sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

 



                                                            ELEGÂNCIA

 



Maria detecta em sua gênese familiar um elegante histórico. Gerações de memorável bom gosto no vestir e se comportar, que gozavam de respeitabilidade pela  elegância no trato pessoal e na atenção ao social. Nos novos tempos, ao desprezarem os valores familiares, as pessoas passaram a se sentir um quase nada, e optaram pela transgressão. Um pertencimento aleatório passou a dizer tudo sobre fulano, e menos sobre quem ele é de verdade. A distinção pessoal sendo medida pelas roupas, viagens e tudo mais consumido e exposto para inflar o ego. O tal consumismo, e os moços “estilozos” em exposições ambulantes de mau gosto.  Uma apoteose sugando o viver.

Certo que no passado havia excesso de restrições, a mulher vivenciando um estado absurdo de opressão, cujo maior sonho era ganhar liberdade de ser e agir.  Não dava para continuar sentindo vergonha dos seus anseios, inclusive, sexuais. Daí que surgiu a pílula anticoncepcional, para dar início à revolução nos costumes. A princípio condenada, por limitar a natalidade, que estava no auge. Pairou no ar o medo de faltar gente para trabalhar e pagar os aposentados. Ainda no início do processo libertário, o cantor Tom Zé cantava para as mulheres um refrão: “Parem de tomar a pílula.”

As grandes transformações que ocorriam não davam impressão de que progredíamos. Aflição geral. O conhecimento se dilatava no tempo e no espaço, com o inacreditável pouso na lua, enquanto minguava a consciência do homem sobre si mesmo. “Nada será como antes” diziam aos quatro ventos. Lulu Santos escancarando: “Nada do que for será do jeito que já foi um dia...” Quedamos irreconhecíveis diante de nossos próprios olhos, a tatear no escuro.

Como todos sabem o homem é um animal político, e o mundo polarizou-se  numa direita conservadora e uma esquerda mais para destruidora que qualquer outra coisa. Os brasileiros por mais de uma década com a triste experiência de uma deselegante e enganadora mentalidade esquerdista. Eis que foi substituída por uma direita atípica, também sem elegância, isso por pouco tempo, acaba de sair de cena. E em retrocesso é como se encontra a política brasileira no momento.

Resta a saudade de um tempo em que era óbvio o certo e o errado, normalíssimo que as pessoas prezavam a elegância, que significa respeito aos valores universais. Estudo, trabalho, amor à vida, dando medida às realizações. Que bom se avançássemos no tempo sem perder a dignidade, sem abandonar a compostura.

 

 


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