segunda-feira, 20 de outubro de 2014




                          SÃO LUÍS E SEUS BONDES










Na minha São Luís, capital do Maranhão, nos idos anos cinquenta, os bondes serviam à população com precisão de horário e muita segurança, o que acontecia desde 1924, quando foi inaugurado o sistema de transporte de bondes elétricos na cidade, extinto na década de sessenta. Nunca se soube de algum descarrilhar. Íamos de bonde  para a escola, para o trabalho. Nos bondes a gente passeava, namorava para casar, lógico. E até mesmo tinha quem aproveitasse para ler, o caso do padre João Mohana, também psiquiatra e escritor, recém- chegado do sul, de imediato uma celebridade na cidade, e víamos absorto em sua leitura no bonde Gonçalves Dias.



Alguns nomes das nossas mais conhecidas linhas de bonde: Gonçalves Dias, São Pantaleão, Beiramar, Anil, apenas uma lembrança que ficou, e uma saudade grande daqueles bons tempos, o trânsito tranquilo, como a vida, coisa bem diferente hoje em dia. Muita gente a reclamar da falta que os bondes fazem na cidade, como que talhada para eles. Mas com a invasão  de carros e ônibus, tornou-se  impossível a convivência deles com os bondes, e houve até um grave acidente com o bonde S.Pantaleão, a última linha a ser extinta em 1966.





Transporte seguro, ecológico, sustentável, agradável e principalmente turístico, os bondes podiam voltar às ruas de S.Luís e serem muito úteis. Não há mais tráfego de carros em grande parte da cidade antiga, incompatível com ruas tão estreitas. A nova S. Luís cresceu para além da pontes sobre o rio Anil e Bacanga. Os bondes serviriam à população e ao turismo da linda cidade, eleita Patrimônio da Humanidade, e que acaba de completar quatrocentos e dois anos. Os turistas levados ao Centro Histórico, à região Beiramar e o Reviver. Os trilhos ainda permanecem no mesmo lugar, com todo mundo na rua, indo e vindo a pé, pessoas que podiam perfeitamente se valer do bonde.



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