrépitos, ao contrário, os via aos setenta anos, ou mais, em plena atividade, dando o melhor de si em apoio aos mais novos. Agradeço a Deus.

Ver uma juventude enaltecida em detrimento aos mais velhos não é nada agradável, aconteceu há pouco tempo, o desprezo a quem atingisse certa idade. A coisa ficou feia. Melhorou. Perdem os mais moços oportunidade de ver as coisas boas vindas do passado, quando não se vivia anestesiado por tantas promessas vãs de felicidade, como acontece com a atual juventude.  O tédio dos dias não nos alcançava, nem a desesperança, sempre tínhamos planos,  e uma missão a cumprir. Havia o reconhecimento do ideal humano a ser atingido. A vontade de realização indo a todo vapor. Encantava-nos viver, e ver as coisas como eram de verdade.

Se o mundo mudou, e com estupenda rapidez, ainda guarda vestígios do  que amamos no passado, onde os octogenários, como eu,  empenhamos nossas energias, nossas esperanças — e como éramos esperançosos. Triste observar  viver o aqui e agora dessa geração de moços e velhos. Os mais moços hoje menos aptos para a vida que têm pela frente, enquanto os mais velhos perdem a aptidão para acolher os ciclo de vida que se fecha e o outro que se inicia na vida pessoal, como no mundo.

Triste observar a atuais moços e idosos, não tão idosos (aos sessenta e mais anos), que só acreditam em si próprios, acham que pode tudo, perderam a fé e a esperança, por fim, fazem do amor uma brincadeira. Dessa forma, o que podemos ter senão um tempo sombrio? E até mesmo aguardar um mundo futuro inabitável.

 


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