quinta-feira, 31 de março de 2016





                           A PÁSCOA DA JUSTIÇA

 




         Fazer turismo nas cidades vizinhas é passeio muito apreciado por quem mora em Brasília, desde seus primórdios, quando as famílias costumavam ir a Goiânia em busca de diversão, ainda sem clube por aqui. Ou então tomar o avião e desembarcar no Rio. Até hoje é assim. A vida social para a maioria da população brasiliense se restringe a passeios nos shoppings, ou então ver televisão com a família. Os jovens têm as baladas, que muitos evitam pelo perigo das drogas e tudo o mais, coisa que assusta em qualquer canto do mundo, menos o terrorismo, como aconteceu em Paris, perigo que ainda não sofremos, felizmente. Nossa bela capital federal é tranquila, na medida do possível. Mesmo que de longe se fale mal de Brasília, que seria abrigo de políticos corruptos, vivem aqui pacatos cidadãos, no gozo de um espaço privilegiado, pelo verde que domina a paisagem, e se pode acordar pelo canto dos pássaros. A maioria dos habitantes funcionários públicos, sim, mas concursados e honestos.   

        Para a folga da Páscoa nada melhor que visitar a capital de Goiás e assistir as representações da Paixão de Cristo em alguma das suas cidade históricas. Como no passado, meu marido e eu fomos a Goiânia de carro, agora com dois filhos e um neto. A notícia das péssimas condições das estrada nos fez optar por Caldas Novas para assistir a procissão do Fogaréu na sexta-feira santa, mais perto e só tinha um pequeno trecho esburacado. A Igreja imbatível em questão de fé e tradição, valia qualquer sacrifício para cumprir o ritual católico. A Procissão do Fogaréu representa o ato em que os soldados romanos com tochas nas mãos vão em busca de Jesus para levá-lo a julgamento, alguns encapuzados, pessoas que na Idade Média escondiam as feições durante a penitência pelos pecados. O percurso da igreja Matriz até o palco onde ia ser encenada a crucifixão, vários quarteirões. Só no final a chuva caiu sobre a multidão de fiéis que participava do evento. A tecnologia posta a serviço da fé, o caso do caminhão de música de onde o sacerdote cantava com o coro e citava trechos dos Evangelhos para o povo acompanhar.

        Era tarde da noite quando, findo o espetáculo, pegamos a estrada de volta para Goiânia, com meu filho ao volante, o herói dessa travessia. Os buracos ele sabia como enfrentar, mas a surpresa veio da parte boa do asfalto. No meio do caminho não tinha uma pedra, mas uma cratera, com um galho avisando do perigo, posto ali por alguma alma boa, mesmo assim pegou nosso chofer de surpresa e o resultado foi a roda dianteira do carro ficar danificada.  Há poucos metros outro carro estava parado esperando o guincho, com vozes de crianças, as maiores vítimas da irresponsabilidade, como acontece com a educação também em estado lamentável. Os estragos que se via na estrada diziam do trabalho mau feito, parte da verba desviada para a propina. No caso específico, de Caldas Novas, a cidade é muito procurada pelas águas quentes, um polo turístico, que merecia especial atenção. No primeiro posto de gasolina paramos para trocar o pneu, e seguir viagem com cuidado redobrado.

          Só na aparência a beleza da estrada Caldas Novas a Goiânia, recém-capeada, mas que pode provocar acidentes fatais. Para a roubalheira não há reza que dê jeito, só cadeia mesmo. O consolo é saber que as instituições brasileiras são fortes o suficiente para julgar os crimes de responsabilidade, além de ter um juiz corajoso em ação para prender os responsáveis pelo que acontece no país. Rombos na economia, na saúde, na educação, que vão levar anos para consertar, depois que o PT entregar o poder. O estrago já está de bom tamanho, temos que apostar em outro governo, se possível, novas eleições. E ninguém queira assumir novamente o poder para enganar a população com medidas paliativas e desviar o dinheiro para suas contas no exterior. O país, ou melhor, o povo não aguenta mais ser crucificado pela incompetência e roubalheira dos governantes.   

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