terça-feira, 26 de junho de 2018







                          INFIÉIS


COBIÇA E PODER DIVIDEM  INFIÉIS


Temos que confessar: somos todos infiéis. Calma, falo da infidelidade que é deixar de gostar das coisas que antes nos causavam a maior empolgação. Costumamos colocar ideias e tudo o mais com que simpatizamos numa posição por demais relevante em nossa vida, de repente deixa de o ser. A cada tempo mudamos nosso modo de ver, de sentir, até de amar. Dos quinze aos trinta e um pouco mais é o verão da vida, é juventude, é calor, escaldante hoje em dia, quando não, uma geleira, o clima da terra causando apreensão, em todos os sentidos. Aos quarenta e cinquenta, vive-se um tempo de primavera, a temperatura mais amena, aos poucos amadurecemos. Maduros aos sessenta e setenta. Por fim, o maior privilégio chegamos aos oitenta, e quando contamos com uma boa bagagem intelectual, também espiritual, nos tornamos mais seguros, e com a certeza de que nunca estivemos sozinhos. 

            Na juventude e mocidade, é quando a tudo nos apegamos de corpo e alma,  ídolos, ideologias, sendo que é quase certo o desapego futuro. Uma  paixão de verão, costuma dar lugar à outra paixão, que toma o lugar da anterior, e tem gente que se apaixona fácil, “fica vidrado” à toa. Guarda-se fidelidade, até que um brado mais alto se alevanta. Se o coração é para amar, não tem como não estar sempre apaixonado. Quando adultos, a tendência é reconsiderar as paixões juvenis, mudar de ideia, de ídolos. Com o passar do tempo mudamos, passamos a ter outros gostos. 

           Os jovens no gozo das ensolaradas praias, vivem mais para fora. Mas quando chega o tempo de olhar para dentro, é hora de apreciar o pôr do sol, ou o que valha a pena na nova fase da vida. Ficar na mesma é deixar de viver  boas experiências, o que a idade mais avançada é capaz de proporcionar. Que bom chegar às últimas décadas dos enta sentindo o quanto foi gostoso viver intensamente todas as fases da vida. Importa e muito sermos fieis às relações pessoais conquistadas, à religião professada, às melhores causas abraçadas, que crescem na nossa afeição com o passar dos anos. 


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