terça-feira, 19 de dezembro de 2023

 




                                  DO TRABALHO E DO ÓCIO


PINTURA DE VERMEER


              

Determinar o que é útil e o que é inútil, e até mesmo julgar quem é útil, ou inútil, trata-se de um grande erro, já que as pessoas são diferentes. E diverso o que cada um faz com sua vida. Diderot  mostra em uma de suas pranchas mostra uma criada na vigorosa tarefa de pentear sua patroa. Focado na ética do trabalho, o filósofo francês quer dizer que uma mulher ativa é alguém que tem propósito na vida, enquanto a outra figura feminina seria uma pessoa inativa e inútil. Crítica à vida entediante e de ócio da classe alta, enquanto a classe mais baixa é favorecida com trabalho.  A situação apresentada merece maior atenção. No Evangelho as figuras de Marta e Maria representam a ação e contemplação, modos diferentes daquelas mulheres viverem suas vidas, enquanto uma assa o pão, alimento do corpo, a outra dá atenção ao Mestre Jesus que as visita. Claro o ateísmo do enciclopedista, que procura  simplesmente enaltecer o vigor físico e  a matéria.  

No século anterior, Vermeer pinta o quadro A Senhora e Sua Criada, no qual se evidencia a empatia do artista quanto às mulheres, Sem discriminá-las retrata com esmero uma senhora sentada diante da sua mesa de trabalho com a pena  na mão, momento em que interrompe sua escrita para atender a outra mulher, vestida de forma simples, com um documento nas mãos para lhe ser entregue. Arte barroca que trata da formação católica. Também está claro na obra do pintor de Delft a ética protestante, ele de si era protestante de nascimento e convertido ao catolicismo após o casamento. Mas qual seria o assunto da missiva? Pode ser um contrato de trabalho da criada, para ser assinado pela patroa, sem descartar que a criada possa ter na mão um pedido formal de demissão, um avanço para a época.  A modernidade da justiça  social, conquanto haja a antiga justiça divina, cujo principal objetivo é a realização plena da humanidade.


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