quinta-feira, 18 de março de 2021

                                

                                        O QUE SERÁ DE MIM!

 


 

GERAÇÃO MILLENNIAL

 

 “Para que esperar algo vir a ser, quando a pessoa já é na sua intuitiva integridade?” Palavras provocadoras de Inácia para as freiras do Santa Marcelina, e já havia declamado na sala de aula um poema de Vargas Llosa, seguido de outro da sua autoria, nele inspirado.  Só mais tarde essa aluna começou a dedicar-se mais aos estudos. Escrever e fazer poesia era um prazer para a jovem nos seus 15 anos, em vez de estar em preparos para a festa de debutante, ao lado de algumas meninas do seu convívio, inclusive uma prima. 

Inácia lia sem parar, e o que mais gostava de ler era poesia, para depois ficar remoendo aquelas palavras, criando devaneios poéticos. O tesouro da sua imaginação cultivado em seu caderno de pauta, que  escondia dos olhares, assim como o diário da moça extremada, opinião da tia que ajudava a mãe na sua educação. Uma jovem com seus medos e dúvidas, só um pouco diferente da maioria. Chegou a fazer planos de pular a janela em busca das aventuras, necessárias para viver e escrever, o que ela achava. 

Difícil ser outra pessoa, e dizia. “O que será de mim se deixar de ser quem eu sou?” E não demorou a escreve textos feministas,  de contestação. Sabia que seu castigo era sofrer da eterna culpa. Mas não estava preparada para a incompreensão da irmã da sua mãe, que argumentava.

— Inventar coisas é muito grave, de onde você tirou tudo isso?

— Da minha cabeça. Foi a fria resposta.

 Na faculdade ficou ainda mais combativa. Mesmo que sentisse arrepios diante daqueles ameaçadores olhos, encimados por fartas sobrancelhas, como uma aranha caranguejeira na pele morena do professor de geografia, que implicava com a aluna rebelde. As incompreensões não abalavam aquela jovem cheia de garra, ou simplesmente uma estudante na tentativa de viver mais intensamente. Até tornar-se contestadora militante.

A vida podia mudar para melhor com seus esforços, mas de repente deu foi uma cambalhota, coisa de palhaço no circo. E se Inácia não tinha medo dos palhaços, era porque eles atuavam em seu devido lugar. Mas não achou graça naquela repressão, que se dizia revolução, e não tinha graça alguma.

 ....E foi assim que outras garras entraram em ação, prontas para arrancaram as farpas dos gritos contestadores. A coisa era séria. Grave, como diante de um túmulo, e eram tantos, Inácia parou para refletir. E chegou à conclusão que toda palavra, toda ação, por melhor das intenções, tem seu lado sombrio. 

Um passado que se fez aprendizado, e se tornou legado.

Hoje  uma pandemia assola o mundo, que  se pode louvar por estar unido em busca de vacinas contra o mal, que ataca indiscriminadamente a todos E o quanto seria bom, finda essa travessia, que não haja mais dissídios, pois nos tornamos mais compassivos, mais generosos, mais respeitosos, e muito mais comprometidos uns com os outros. Assim seja! Amém! 

 

 

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