sexta-feira, 20 de maio de 2016






                              CULTURA

               



 

Michel Temer acaba de assumir a presidência da Repúblicas como interino, no lugar de Dilma Rousseff, e, para início de conversa, resolveu enxugar o governo, aglutinando alguns Ministérios. A Cultura passa ao status de Secretaria, subordinada ao Ministério da Educação. A lei Rouanet deixa de existir, o que causou celeuma entre os artistas, os mais atingidos, que se queixam de não haver condições de viver da arte no país. O ato específico pode ser interpretado como uma resposta aos intelectuais que apoiaram a presidente Dilma, contra o impeachment. Muita gente apoia as novas medidas, e tem quem ainda tripudie mandando os artistas plantarem batatas, e deixem de mamar nas tetas do governo. Há manifestações de artistas a favor, o caso de   Regina Duarte: “Sou a favor de manter a cultura internada no hospital da Educação”. Fernanda Montenegro expressou: “Nós artistas ficamos dependentes do dinheiro público.”

           Está escrito em nossa Constituição que Cultura é o que dá testemunho do modo de ser de um povo. Não diz respeito a um estado de coisas, ou determinadas situações, e nesse sentido Olavo de Carvalho comenta o texto constitucional de 1988, quando de sua palestra intitulada “O Que É Cultura”. Para o filósofo, cultura tem a ver com a consciência moral, com o bem pessoal e coletivo, o “supremo bem” de que fala Platão. A cultura visa em princípio o aprimoramento pessoal, e sendo assim, quanto há de cultura no nosso país? Merece ser incentivada com recursos fabulosos a dita cultura que se vê por aí? Os artistas globais os mais enfurecidos com a medida do governo interino, por perderem incentivo econômico, alguns a se beneficiarem além da conta, já bem pagos pela TV na qual atual e se projetam no cenário nacional e até mundial.

         O mercado do entretenimento, requer que se produza como acontece nas indústrias, onde os produtos são testados ao gosto dos consumidores. Mas cultura, na acepção da palavra, não é divertimento, não é negócio, não resulta do nível de desenvolvimento econômico de um povo, é algo anterior. Embora possa ser tudo isso. Como diz Olavo a cultura vem antes, e não acompanha o desenvolvimento, o bem econômico, que vem depois. Engano, pois, pensar que tem de primeiro ficar rico para depois ficar culto. Nem toda pessoa rica é culta. Também não diz respeito à classe alta. Tem uma cultura extraída da consciência de um povo, que vai além das experiências do dia a dia, além do que se vê, com raízes profundas, a consciência moral, em que o Brasil é rico.

          O que a arte representa, o significa para a sociedade em termos de cultura, de aprimoramento? Do clássico de Leon TostoiO Que É Arte – tirei alguns ensinamentos e os transmito aqui. Arte é a capacidade de contagiar, de unir pelos sentimentos, fazer pensar, através da imagem, da palavra. A atividade artística baseia-se na capacidade de fazer o outro sentir algo real ou imaginado de prazer ou dor. Deve ser capaz de impressionar, contagiar  com graça e imaginação criadora. Antes proibida, pelo entendimento de que a arte podia corromper. Na modernidade é o medo de ficar sem esse prazer, o que seria o outro lado da questão, daí a arte pela arte. A arte que é, em sua essência, um meio para o desenvolvimento mental e espiritual, como acontece com a consciência religiosa da arte sacra, quando então eram rejeitadas outras formas de comunicação artística. Modernamente qualquer arte é arte, desde que cumpra uma função mínima, de união de sentimentos. A catarse que a arte provoca, ao impressionar e  afetar  profundamente  as pessoas, a que temos de recorrer para amadurecer em liberdade e humanidade.  
 

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