quinta-feira, 24 de setembro de 2015





             AQUELA PRAÇA, AQUELE BANCO

       
É PRIMAVERA
hoje

Ontem
 
hoje


 
                Quase toda tarde, quando eu voltava do curso que fazia na Escola de Serviço Social, dirigida pelas Irmãs do Cristo Redentor, via um casal sentado em um banco da Praça da Alegria, que ficava perto da minha casa. Os namorados não estavam aos beijos e abraços, mas liam e estudavam, pelo que pude observar. Eu ia me casar em poucos meses, e também estivera na mesma praça, no mesmo banco, com meu noivo, que agora estava em outra cidade, onde ele morava, e eu sentia magoa pela distância. Importante que se tenha bom entrosamento antes do casamento, e quando não acontece é necessário se desdobrar depois para acertar os ponteiros. A moça era minha conhecida e sei que ela ficou noiva e se casou com aquele rapaz, depois que passaram no concurso para o qual os dois se preparavam, como para uma união bem sucedida.   

Não era costume os namorados ou noivos se relacionarem dessa forma liberal, naquele tempo o casal de namorados ou noivos deviam estar em casa sentados em um sofá, no máximo de mãos dadas e vigiados por alguém de confiança da família. Pouca conversa, um silêncio respeitoso, e reza, para as coisas se ajustarem depois da união, se não, é seguir adiante, que a sorte não era para todos.  Quanto a mim, que saí da terra natal, pude ter um vida rica de experiências, mas não resta dúvida que sempre faz falta o berço para melhor embalar os sonhos. Às vezes compensa, sim, e que não falte coragem para arriscar. Forte é a voz do coração, também da razão.

Passados mais de cinquenta anos, vejo reformada a Praça da Alegria, das muitas existente na cidade de quatrocentos anos, com seu belo casario. Voltei a pensar no casal que teriam percorrido um caminho sem grandes percalços, mas não posso saber ao certo. Quanto à antiga praça, no centro funcionava um Jardim de Infância, local que ficou inapropriado para a função, e foi reservado para atrações turísticas, em especial aquelas flores, tão belas flores, que estariam ali em substituição àquelas que floresciam anteriormente no local. Estou de viagem para S. Luís, e terei oportunidade de obter um belo buquê de flores para minha mãe que está prestes a fazer cem anos e ainda mora alguns passos adiante.     


 

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