domingo, 12 de outubro de 2014



                               
                           
                       DÚVIDA EM VIENA                                  


Texto refeito
         
         Quando em Viena chegamos em frente ao museu com a exposição de Carl Chagall, lancei olhar de desânimo para o grande número de pessoas aguardando na imensa fila que parecia não sair do lugar. Comentei com meu marido sobre a boa disposição dos turistas em viagens, inclusive nós, ainda bem distantes do portão, e com uma ponta de inveja de quem já se encontrava perto do guichê para pagar a entrada ao recinto sagrado da arte.  
         
         Os jovens não estavam nem aí para a fila, que dava oportunidade de interagirem uns com os outros, um casal aos beijos e abraços. Os mais velhos sempre alegres e bem dispostas a tudo quererem ver e festejar. Um grupo de japoneses, exemplos de educação em locais públicos, aproveitavam para degustar algo que lhes adoçasse a boca, que a alma era pura festa, o que transpareciam. E com certeza havia gente a se interrogar quando todo aquele suplício acabaria. 

            Nossos companheiros de viagem, o filho com a esposa, passaram batidos, mais focados nos belos palácios, circundados pelos esplendorosos jardins vienenses, e já iam lá adiante. Dei uma última olhada para a aglomeração, antes de desistir da visita ao museu, ainda em dúvida se seria melhor apreciar arquitetura e natureza tão exuberantes, ou ficar siderada diante das obras pós-impressionismo, mesmo com a visão dificultada pelos demais visitantes, o que sempre acontece nos museus do mundo todo, os europeus em especial. 

            O problema é se arrepender depois por não ter ido ver Chagall, e o que poderia ter acontecido lá dentro do museu sem a nossa presença. No exato momento em que a fila começou a andar mais rapidamente, a nossa intenção já era outra, alcançar o casal que se distanciava de nós. Ficava para depois os museus e o "tropel" que íamos participar nos antigos assoalhos do Louvre em Paris, local onde meu filho apreciaria à vontade o melhor da pintura mundial, o que ele mais queria visitar, depois da Sorbonne. Gente que estuda, filósofo, é assim mesmo, uma tarde inteira na Sorbonne.

           Vamos que vamos, incentivei o marido ao lado, e não era para retornar, coisa que não me incomodaria muito, sempre vale a pena enfrentar uma boa fila em certas ocasiões. Pior são as filas no Brasil, em total desrespeito para com os doentes nos hospitais e os clientes nos bancos. Nem avaliamos as distâncias que teríamos pela frente para percorrer aquela imensidão de jardins. Os belos palácios apenas vistos de longe, com suas imensas escadarias, que para enfrentá-las só se fosse à cavalo, com no passado faziam os reis e membros da nobreza.             
       


                       
              

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