segunda-feira, 5 de abril de 2021

 

              FILME

 

 

                                            UM FILME DINAMARQUÊS 

               


 

               “Há algo de podre no reino da Dinamarca” palavras de Shakespeare na peça Hamlet o que em parte se confirma no filme Druk—Mais Uma Rodada, concorrente ao Oscar 2020 nas categorias direção e filme internacional. O enredo conta a história de quatro amigos de meia-idade, professores de uma escola em Copenhague. Inicia com o protagonista Martin (Mads Mikkelson) assistindo apático a bagunça na sala de aula. Os alunos conversam, sem dar atenção ao professor, e um deles revela, às gargalhadas, o muito que  bebe. A bebida alcoólica consumida livremente pela juventude na Dinamarca. E sabe-se, de longa data, do individualismo que voga nos países nórdicos.

              Na atualidade a ciência capaz de revelar os mais difíceis segredos, e sendo assim, um dos professores fala aos demais sobre uma teoria científica de que os seres humanos têm  menos álcool no sangue que o ideal, e que o equilibro neuroquímico seria mais satisfatório se fosse aumentado em 0,05 mg. Incita os demais a fazerem uma experiência, bebendo durante o dia e medindo o nível de  álcool no sangue. Aceito o desafio, dessa forma vão quebrar as regras da boa conduta, de não beber no trabalho, nem chegar em casa aos trancos. O filme, de início tedioso,  o que tem a ver com os personagens em o estágio de desânimo com a profissão, também quanto à vida familiar de cada um. Uma contradição nas sociedades modernas, bem financeiramente, o Governo a assegurar conforto e segurança a seus membros. Os professores bem pagos, disso ninguém pode se queixar.

              Os professores de meia-idade consideradas ultrapassadas, e tornam-se desmotivadas para continuar, enquanto a moçada acha que pode tudo, mas sem fé, até em si mesma. E não apenas no reino da Dinamarca. Os novos tempos de descrença generalizada. Os pais presos a compromissos, que não lhes dão bom retorno, com filhos adolescentes cheios de exigência e rebeldes,  e os menores consumindo a pouca paciência que resta aos adultos. Difícil suportar esse cotidiano. E é como um maná caído do céu que o álcool entra na vida dos quatro professores de Durk, numa experiência com a bebida, que os torna livres, leves e soltos. Martin vai ter aquela boa atuação na cama com a mulher, o que já não acontecia há muito tempo. Todos transportados para um estado de euforia, mas logo vão precisar aumentar a doses de álcool. Problemática essa busca através da bebida e das drogas. Pessoas de todas as idades em estado que beira à ruína. 

              Todavia, prazer e realização é o que desfruta o cineasta Thomas Vinterberg, juntamente com os atores contratados para atuarem em seus filmes. O elenco sempre fixo, constituído de bons atores, que também  são amigos de muito tempo do diretor, para os quais escreve seus roteiros.  O cinema é pequeno na Dinamarca, diretor e atores de Durk  realizados profissionalmente, através da arte, o que repercutir na vida pessoal de cada um. Acontece também com os professores respeitados pelos alunos, interessados em aprender. Conclui-se que na Dinamarca, como em outro qualquer país, as pessoas são passíveis de se frustrar, sem algo maior que sustente a ânsia de transcendência, própria do ser humano, que necessita, em especial, da presença de Deus em suas vidas. 

           O perigo da bebida ser utilizada como panaceia. Diga-se que o alcoolismo é uma doença, mas que tem cura, em especial junto aos AA, com chance de sucesso. No final, o ator Mikkelson, que foi bailarino, dança entre seus alunos recém-formados e pacificados, numa demonstração do quanto é fundamental as pessoas se sentirem bem consigo mesma, e possam transmitir isso aos demais. E mesmo que nem tudo seja flores, há muito de de positivo nos reinos da Dinamarca, Suécia e Holanda, países produtoras do filme Durk, Merece o Oscar?. 

 

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