quinta-feira, 26 de outubro de 2023

 



                                                 MÃE




A cidade de S. Luís, do tamanho certo como Maria vê hoje,  é a mesma do passado, nem maior nem menor, o tamanho certo para abrigar seus habitantes. Por ruas de pedra andava a mãe com sábios passos. As mãos macias da mãe amparando os cinco filhos. Não há registro em foto, só na lembrança, do olhar firme de quem sabe o que faz. Nada de falsear as coisas.  Não havia dúvida que  havíamos todos saído da prancheta do Arquiteto supremo. 

Tempestade alguma abalava os alicerces da família. Havia uma guerra lá fora, que logo acabaria. Todos nós merecedores da paz, que reinava na nossa cidade, que tem seus mistérios, contidos nas brincadeiras de boi e tudo o mais. Bom viver. No início e meio do ano ela ia fazer compras na Rua Grande, para a família estar bem vestida e calçada no decorrer dos 12 meses. E tinha ainda o dia das compras de Natal, os presentes aguardados com ansiedade pela criançada.

Todas as perguntas dos filhos a mãe respondia de acordo com a cabeça de cada um. Não havia fantasmas a temer, nem culpas a expiar, que a mãe seguia seu caminho sem duvidar da missão a cumprir. A escuridão e o silêncio da noite encontravam todos dormindo o sono reparador, para o dia amanhecer cada vez mais lindo. A mãe sabia que tudo ia dar certo, e só tinha medo da morte, irremediável, infelizmente.

Estar viva era o que havia de maior valor para minha mãe, que caprichava em fazer o melhor dos seus dias. Não há dúvida que o trabalho dignifica o homem, e a mulher também.  Mãe que trabalhava fora, o que era uma raridade na época, anteriormente fazendo doces para festas, atividade  herdada da mãe, um referencial para a família. Ultrapassou os cem anos. 

Mãe, história de eternidade.


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