domingo, 28 de junho de 2020



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            ECUMENISMO1

       


  

      Jesus passava deste mundo para o Pai, quando falou àqueles que iam ficar responsáveis por seu legado espiritual: “Sereis reconhecidos por todos como meus discípulos pelo amor que tiverdes uns com os outros”( Jo.13,35). E dirigiu-se ao Pai: ”É por eles que peço, por todos aqueles que pela palavra hão de crer em mim...Que sejam um, como tu, Pai, és em mim e eu em ti! Que eles também sejam um em nós!”( Jo17,20.24). Uma exigência de unidade, que os cristãos tinham por obrigação cumprir. No Santo Sepulcro dão um triste espetáculo de falta de união, há rivalidades entre latinos, gregos, ortodoxos, armênios jacobinos da Síria e coptas, que disputam pequenos metros quadrados dos Lugares Santos.
        
        Ecumênico, universal, que aceita todas as religiões (comuns as atuais reuniões ecumênicas promovidas pelos papas). A origem comum das religiões faz com que ao longo dos tempos se busque a união das manifestações comuns de religiosidade. Os vários caminhos da espiritualidade, e sendo assim que, pelo menos, se respeitem e deixem de brigar entre si. Os cristãos, em especial, por compartilharem a mesma fé no Deus único, o Pai, e Jesus Cristo, o Filho. O mundo ocidental, que se proclama cristão, mas o que se sabe é de uma fé em lutas fraticidas. Já em meados do século passado, depois de dois milênios de evangelização, em cada três homens haver apenas um cristão. Desolador esse rebanho  de cristãos divididos em igrejas, em denominações, em seitas, que se ignorem e até se odeiem, o que é muito grave.
         
       O nome de ecumenismo é dado ao movimento que prega a unificação das crenças cristãs. Os cismas e dissidências constantes, quando se sabe qual é a verdade do cristianismo, em que bases a fé cristã se sustenta. Diz Paulo aos seus discípulos em Corinto: “Vós fazeis Cristo em pedaços.” (Cor 1,13 ). Uns se dizem de Paulo, outros de Pedro, enquanto há os que pretendem ser os únicos a falar em nome de Jesus. Conquanto permaneça a nostalgia da unidade. Já nos primeiros séculos a Igreja foi dilacerada  por tendência diversas, sem nunca faltar quem alertasse os espíritos sobre o absurdo das divergências, consideradas  heresias, que aqui e ali espocavam. Foram realizados Concílios, para serem discutidas as dúvidas, e serem sanadas as divergências.
          
       Em Tertulião, por volta do ano de 210, no seu tratado contra Marcião, surgiu a célebre imagem da túnica sem costura, utilizada desde então pela Igreja. Uma tessitura única da túnica vestida por Jesus em sua passagem no mundo, que depois da morte na Cruz, foi herdada pelos verdugos, que não quiseram dividi-la. Também o lençol que envolveu o corpo morto do Mestre da Galileia, veste sobrenatural, encontrado no túmulo vazio, deixada pelo ressuscitado como lembrança, aos seus seguidores. Madalena quem esteve primeiro no local para logo em seguida ir ao encontro dos apóstolos dar-lhes a notícia. A pergunta que se faz. A túnica rasgada de Jesus várias vezes rasgada? Em 1054 houve o Cisma entre Bizâncio e Roma, dando origem a duas Igrejas, e consequentemente Concílios para que as partes se sentassem lado a lado e discutissem sus diferenças, e mantivessem a unidade. No século XVI ocorre a ruptura causada pela Reforma de Lutero, causa de “grande aflição”, nas palavras de...
        
Aceita a separação entre a Igrejas Ortodoxa e a Igreja Romana. Mas a ideia de reconciliação, ou de ecumenismo,  sempre esteve em pauta. A Túnica inconsútil teve e tem grandes defensores da sua integridade. Em 1583, a propósito da reforma da calendário, seu promotor, o papa Gregório XIII, manteve correspondência com o patriarca Jeremias II.  Em 1630 O patriarca Cirilo de Beréia tentou reatar as relações  com Roma, mas em três anos era deposto por um concílio do Oriente. O papa João XXIII utilizou oficialmente a imagem da Túnica. Os Concílios Vaticano I de Pio IX e Vaticano II de João XXIII trataram do ecumenismo.
         
       Outra hora penosa para a fé cristã foi a Reforma de Lutero. Desde os primórdios, sempre  houve quem visse possibilidade de reconciliação entre católicos e protestantes.  Erasmo injustamente julgado pelos católicos, e acabou punido com a morte. São Vicente de Lérins (sec. V) é quem nos fala: “ A fé é aquilo que foi criado, sempre, em toda parte e por todos.” Os reformadores sendo convidados para participarem do  Concílio de Trento, quando esperou-se a presença dos luteranos, pelo menos. O caminho para o ecumenismo que se intensificou no século XIX. O universo alargou-se. Tendeu-se para o cosmopolitismo. Pio IX certo dia recebeu a visita do pe. Inácio  Spencer para suplicar-lhe que tirasse a palavra herege para designar os anglicanos, e com essa intervenção foi adotado o termo acatholici  (não-católico).

Schleiermacher, um dos mestre do pensamento protestante, declarou formalmente ter como “noção da verdadeira Igreja a união pacífica e cosmopolita de todas as comunhões existentes, sendo cada uma delas tão perfeita quanto possível no seu gênero”. O humanismo ateu, sob todas as suas atuais formas, é que seria a maior ameaça contra fé cristã em todas as suas manifestações.  A unidade como um movimento  que se esboça, pela simples desejo de obediência aos princípios cristãos de compreender o irmão, o próximo. O certo é que entre católicos, ortodoxos, protestantes e anglicanos acha-se presente o desejo de união. A importância do movimento missionário tanto para católicos e protestantes. Em Kierkegard tem essa frase lapidar: ”O catolicismo  e o protestantismo estão ligados um ao outro como duas partes de um edifício que não se pode manter em pé e ser bem sólido sem que as duas partes se apoiem uma à outra”. E se possa dizer que são como duas almas gêmeas.


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