segunda-feira, 16 de abril de 2018




 VERDADE, 
VONTADE E VIDA


PRAÇA ODORICO MENDES - S. LUÍS -MA -  Reformada


Daquele chão vazio, daquelas pedras removidas, das árvores arrancadas, o que restou? Movimenta-se o cenário de expansão populacional e econômica, tempo de mudanças, hora H das reformas. Um desejo de renovação, que só por milagre não destruiu de vez uma bela cidade de quatrocentos anos. Quando não mais valia a pena conciliar o antigo com o novo, acharam melhor deixar São Luís cair de vez. Uma ponte, e para o outro lado do rio Anil surgiu um logradouro moderno, e os shoppings, com seus complexos de cinema, gaudio dos cinéfilos maranhenses, o que vem de longe.

Tombada como Patrimônio da Humanidade, a velha cidade foi sendo abandonada pelos antigos moradores, parte caída no chão como se não valesse nada, como se não fosse digna da paz derradeira. Uma densa população a mover-se por entre os escombros, gente que não tem como ir gozar as benesses em frente ao mar  e convive com a crescente bandidagem. As aspirações limitados ao dia a dia na montagem e desmontagem das barracas, não importa se vendam ou não, os produtos de qualidade duvidosa. Certo que se divertem uns com os outro, pois a vocação daquela gente é alegrar-se, mesmo com o pouco ou quase nada. 

           Diz o professor Ronaldo Lima Lins, em seu livro A Indiferença Pós-moderna, que a vida adapta-se às contingências, assim como o gosto se molda às suas expectativas mentais"Pegando carona no eminente intelectual elucubro sobre esse esforço para construir que passa pela obsessão em demolir, tornando fatal a perda do sentimento de identidade, que é a verdadeira mola propulsora do que chamamos vida civilizada. Concordo, todavia, que por temer o perigo e pela falta de espaço, só aos poucos se abria a sociedade para as inovações. Por outro lado a sensação de repressão foi decorrente  da pressa oriunda da vida moderna, resultando nas atitudes libertárias que se seguiram. 

          Na parte antiga e abandonada de S. Luís as manifestações culturais populares, periféricas, ganharam espaço, uma espécie de tentativa de  levar  adiante o antigo ideal de vida ética. Contínua a guerra entre espírito e matéria, persistentes as tensões entre elite pensante e o senso comum, nos novos tempos. O que fazer? A avaliar bem o que se quer, saber da verdade, ter vontade, para que se possa superar os tempos difíceis, como esses em que vivemos, de destruição das riquezas materiais, de abandono dos valores morais. E não seja a vida, em sua essência, desvalorizada, ou superada, por um viver numa ordem menor, sob a égide do contingencial. Dar graças á vida, que merece firmeza de propósitos e eterno respeito. 

EM TEMPO: Há projetos de revitalização da cidade, que estão em andamento, como ocorreu à praça Manoel Odorico Mendes, recentemente entregue à população revitalizada, cujo nome é homenagem ao grande poeta, político e patriota maranhense que tem seu busto ali entronizado.    



Praça Odorico Mendes - 2018


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