sexta-feira, 30 de abril de 2021

 

HOMENAGEM ÀS ENFERMEIRAS

 

  A ENFERMEIRA MERCEDES E A PANDEMIA

                    
 

 
           

                           O instinto básico da fome pede atendimento imediato, questão de sobrevivência, tratando-se de incompetência, e mesmo crueldade a falta de alimento para milhões de pessoas nesse nosso rico mundo civilizado. Bem perto de nós alguém pode não ter o que comer, por motivos diversos, em especial, a ganância de uma parte da população, que muito produz, devastando a natureza, apenas para saciar seu exorbitante apetite. A fome endêmica, como a que se vive há muito tempo, agravada com a pandemia do covid19. Mais do que nunca é necessário pensar no próximo, dar assistência aos necessitados, doentes e famintos. Também cuidar de si.
 
                              De uma hora para outra retornam as mulheres à cozinha, hoje também os homens, as pessoas de um modo geral já cansadas das comidas dos restaurantes dos shoppings e do self-service perto de casa, e nem se davam conta.  Por imperativo das restrições para o combate ao covid19, lá vai a dona de casa à cata dos livros de receita comprados tempos atrás, e pouco utilizados.  É a oportunidade de ter uma refeição caprichada, e se for o caso, também oferecer aos familiares o bom e o melhor, à altura do gosto de cada um, e conforme a dedicação e saber culinário da cozinheira. A surpresa de verificar que é uma ocupação prazerosa. Agatha Christie havia dito sobre  sua experiência na cozinha que "a melhor hora de planejar um livro é quando você lava a louça." A escritora devia ter um séquito de empregados, mas certamente algumas vezes preparou a própria refeição, cuidou da pia.
 
                     Mercedes lembra  tempos atrás, do desconforto que sentiu com a comida em visita de alguns dias, por obrigação social. Há quem acredita que quantidade é qualidade, a comida oferecida como a uma pessoa faminta, para matar-lhe a fome. O  macarrão empapado e de espetacular grossura e o feijão em abundância, e tudo o mais de gosto duvidoso, para nunca se  esquecer. Gente que pensa assim: "Por quê dar aos outros o melhor?" Que saudade na ocasião Mercedes não sentiu e ainda  sente do "picadinho de colégio" da sua avó! Tendo aprendido que o importante é comer com a honestidade, a comida a convidar, come, come. Ou comer com a paixão da piedade, mas com a esperança de nunca faltar alimento em sua mesa, e da melhor qualidade. A comida boa ou ruim reflete o modo de vida das pessoas.  
 
                   Se a comida é ruim, pior ainda a convivência difícil com essas pessoas de gosto duvidoso,  Mercedes sendo recriminada pelo  sonho de ser enfermeira e por ser católica, e, sendo assim,  incapaz de  atender aos doentes, até mesmo colocar remédio errado no olho da  própria mãe, coitada, que  ficaria cega. Gente, para quem a igreja é criminosa e inimiga da ciência. "Quanta ignorância!" Gente que espera ver a fé religiosa definhar e morrer. "Oh Deus, não deixai essa sua filha ao desamparo, dai a mim e a todos força para vencer o covid-19 e também o ateísmo, outro vírus mortal. Livrai o futuro da humanidade de todo mal", suspira a filha de dona Margarida. Ainda bem que sempre ela costuma carregar consigo seus amados livros, os autores preferidos, entre eles C. S. Lewis. 
 
                 Já com o diploma de enfermeira nas mãos, Mercedes se depara com a pandemia da covid-19, que assola o país. E enquanto aguardava nomeação para um trabalho efetivo, resolve ser voluntária no hospital municipal da cidade, que pedia socorro em situação crítica, com a falta de profissionais da saúde. O trabalho em tempo integral era distante de sua casa, teria que comer na cantina, e lembrou do pai a dizer para sua mãe que "o tempero da comida é a fome", sendo prontamente contestado, por uma fã da boa e caprichada refeição. O drama crucial da doença, e também tal problema da fome, que grassa nas casas de milhares de brasileiros desempregados, sem ter como alimentar suas famílias. Os supermercados abarrotados, e felizes os que têm emprego garantido e podem até mesmo  encher suas dispensas. O trabalho humanitário a mover a sociedade, para que a população seja atendida condignamente, não morra, nem passe fome.
  
               O drama dos profissionais de saúde e a alegria ao verem os doentes livres da entubação e  retornarem às suas casas,  afastada a nuvem de pessimismo que paira não apenas sobre cada um, também sobre o mundo. Importante manter-se distante do ar pessimista e intimidador de algumas pessoas, e não lhes dar motivo para duvidar da própria integridade.  Uma pandemia tão devastadora, parece castigo para esse mundo sinistramente cético, como quer o diabo.  
 
              O inimigo a esconder o jogo, com uma austeridade e mau humor dos infernos. Enquanto a alegria  e a diversão das crenças surge do instinto lúdico,  e acompanha a responsabilidade pessoal e social que  brota da boa consciência. Antes de Mercedes iniciar a vida profissional, sua madrinha lhe dissera em tom de alerta: "O que existe de mais pernicioso, além desse vírus que surge  do confronto do homem com a natureza, é o egoísmo, a maldade, que quer simplesmente destruir, corromper, sugar o sangue da humanidade. Enquanto a fé cristã constrói, ensina o bem estar, promove a beleza presente na alma  e sempre retribui em dobro a oferta recebida. A ciência dá sua valiosa contribuição, e que, vacinada, a população possa voltar à normalidade. Graças a Deus! 

Fico por aqui com essa história, a cozinha me chama! 

 

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