sexta-feira, 21 de dezembro de 2018




FELIZ NATAL!



O CULTIVO DA ÁRVORE DE NATAL

                                                 T. S. ELIOT



Há diversas atitudes para com o Natal,
Algumas das quais mão valem a pena:
A social, a torpe, a meramente comercial,
A desordeira (bares abertos até meia noite)
E a infantilizada __ que não é a da criança
Que acha que a vida é estrela, e que o anjo dourado
De asas abertas do topo da árvore
É não apenas enfeite, mas anjo.
A criança se espanta com a Árvore:
Que siga no espírito do espanto
Tendo a festa como evento não aceito por pretexto;
para que o enlevo reluzente, o encanto
da primeira lembrança da Árvore,
Para que as surpresas, deleite de novas posses
(Cada uma com um cheiro seu, empolgante.)
A expectativa de ganso ou peru
E o pasmo espera quando surgem,
Para que reverência e alegria
Não se possam esquecer mais tarde,
No costume, na fadiga, no tédio,
Consciência da morte, consciência do fracasso,
Ou na fé do convertido
Que pode ser maculada por vaidade
Que desagrada a Deus e desrespeita as crianças
(E aqui lembro também com gratidão
Santa Luzia, seu canto e coroa de fogo):
Para que antes do fim, do octogésimo Natal
(“Octogésimo” significando o que for derradeiro)
As lembranças somadas de emoção anual
Possam concentrar-se num grande prazer
Que há também de ser grande medo, como na ocasião
Em que o medo assolou cada alma:
Porque o começo há de lembrar-nos o final
 E o primeiro advento, o segundo advento.
                                           
                                              **********
O poema acima enleva, nele inspirado faço um depoimento no ano que se finda. Meu octogésimo ano de vida, das emoções derradeiras, sim, e quanto prazer em gozá-las. Também dor, medo, e o maior, que já tive, neste ano de tantas bênçãos. Fui atendida em casa pelo SAMU, assolada de medo por conta de uma queda estúpida, estava com o úmero fraturado,  o ombro deslocado, quando até então só havia quebrado um dedinho do pé. E aqui estou, ao fim da jornada de recuperação a escrever estas linhas. A consciência da dor, da morte, que nos tira de chofre a vaidade. Eu mais madura, eu criança, juntas no medo, juntas também na esperança a desejar a todos um feliz Natal. 


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