segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 

 

                                         OBEDECER AO PROTOCOLO

 

              



            Comecemos pelo respeito e aceitação da natureza e sua realidade, que a vida humana é entre outras vidas a mais preciosa criação de Deus. Segundo a ciência, o homem seria consequência da evolução do irracional para o racional. De toda forma, nasce o homem com um protocolo, e mais o que lhe compete registrar ao longo da existência na terra. A alma do recém-nascido como uma folha em branco, talvez um rascunho, para ser passada a limpo.

             Há uma história que se repete ad eternum, sobre o que cada um faz individualmente e o que realiza a coletividade. Tem gente que só pensa na felicidade, quer ser feliz a qualquer custo. Quase sempre acha que os fatos devem ser diferentes do que lhe apresentam. Tem pressa de fazer e acontecer, quando se tem o tempo de uma longa vida física para viver, e uma alma para enriquecer. Descobrir aos poucos os porquês da existência, até onde for possível, o mais é mistério.

            Hoje vivemos cercados de apelos que nos consomem os dias. Chega a ser difícil manter os passos firmes. E vem aquele sentimento de vazio, de estar sem rumo, que atinge as pessoas como tapa na cara. Coisas a mais que servem apenas para satisfazer essa pobreza de espírito, que assola o mundo. Até que se perde a noção de quem se é, do que se quer. Esquecem de onde vieram e para onde querem ir. O essencial, como diamante escondido na pedra bruta. Certamente é o que dá sentido à vida e  o  dinheiro não compra, nem as festas satisfazem.

                Tempos difíceis, ainda mais com essa pandemia, quando então nos apresentam um protocolo emergencial, tratando-se de vida, ou morte. Não mais um opção seguir o protocolo. Nem nunca foi, mas obrigação. Sem comiseração, aproveitar a oportunidade para fazer um retrospecto da vida. Quando demos amor, quando ajudamos o próximo, quando tivemos compaixão? Procedimentos que estão lá, no protocolo de nossa vida.

                 Seres contraditórios é o que somos, certos de que um dia seremos obrigados a ter um encontro sério com nossas contradições. Quanto a mim, acho que tenho o direito a ser venturosa até o fim. Chegar aos 80 anos é um privilégio, hoje concedido a um número maior de pessoas. E por mais frágeis que estejamos nessa idade, ainda podemos ter um bom tempo pela frente.

                 Nunca fui de mendigar amor, nem pedir piedade. Coragem não me faltou para tocar o barco. Escrevo por minha satisfação pessoal, e quanto de emoção experimento nessa atividade tardia, e tão surpreendente. Acima de tudo, escrevo para difundir a fé católica. E se escrever é meio de ficar longe das mesquinharias, que nos possam engolir, melhor ainda. O olhar voltado para Deus, que tudo determina sobre nossos dias, e ainda nos dá oportunidade de tornar mais rica essa viagem terrena.

                   A morte é companheira da vida, que estejamos preparados para o término dessa cumplicidade. E nossa vida seja pessoalmente uma verdade consumada. Certos de que "o homem não nasceu para a morte: o homem nasceu para a vida e para a imortalidade" (Ariano Suassuna).

 

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