quinta-feira, 15 de outubro de 2015





            FELICIDADE - REALIDADE OU UTOPIA?

 


 





            Ao fim dos sete dias da criação, Deus viu que tudo era bom, os peixes do mar, as aves do céu, todos os animais da face da terra, onde uma espécie se destacou das demais, atingindo sozinha o topo da escala evolutiva, o que desde o início era para acontecer. À espécie Sapiens foi dado o poder de domínio do animado e inanimado, e que usufruísse de tudo. Seria uma coabitação respeitosa, pacífica, dos seres humanos com a natureza, e não de apartados, como acontece. A bela e exuberante natureza, a sofrer com o homem, que se fez um pequeno deus, criador e predador.

         Não bastando conquistar e dominar a Terra para a mútua sobrevivência, os inteligentes e emotivos seres humanos imaginaram uma tal de felicidade, palavrinha sedutora, que ninguém sabe bem o que significa. A felicidade que para alguns estaria no aqui e agora. Para outros, os crentes, na eternidade. Eterna a vida, o universo, Deus. A eternidade da nossa alma, pois somos eternos enquanto permanecemos no espaço físico, depois na memória daqueles que amamos e conviveram conosco, e por fim, no gozo da vida eterna, ou o tanto que perdurar nossa humanidade, nossa verdade. E o que se sabe é que a felicidade não significa simplesmente alegria, vai mais além. A vida humana que, em parte, é feita de sensações, as mais diversas, da satisfação à dor.

        Estar vivo e ser feliz significaria o gozo pleno dos sentidos? Estando em jogo os desejos, sim. Mas a alegria da realização de um desejo contrapõe-se à tristeza de uma decepção, por exemplo. Em termos de beleza, que eleva as emoções, contamos com a estética natural em sua bela diversidade: geleiras, rios, montanhas, florestas, que temos de admirar, por mais longe que se esteja disso tudo, mas que nos diz mais da vida de nós mesmos, gente de imaginação, às vezes, pouco confiável. E temos a estética criada pelo homem, que realiza no mundo maravilhas, sim, coisas que admiramos por toda parte, em espacial nas galerias e museus pelo mundo afora. A estética, contida na arte, que nos causa tanta emoção, o caso de ver de perto um autêntico Vermeer, por exemplo, e saber um pouco do artista e seu trabalho.

          No mais, eu procuro, me esforço,  brigo,  gozo, numa perseguição a algo que eu quero, ou penso querer, e nem sei bem o que é, mas prova que existo como gente. Certo? Em parte, sim. Mas cuidado por estar por demais ligado às coisas, preso aos desejos, num fanatismo, como se vive hoje. Cuidado com a visita da infelicidade, justamente devido nosso modo de viver a racionalidade, que é faca de dois gumes. E a felicidade, quanto mais perseguida  for por nosso ser insaciável, mais longe ela está de ser alcançada. Acaba por se tornar uma utopia. Acima de tudo está a plenitude da vida, espécie de “santa indiferença” (São Francisco de Assis). Ou a ética da  santidade, que se pode almejar sem medo, no mínimo, para não ficar refém dos desejos.

 


        

 

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