quarta-feira, 5 de agosto de 2020






             SER OU  NÃO  SER CONSERVADOR





Ela estava satisfeita com seu pequeno comércio de decoração de interiores,  não pensava em sair daquela esquina, onde tudo começara. O marido, médio comerciante antes de casar, não parava de crescer, abria lojas, inclusive, em cidades vizinhas. Ele resolveu então construir um prédio para a mulher expandir seu negócio, dois andares na quadra mais valorizada da região central. Ela preferia ficar no mesmo lugar, o que não seria mais possível, devido ao sucesso obtido até ali, e pedia melhores e amplas acomodações.

“Seria Maria uma pessoa conservadora”? É a pergunta que faziam parentes e conhecidos. Um “não” é a resposta que se pode dar, sob a inspiração de Roger Scruton. O pensador católico diz que ser conservador é entender, em princípio, o que é permanente  e o que é transitório. Normal é crescer, e o crescimento requer mudança.  Crescem as populações, expandem-se as cidades, avança o mundo em todas as direções. O tio de empresária falou-lhe:

—Se paramos no tempo, ficamos para trás, e ainda somos tachados de retrógrado, o que ninguém quer. Então, vamos em frente, que atrás vem gente.

Foi o que fez Maria, mesmo relutante.

O conservadorismo é herança de Aristóteles, reconhecida a concepção aristotélica de racionalidade, ou seja, que o homem, para usar a razão com eficácia, tem que cultivar as virtudes. O objetivo primordial da nossa vida, como seres humanos, é o amplo saber, e o bem-estar, tanto físico como espiritual. Como indivíduo, para que obtenha uma vida agradável, há dois requisitos essenciais: ter uma família para amar e ser membro de uma sociedade, que respeita e possa receber o respeito que lhe é devido como cidadão. Para a população do país, que haja “ordem e progresso”, palavras expressas na bandeira do Brasil.

Para nos sentirmos confortáveis em nossa condição humana é importante burilar  a mente, fazer luzir a alma, com a especial ajuda da religião. O catolicismo, essencialmente conservador, sua doutrina calcada na tradição greco-romana, tendo contribuído de forma decisiva para o autoconhecimento da espécie humana, e de capital importância para a formação da civilização ocidental, sua cultura, sua arte. Para o historiador inglês Paul Johnson a verdadeira causa do conservadorismo é a defesa da  civilização ocidental, seus valores eternos.

O conservadorismo é defensor da civilização ocidental, eminentemente cristã, a base do que temos de bom e de belo, tudo o que conquistamos de melhor para cumprimento do nosso desígnio humano. Ser conservador tem como princípio o direito natural à vida, à integridade física e à liberdade de ação, o que é reconhecido pela razão. Há uma disputa moderna entre liberais e conservadores no campo das ideias quanto à ampla soberania popular, liberdade individual e  direitos constitucionais. Liberdade e legalidade, em vez de simples igualdade. O espírito de conciliação para que a renovação não resulte em destruição. 

Apagar tudo para começar do nada é mera insensatez. E se Deus é elucubração da nossa mente racional, trata-se de uma criação magistral da espécie humana, razão da nossa existência, ou da nossa permanência como seres civilizados. Tenho dito, com fé em Deus. 


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