domingo, 26 de abril de 2020






                       CONDIÇÃO HUMANA






              Mentes bem formadas na ciência médica, braços fortes para o trabalho pesado, almas caridosas no socorro os necessitados, eis do que realmente precisa o mundo em seus dolorosos desafios, atualmente no afã de acudir a humanidade nessa cruel pandemia. Descobrir um remédio, ou uma vacina contra o covid-19, assim como levar alimento para os famintos, consolar os aflitos, e tudo o mais que for necessário  fazer,  com urgência e sem medida. As questões humanas que devem ser tratadas com honestidade, e não se percam as cabeças, nem as esperanças no amanhã. Que haja mais e mais humanidade.
             
            Ismênia ia estudar e trabalhar fora da cidade natal, quando escutou uma parenta distante dizer com certo desdém: “Lá se vai ela”. A família estaria perdendo a filha, a irmã, a sobrinha, a prima, a amiga. Tempo de realização dos anseios pessoais e de liberdade para a mulher. Uma jovem de 17 anos, às vésperas de completar 18, que deixa a família e o lugar onde vivera até aquele momento. “Nunca mais seria a mesma”, lastimaram. Outra ou a mesma, o que Ismênia não podia era desperdiçar a oportunidade, mesmo com os entraves a superar.
                
             Sempre há o que temer em algumas pessoas e lugares.             

            Não mais a dissipação, em confronto com as exigências familiares e sociais nos moldes existentes. Diante das expectativas futuras, que batiam à porta, as mulheres foram à luta, e o sonho de Ismênia era ser medicina. Sem rasgar a cartilha adotada pelas gerações anteriores e seus valores é que partia , diante de uma nova perspectiva de vida. Não era mais aproveitar as sobras de um passado mesquinho, e, sim, começar a trilhar os próprios caminhos e se deliciar da alegria das escolhas e do prazer das oportunidades.

A ciência ensina que as novas experiências são para o cérebro como uma lapidação, e o tempo, esmeril que lapida o diamante bruto, dando aos neurônios refinado e especial brilho. Dádiva pertencer a uma geração que teve a sorte de enfrentar as mudanças sem perder a fé e com esperança. Médica formada e doutorada, Ismênia voltou da aposentadoria, por ironia do destino, para atender os doentes do covid-19 na sua cidade natal. Compadecida ainda chora, como nos primeiros tempos de exercício da profissão. O consolo que sente por estar salvando vidas — essa a missão do médico.

Ismênia vivera no tempo das epidemias do sarampo, da catapora, da caxumba, menos devastadoras. Tempos difíceis em outras situações, senão as piores, com uma Alemanha nazista e uma Rússia comunista  querendo dominar o mundo, e não parou por aí. Mas pode-se dizer, sem medo de errar, que foram aqueles os melhores jovens, homens e mulheres, heróis por excelência da modernidade. Uma juventude nada banal, que cala na alma de quem passou por tão grave processo de educação dos sentimentos e emoções.

 HOMENAGEM À EXEMPLAR MÉDICA MARIA DE NAZARETH RAMOS NEIVA (já falecida)

GRATIDÃO AOS MÉDICOS (AS), ENFERMEIROS (AS) E DEMAIS AGENTES DE SAÚDE
QUE ATUAM NA PANDEMIA DO COVID-19






Nenhum comentário:

Postar um comentário