quarta-feira, 16 de setembro de 2015





                     TER VONTADE DE PAZ

           



             Fico apreensiva, e ao mesmo tempo sensibilizada, ao pensar na dificuldade hoje em dia para os pais educarem os filhos, às vezes sozinhos, por estarem descasados, opção que escolheram, sem muita convicção, pela  facilidade  que há em criar e desfazer laços. Também por conta dos novos tempos e pelas circunstâncias, muitas crianças são deixadas à vontade para fazer suas escolhas, desde simples consumo, predispostas ao crescerem em só fazer o que lhes dá na telha. Os jovens na atualidade zonzos diante das múltiplas opções de profissão, também de amor e sexo. Alguns pais sem tempo, também com pouca vontade em ajudar, pensam ser melhor deixar que aconteça o que tiver de acontecer, certo de que os filhos chegarão aonde têm de chegar.

          Verdade que a vida segue seu curso, mesmo a nossa revelia, pois nem sempre as coisas seguem à risca o planejado. E se deva estar preparado para o inesperado, surpreendentemente melhor, em alguns casos. Eu mesma parti de casa para morar por uns tempos com meus tios, queriam formar a sobrinha em medicina. Até aquele momento não tinha em mente qual carreira seguir, limitada na minha cidade natal a duas ou três opções. Lá fui eu, certamente deixando o coração da minha mãe apertado, mas não aflito, normal que os filhos partam, mesmo com o mundo tão perigoso, como sempre foi, pior atualmente, aqui, ali, acolá. Uma ida que pode ter volta.

        Sem drama cada um abra o próprio caminho, construa seu futuro, e que seja com confiança e determinação. Lógico que os filhos voltam, depois de chegarem ao lugar almejado, ou para recomeçar, o que sempre vale a pena. As chegadas e partidas nunca são em vão, a pessoa amadurece, muda, esteja onde estiver. E tem gente que acredita em carma, até psicólogos, coisa de fatalidade. Para mim forma-se o caráter e pronto, não há carma que resista. Quando minha primogênita nasceu não fez zoada, deu o primeiro vagido e sem muito choro começou sua vida. Diferente da vizinha de quarto que parecia em fúria, depois do fórceps, quando há maior sofrimento para mãe e filho. A vida que começa e  segue diferente para cada um. O passado diferente do presente. Naquela época as crianças só abriam os olhos após uma semana de vida, hoje começam o itinerário de olhos arregalados, e penso no que teria a ciência a dizer sobre isso.

        Com o nascimento finda-se um ciclo dentro do útero materno, e outro ciclo começa, e mais outro e outro, até a morte, quando para a roda da vida. Melhor conter a fúria e sorrir com tranquilidade para a vida. E já que não existe felicidade plena, e nunca vai existir, aproveitar o que de bom a vida nos oferece, o cotidiano com ricas possibilidades do gozo da beleza e do aprendizado, que podem levar a bons momentos e boas realizações. A modernidade não é tão ruim como parece, basta saber conviver com ela. Chega um ponto em que se aprende que a paz de espírito é o que mais importa, não adianta caçar felicidade com gula de esfomeado. Ter vontade de paz.   

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