quinta-feira, 13 de novembro de 2014




                           PUBLICIDADE  E  INFÂNCIA








          Desde o fim do século passado os nascimentos foram reduzidos a índices mínimos, em comparação com o baby boom das décadas e cinquenta e sessenta. A infância hoje gozando de privilégios como nunca se viu antes. A indústria aproveita da situação para direcionar a ela sua publicidade e vender mais produtos. Alvo dos veículos de comunicação as crianças tornaram-se grandes consumidoras. As lojas de brinquedos aumentaram de tamanho. Como assim, se há menos crianças? A explicação é que a economia deslanchou e os pais podem comprar mais coisas para seus filhos. E as ofertas não param de crescer para seduzir os novos consumidores, principalmente através da mídia televisiva.
       
       Parece que foi a partir daí que tudo começou, com a chegada da televisão, e da rede Globo no nosso país. As crianças seduzidas pela moda e os comportamentos propagados pela mídia. Os maus costumes sob protestos de alguns pais, mas para outros é como se a sociedade tivesse evoluído, quando na realidade teria retrocedido a uma quase barbárie. As saias curtíssimas, a maquiagem, os cabelos pintados e com chapinha, coisas que fazem as crianças parecerem adultas, nada respeitáveis. A informação que hoje se adquire através da comunicação midiática dá às crianças uma noção de mundo e de valores, diferentes daqueles que elas recebiam no passado pela família, escola, igreja.  
        
         Até o século VXI  as crianças não mereciam especial atenção, até mesmo sofriam total falta de consideração. Com o mundo moderno, a infância passou a ser vista com mais respeito, que devia ser protegida e educada, quando lhe foi reservada maior atenção. Sob rígido controle burguês, as crianças, todavia, eram formadas para atender ao sistema econômico, e se tornarem  adultos produtivos. O dinheiro no comando da sociedade. 
       
       Nos últimos séculos formou-se uma nova burguesia  que pouco produz e muito consome, e o que se vê é uma manada consumista, coisa que piorou com a chegada da televisão e dos veículos de comunicação. A mídia como instrumento de formação e socialização, cultura absorvida pelas crianças, ao lado de pais imaturos, formados dentro desse contexto, mas que se tornou ultrapassado. O que temos hoje é uma natureza exaurida e uma sociedade que sofre com a grave crise financeira. Por privilegiar a ganância e fecha os olhos para a corrupção padece a sociedade da quase total falta de valores, voltando-se ao passado, quando as crianças eram desrespeitadas. 

      O sentimento atual é que algo deve ser feito para que saiamos do buraco em que nos enfiamos, o que vem de longas datas. As crianças não necessitam da gastança desenfreada, mas que sejam esbanjados recursos, sim, mas para a formação de seu caráter – o amor, a afetividade, a educação, que as crianças merecem para que cresçam seguras dos reais valores que recebem. E que se deixe de formar adultos ansiosos, predispostos ao medo e de pouca iniciativa, um retrocesso. Justamente o contrário do esperado para um mundo feliz, da produção e consumo, como se queria, desde o início da vida moderna. A felicidade  pode estar fora dessa visão de mundo que nos impõe um progresso desastrado.      

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