quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018



texto revisto
                   NOSSO BONDE DA ESPERANÇA 




     Meado do século XX na velha S. Luís-Ma, de um passado áureo, que se desfazia numa afoita modernidade, enquanto seus jovens habitantes aguardavam o futuro. Havia fé inquebrantável na vida e plena confiança nos dias que viriam, sem grandes alterações.  Nada de melhor, nem pior, era pensado por aqueles jovens, que andavam no bonde Gonçalves Dias, um bonde da esperança, como podia ser chamado. Havia uma organização social hierarquizada, com Deus em primeiro lugar, depois os pais, e os demais componentes da hierarquia social. O pai de família sem temer o desemprego, tinha como sustentar os seus com dignidade. O bem sempre almejado. A maldade de Hitler e do nazismo para sempre derrotada, o que era deveras alvissareiro.

    Não havia como prever na década de 50 o que  a mente humana seria capaz de criar, o salto que seria dado em direção a um tempo, bem diferente do vivido até então, e por séculos. O progresso avassalador da tecnologia e os avanços da ciência aonde nos levariam? E se podia até preferir ver o tempo parar, não amadurecer, muito menos envelhecer. Mas não dá para ficar onde se está,  quer se queira, ou não, temos que avançar, mesmo com risco de perder algo para crescer e evoluir. É certo que nascemos potencialmente humanos, e temos de evoluir, no que falhamos algumas vezes. Falhar era um problema sério, o que hoje em dia não causa tanto constrangimento, pois errar é uma forma de aprendizado.  

    Tem gente que não arrisca nada, ou não precisa arriscar, e perder o que tem e lhe satisfaz, mesmo aquele emprego que frustra os sonhos. E se é um trabalho que assegura a tranquilidade futura, tudo bem. Mas tem que avaliar a situação, ter empenho, faz parte da vida. Não é questão de ambicionar o impossível, o que seria pior a emenda que o soneto. O melhor é se sentir realizado, sem precisar fazer coisas extraordinárias.  

      Certo que o mocinho sempre vence no fim do filme, livra cidade dos bandidos e salva as damas das mãos dos homens maus. Assim como acontece na vida real, por maiores que sejam os entraves o bom moço a todos supera. Bom parâmetro para verificar o estado evolutivo, mental e espiritual das pessoas é observá-las sem preconceito. Observo o bom moço a tantos anos ao meu lado, já não é tão moço assim, e admiro  suas vitórias, e mais ainda sua força interior, exemplar. E quanto aos jovens de hoje, que não andam mais de bonde, e em seus carros correm em busca de uma vida melhor, mesmo decepcionados com toda violência e a corrupção. O quanto seria bom se pudéssemos acreditar nos políticos, homens e mulheres na condução do nosso país, que eles um dia mereçam confiança. Saudosa estou do meu bonde da esperança, e aqui me vejo desconfiada do mundo motorizado, computadorizado, avançado, que não se sabe para onde vai!   




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