quarta-feira, 23 de agosto de 2017




               
                                   DIGNIDADE E PAZ
       




             A cada tempo reina soberana uma forma de intolerância, velha, ou nova. A pior é a intolerância racial. Há que lastimar os séculos de escravidão. Os negros, todavia, não sofreram genocídio, como ocorreu contra o povo judeu. Leitores da Bíblia, os judeus foram considerados os mais inteligentes do mundo, e ainda na Idade Média criaram o sistema bancário, tornaram grandes banqueiros, e passaram a ser vistos como avarentos. O ódio nazista culpou os judeus de toda miséria do mundo, e daí perpetrou o holocausto. Sempre há uma desculpa para a discriminação.
          
        Certo que a intolerância visa quem tem algo que a diferencia, provoca estranhamento, ou inveja. Fortes, e acostumados à vida dura na própria terra, os negros foram exportados aos milhares como mercadoria para  Brasil. Explorados e discriminados quando aqui chegaram, em razão de um sistema que visava o avanço econômico a qualquer custo, inclusive, através do trabalho escravo. Dizer que há exploração do homem pelo homem parece fala de comunista, mas é a dura verdade.
         
       Escravidão sempre houve no mundo, os derrotados nas guerras no passado eram escravizados pelos vencedores, não importava a cor da pele, ou status social. Tempos bárbaros. Ainda hoje há quem sofra a pena do trabalho escravo. Trabalhar 8 ou mais horas sem uma remuneração, que lhe dê condições de vida digna, não seria uma forma de escravidão? Com a civilização houve a consciência dessa situação adversa, de um ser humano ser explorado por outro. Foram criadas leis compatíveis com a vida civilizada, punidas as infrações cometidas, inclusive as do trabalho escravo, ou semi-escravo, que ainda vige por aí. 
          
       Séculos depois do fim da escravidão dos negros, perdura nos Estados Unidos o sentimento de superioridade racial. Um país considerado o mediador no mundo, título que conquistou por seu poder econômico, e porque não dizer por sua força moral. Mas o que acontece é a tal miséria humana, a da soberba, além de outras. Em Charlottesville, Virginia, Estados Unidos, uma corrente autointitulada de supremacia branca sentiu-se ofendida com a retirada do espaço público, uma estátua de um herói dos confederados, colocada após a derrota na guerra da Secessão. Uma centena de homens saíram então para protestar com tochas e gritos racistas pelas ruas. Acesa a chama do preconceito racial houve a contrapartida, através dos Black Block. Houve confronto.
          
           O mundo ainda está nesse pé de guerra, embora muito já tenha sido feito para dirimir os erros, sanar as mágoas, em especial, conscientizar as pessoas de que elas devam conviver em paz. A vida é cheia de percalços, que temos de administrar, mas chegamos a um ponto desesperador. Na mesma semana do confronto em Charlottesville,  houve mais um atentado terrorista,  em uma famosa rua de Barcelona, repleta de turistas de várias partes do mundo, que passeavam e se divertiam em férias. De repente uma Kombe avançou contra a multidão matando 15 pessoas e deixando uma centena de feridos. O atentado foi logo reivindicado pela seita muçulmana terrorista, autointitulada EI. Alguns dos adeptos são jovens nascidos no Ocidente, onde vivem. Inacreditável a violência desses jovens, e no, recente caso, entre 17 e 24 anos, que acabaram mortos pela segurança espanhola. Sacrificaram suas vidas e as vidas de outras pessoas por uma ideia maluca de dominação mundial do Islã. 

          A causa dos imigrantes tem preocupado o Ocidente, pessoas que antes vinham em pequenas levas para trabalhar, e formaram comunidades na periferia das grandes cidades. O movimento recrudesceu com as guerras na Síria, com as perseguições religiosas, e tudo o mais, dando origem à fuga em massa para o Ocidente. A África também continua a exportar sua gente, que foge da fome, das doenças e de cruéis ditaduras.  Haja boa vontade para acolher essas milhares de pessoas, as que conseguem chegar após uma travessia perigosa em botes, muitos morrendo no mar, até crianças, de cortar o coração. Haja recursos para manter dignamente essas pessoas. Uma situação que tem de ser encarada de frente, sem discriminação, cada um procurando colocar-se no lugar do outro, pois não é fácil para ninguém. Haver mais tolerância no mundo, principalmente, fazer o que for possível, até o impossível, para ajudar os que precisam.  



  



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