sexta-feira, 12 de março de 2021

 

 

                                                                    NONADA

 


 

“— Nonada”. Fala que dá início ao romance Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa. A estranha palavra poderia ser da lavra do escritor, mas trata-se da linguagem falada no Brasil “a fora a dentro”.  Em princípio, significar mentira, coisa sem importância, mas pode dizer muito mais.

As narrativas do sertanejo, plenas de imaginação e mistério, que o autor colhe em suas andanças pelo interior do seu país, e com elas faz literatura da melhor qualidade. Isso lá no onde “o Diabo pede passagem”, ou quer se abancar. Cruz em credo!

Verificável a sabedoria do sertanejo que quase nada sabe, mas de tudo suspeita. E na crença de que “quem muito se evita, se convive”, não tem medo. Não tem “falso receio”, conquanto saiba que há coisas das quais se deve fugir. E se não for por conhecimento de causa, que seja por séria suspeição, ou o que “revela efeito”.

A superstição, contrária “à puridade” da crença, de acordo com os Evangelhos, como explica o autor. E entenda-se de uma vez, o perigo que há para ”quem por si mesmo, por curiosidade, se entrete”. E saibam todos que há coisas que brotam dos “avessos do homem”. E não se deve brincar.

Do demo a imaginação? Nonada se for... Há coisas que afloram na mente, e quer tomar conta de tudo quanto é alma de cada um. “E por si só, ninguém se solte nesses desencalços da vida, há que ter a proteção de Deus.” 

 


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