quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

 


FICÇÃO

 

                                         

                                                            DEZEMBRO




 

 

            Elas estão reunidas para a especial confraternização de Natal.  Já foram atendidas no Café Coado, com a cordialidade de sempre. Além do prazer de degustarem um dos melhores cafés da cidade, é uma oportunidade de trocarem ideias. Maria dá inicio à conversa:

            — O ano 2000 estava tão distante de nós, nascidas no século XX. Jovens na década de 50. E saber hoje que já chegamos quase a meado do século XXI.

            Aline toma a palavra:

            — De repente o tempo de antes ficou longe, e não resta dúvida que o nosso tempo de vida está sendo longo. E lá se vai o ano de 2023, com suas alegrias, sonhos, preocupações. Nos próximos doze meses vamos viver outros  episódios de nossas vidas. E do que passou  só resta o pouco que fica computado na memória. Além do corpo e da mente, temos uma alma, criada à imagem e semelhança de Deus, pura Luz. A ciência sem ter condição de explicar o inexplicável, e penso na ignorância crassa dos que querem torná-la dona da verdade, e negar que haja algo mais além da matéria.

              Dalva continua a conversa:

               — Sinto que sou mais feliz hoje.  Neste ano de 2023, que chega ao fim, recordo também a minha juventude que parecia não ter fim, a gente vivendo o presente, ciente que “o futuro a Deus pertence”.  Havia algumas preocupações por ser mulher, por exemplo, fato definitivo,  e esperar por um marido, bom ou ruim, uma vez que estava a cargo da mulher concertar os homens dos seus defeitos. Mas já havia sinais para fugir dessa roubada, estudar para ter um bem emprego, e ser independente. E ninguém se sentia fora do padrão por ser gorda ou magra, ter a cor da pele diferente da branca, e por aí vai.

             Maria se manifesta:

              — Com o olhar de agora distingo algumas coisas melhor que antes, e me questiono como a gente vivia tão confiante em um mundo por demais conflituoso, haja vista as guerras. A ficção a embalar os meus sonhos, enquanto  lia Luiza May Allcott, e tinha uma fé que regalava meu coração de jovem esperançosa. Nem dávamos conta da letargia em que se vivia.  Os jovens acompanhando tudo de longe, a política pouco nos seduzia. Paulo Ramos, que havia comandado o estado anteriormente, era tratado com escárnio pelos mais velhos. A tranquilidade abalada por essa ou aquela confusão política, e teve a visita de Ademar de Barros à capital maranhense, quando então a ilha se rebelou contra a posse do vice,  após a morte do governador eleito pelo voto, as urnas pouco confiáveis à época.  

            Com efusivos votos de Boas Festas as amigas se despedem


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