domingo, 15 de maio de 2016





                                                  HOMENAGEM


 

     “Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar”. Soube há pouco pelo Facebook que a confeitaria Cirandinha, em Copacabana, fechou as portas, sucesso dos anos cinquenta que  passa  para a memória da cidade e dos seus  frequentadores, por último, pessoas idosas que iam cirandar no café da manhã, no lanche da tarde e, por fim, o jantar, após o cinema no Roxi, outra maravilha do tradicional bairro carioca. Quase uma mística degustar meu prato preferido no restaurante que funcionava no interior do estabelecimento. Desejo de Catilina comer a língua do boi, canto do Bumba-meu-boi, tradição da capital maranhense, festa que acontece em junho e julhos.

      No Cirandinha os garçons ainda os mesmo da sua fundação em 1957, que continuavam no batente depois de aposentados pelo INPS, atendendo outros velhinhos aficionado ao local. Soubemos por nosso garçom preferido que ele formou os filhos, inclusive um médico. O comércio não é para qualquer um, tem que ralar, e a nova geração prefere seguir por outros caminhos, menos laborioso. Aposto com meu marido que o local vai abrigar um Banco, como aconteceu com a Colombo, outra confeitaria tradicional de Copacabana, e em seu lugar passou a funcionar o Banco do Brasil. A primeira vez que estivemos na Cirandinha foi em 1976, quando viemos de Brasília para embarcar nossa filha, Vivianne, que ia estudar em Londres. Minha mãe também estava no Rio, e mais dois irmãos, um morando e outro estudando pós-graduação com a mulher. Fomos todos lanchar na Cirandinha que estava repleta, com dificuldade de lugar, até que conseguimos nos acomodar balcão. Cada um pediu uma coisa e o pai de Vivi pediu um chá completo, aquela maravilha de dar inveja aos demais, todos bem servidos nos seus pedidos. No Rio nunca perdíamos o chá da tarde no Cirandinha.  

      Também havia em Copacabana duas casas de confecções de alto padrão, a Celeste e a Hermínia, nome das irmãs que abriram suas lojas no bairro carioca, tradição que não resistiu à mortes e mudanças. Os herdeiros ainda tentaram fundir as lojas numa só, a casa HC. Temos que nos conformar com as mortes, assim como nos adaptar às mudanças. Fica a saudade de mim mesma mais jovem, quando cirandava no Cirandinha, a casa sempre com um atendimento especial, por um preço accessível, as mesas cobertas com toalhas limpíssimas, assim como os guardanapos de pano. Hoje para tais regalias temos que  dispor a gastar mais, e ter um produto inferior assim como o atendimento. Resta a gente se contentar com o que oferecem os Shoppings, onde podemos continuar a dar voltas, meias voltas e voltas e meias. E a vida continua...
 
      

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