sexta-feira, 17 de junho de 2016






                              SALVE O POVO BRASILEIRO

           



 

 

           João Ubaldo Ribeiro, escritor baiano de Itaparica, é autor do livro Salve o Povo Brasileiro, um romance baseada na história da colonização portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura Militar. São 400 anos de história (1647-1977), e segundo o Google o título é uma narrativa crítico-satírica sobre a construção da identidade brasileira, sua miscigenação, baseada no estupro, na escravidão dos negros. Estaria enraizada na elite brasileira a mentalidade de casa-grande e senzala.  A hipocrisia, os desvios de conduta, o jeitinho brasileiro tratados de forma fidedigna pelo autor. Daí concluirmos que ainda estamos presos a esse passado, a exemplo do que vem acontecendo na política brasileira.  
             O deputado Eduardo Cunha acaba de ser afastado das suas funções, inclusive, da presidência da Câmara por improbidade, ocasião em que os deputados do Conselho de Ética  se comportaram  de forma surreal, costumeiro nessas ocasiões. Uma deputada, por exemplo, tinha voto decisivo para a aprovação do relatório pela cassação, e avisou que nela ninguém mandava, fez suspense, até declarar o sim. Outro esperou a colega votar para depois segui-la, antes defensor veemente de Eduardo Cunha, chegando a provocar tumulto com os insultos aos oponentes. E o mínimo que o eleitor exige dos parlamentares é que não transformem o Congresso em um circo, não se façam de palhaços  e cumpram a missão para a qual foram eleitos de legislar e zelar pela democracia no país. Os profissionais do circo que me perdoem, inclusive o ex-palhaço Tiririca, por enquanto o mais comportado dentre seus colegas deputados.

              Aconteceu a mesma palhaçada na votação do afastamento de Dilma Rousseff no Plenário da Câmara. Os parlamentares aproveitaram a exposição para prestar homenagens aos familiares, enquanto xingavam-se uns aos outros. Dois deputados com insultos e cusparada entre eles, ninguém parecendo se dar conta que democracia não é anarquia. Estarrecida a população assiste pela televisão as sessões na Câmara e no Senado, quando então os eleitos por eles buscam a visibilidade, uma vez que a respeitabilidade não seria muito apreciada em nossas plagas. A maioria dos deputados encontra-se sob investigação da Lava Jato, aguardando o dia da prisão pelos crimes cometidos. Acontece que os brasileiros votantes, de um modo geral, carecem de educação e de informação, contando atualmente apenas com a televisão, através de programas que deseducam mais que qualquer coisa. Sem noção dos valores com os quais se ergue  uma grande nação, o que esperar do futuro?

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