terça-feira, 30 de agosto de 2022

 

FICÇÃO

                                                IMPRESSÕES







 

 

Às onze horas, um considerável número de pessoas anda de um lado para o outro na Praça  Deodoro em S. Luís — lugar encantador, espaçoso e bem cuidado, se comparado com as estreitas ruas adjacentes de casas abandonadas, que desmoronam. Vendedores ambulantes espalham-se ao seu redor. E sem as antigas árvores, o sol afogueia os transeuntes, principalmente, àquela hora do dia. 

Mês de agosto, a melhor época do ano na cidade histórica, onde um senhor está  sentado  no banco em frente à imponente prédio da Biblioteca Estadual Benedito Leite, de arquitetura neoclássica, que embeleza ainda mais aquele espaço público. Olha para os pedestais onde estão alojados os bustos esculpidos em bronze, dos insignes intelectuais maranhenses. Uma senhora de cabelos embranquecidos chega ao primeiro pedestal  e lê o nome de Gonçalves Dias, e volta-se para os passantes, que variam a cada dia, quando então se depara com alguém. De pronto o reconhece.  

— Armando, é mesmo você? Pensei que nunca mais o veria!

— Prometi que vinha, e cá estou.

— Quando chegou? Onde você está? Em que hotel, ou está hospedado em casa de parentes?

— Ontem à noite, no Praiabela Hotel no Calhau. Não é bem uma surpresa  encontrá-la, já que faz pesquisas na biblioteca, o que me contou em recente carta.

Os dois miram-se mutuamente, e depois de alguns minutos o homem cruza os braços, em sinal que ela é quem vai decidir o caminho a seguir e pergunta:

— Aonde vamos?

— Vamos descer a Rua do Sol. Quero passar na Vozes para comprar um livro de Paulo Freire para fazer uma crítica . Sabes que tenho um Blog?

— Maria, você não me surpreende, sempre aplicada nos estudos...   

— E quanto a você, Armando, quero que me fale sobre seus planos. 

Os dois estão alegres e felizes, enquanto caminham. Maria pensa no itinerário que vão percorrer, e comenta:

— O Centro Histórico de S. Luís  apesar de sua centenária beleza arquitetônica há ruas que  faz dó tamanho abandono, inclusive, a turística Rua do Sol. Diferente do que acontece do outro lado da ponte, a cidade crescendo a passos largos, com grande número de prédios modernos.

— Que buraco velho e sujo! — disse ele com um olhar de reprovação.

— Tem gente que acha essa decadência é pitoresca. Mas eu já pensei em fazer um mutirão  como fez Sonia Braga nas areias de Copacabana. O governo não dá conta, falta educação e respeito, que os donos dos casarões abandonados sejam multados por não cuidarem de seu patrimônio, deixam o lixo acumular nas garagens que vase para as ruas. 

 Na livraria Vozes Maria compra o livro que queria. Armando aproveita para adquirir uma obra do padre João Mohana. Riam enquanto  saltam da calçada estreita para a via, e vice-versa. - Para que esses carros atrapalhando os pedestres? Reclama Armando. Os dois, mais próximos um do outro, ajudam-se mutuamente naquela travessia. verificam que o Museu Histórico e artístico do Maranhão, antigo solar de Gomes de Sousa, está fechado, só abre às duas horas da tarde. Um quarteirão antes da Praça João Lisboa o Teatro Arthur Azevedo anuncia a programação. — Uma programação imperdível — comentou Maria.  Chegam à Rua de Nazaré para, enfim, se sentarem na refinada mesa do restaurante do SENAC, escolhido para o almoço. Findo a refeição Maria convidou o amigo:

—Antes do lindo por do sol que vamos ver mais tarde no Café dos Poetas na Praça Pedro II, vou buscar meu carro na Rua das Hortas. Deixei-o na garagem do meu tio João. Você me acompanha?

- Vamos lá. 

  

 

 

 


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