quarta-feira, 12 de julho de 2017

Riga - e uma grande saudade



                                RIGA - E UMA GRANDE SAUDADE


IGREJA DE SÃO PEDRO -RIGA


     
 Cheguei à idade, dita avançada, breve completarei oitenta anos. Avancei, sim, e acontece quando a gente passa a entender melhor as coisas, ou pensa que entende, o que é chato e cansativo, principalmente para falar aos outros, reconheço. Como também reconheço que a essa altura da vida é preciso cada vez mais estar atento às necessidades especiais, próprias da idade, como fazer exercícios físicos, e não ficar muito tempo diante do computador. Os moços também tenham atenção para isso, cuidar da saúde para poder trabalhar, produzir, e fazer o necessário para seu próprio bem e o bem comum, ou seja, o desenvolvimento humano.

Os que nascem chegam para criar e recriar o novo, a vida em contínua adaptação. Sempre foi assim. Certo que o mundo conspira para que tudo dê certo, que se encontre o caminho para viver bem e em paz. Essa eterna carência e as constantes guerras parece que estão fora do script. Se somos gênios de criatividade, é certo que precisamos ser especialmente geniais no cumprimento da nosso destino humano, da nossa humanidade — fato  que se tornou demasiadamente difícil nos tempos atuais de oscilações de humores e valores. Que pena! Que pena!...

As civilizações foram criadas pelo homem para sua sobrevivência e felicidade. Que se cultivasse a  razão,  e em especial aprendesse a amar a Deus, e ao próximo como a si mesmo, como ensina a fé, desde priscas eras, até o advento da fé cristã. Acabo de fazer um giro cultural pela Europa, incluindo os países bálticos. Na capital da Letônia, Riga,   visitamos um gueto de judeus vítimas do nazismo, inacreditável que tenha acontecido tal barbárie. Foi também na sofrida Riga, na bela Igreja luterana de São Pedro, reconstituída após a triste sanha comunista, que assistimos a um belo coral de meninos e rapazes, que iniciou a apresentação com o Laudamus te (o Gloria) de Antônio Vivaldi. De imediato, fui transportada para um outro tempo. Que saudade, meu Deus! A emoção transformada em lágrimas pela perda recente do meu irmão mais novo — o melhor de todos nós, o mais querido. 

Países, cidades, que se formaram durante séculos de vida civilizada. Mas por trás de tanta criatividade e beleza sabemos que temos um mundo difícil de viver. O mundo moderno que pulsa como nunca, mesmo que digam estar nos seus estertores. E é com certo espanto que vemos uma colmeia de asiáticas voejando em torno das bolsas em liquidação na Galeria Lafayette, Paris. Pessoas que querem ver tudo e levar de lembrança produtos de uma tecnologia invejável, mesmo que muita coisa seja feita em seus países de origem, até por suas crianças o que se diz por aí. Parece loucura. Mas se faz a economia mundial girar que mal há o produzir e o consumir? De minha parte amo estar em um Shopping, mesmo não sendo afeita a arroubos consumistas, compro sem paixão. 

A visita às capitais nórdicas de Estocolmo e Copenhague deixam em nós um gosto de quero mais. Além da riqueza arquitetônica, da limpeza e tudo o mais que se sabe, o que mais chama a atenção são os muitos estacionamentos repletos de bicicletas, ou bikes, com as quais belos e esbeltos ciclistas, homens e mulheres, pedalam pelas ruas, de poucos carro. A impressão é que pedalar dá mais saúde e alegria de viver. E de se questiono como conseguimos viver no Brasil dentro do carro, tendo que enfrentar um trânsito cruel. Por conta do sedentarismo, sem atividade física e mental, e pela falta uma vida espiritual, a obesidade e outros males, em especial osa males da alma, tomam conta de nós, pobres brasileiros, como de outros habitantes pelo mundo, uma calamidade. Tenho uma visão religiosa de vida, e também sanitarista, ou seja, de saúde espiritual, física e mental. Vejo a vida por esse prisma, penitenciando-me, inclusive.

Na elegante Estocolmo às margens do Báltico, uma feirinha vende de tudo, especialmente comida, palco de uma historinha engraçada. A risonha vendedora de uma das barracas acabara de dar uma sardinha para meu marido provar quando uma das gaivota tirou-lhe o acepipa das mãos. Havia um letreiro para que se tomasse cuidado com as gaivotas, respeitadas, como de direito. Ideal para uma refeição ligeira, onde degustamos o prato que parece ser o mais apreciado em toda a Europa, as sardinhas, ricas em ômega 3. Portugueses a puxar conversa conosco e o ambiente ficou mais agradável ainda. As acomodações no nosso hotel as mais confortáveis de todas em que estivemos, e nenhum imprevisto. 25 dias de viagem por sete países transcorridos às mil maravilhas, meus companheiros que digam se não estou falando a verdade.


Quanto ao jantar na Torre Eiffel aquém do esperado, embora tenhamos passado agradável fim de tarde vendo Paris lá do alto. E aproveito para deixar registrado aqui o meu protesto por não haver no local uma alusão ao nosso Santos Dumont, justo que estivesse entre as lembranças expostas na Torre. O brasileiro fez voar pela primeira vez um objeto mais pesado que o ar, o 14 Bis, com o qual deu a volta no monumento recém-inaugurado, e desceu minutos depois.  O romântico brasileiro pode não ter inventado a aviação, em se tratando de produção industrial e voos comerciais, uma vez que deixou de capitalizar o invento, que foi parar nas mãos da indústria americana, negociação feita com dois irmãos que na mesma época faziam sua experiências. O ilustre brasileiro merecia uma lembrança na Torre.


   



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