segunda-feira, 9 de outubro de 2017





     EM  LAS VEGAS E JANAÚBA DOR E HEROÍSMO             




         Fim de setembro e início de outubro de 2017, tempo duro de vivenciar, e não estávamos em guerra, mas duas tragédias, quase simultâneas, causaram comoção e revolta. Nos E.U. um homem de meia idade muniu-se de várias metralhadoras automáticas, posicionou-se em um quarto de hotel em Las Vegas e de lá descarregou rajadas de balas em centenas de pessoas que assistiam ao show Country a alguns metros de distância, matando e ferindo pessoas. No Brasil, no município de Janaúba, no norte de Minas Gerais, local que ninguém nunca tinha ouvido falar antes, outro louco ateou fogo na creche Gente Inocente, queimando a si mesmo e matando dezenas de criancinhas entre um a cinco anos de idade e também professoras. Tragéias que dão conta da malignidade do animal homem.

Também vimos verdadeiros exemplos de heroísmo, após os atentados, tanto no daqui, quanto no que aconteceu em solo americano. E se temos de lastimar a maldade, podemos felizmente louvar a bondade, o quanto o ser humano é bom e digno de admiração. Em Las Vegas os homens cumpriam seu papel de proteger as mulheres, o que se viu nas imagens da tragédias postadas nas redes sociais, “homens sendo homens”, foi o elogio a eles feitos.  Enquanto em Janaúba a heroica Heley Abreu Batista salvou seus alunos, em troca da própria vida. Outras duas professoras estão gravemente feridas. Pode até surpreender o procedimento dos homens, mas no caso das professoras, sempre as tive como exemplos de dedicação e amor ao seu trabalho de ensinar, nem sempre recebendo o devido retorno. Vocação que não é para todos, atualmente uma profissão desprestigiada a de professor,uma das graves contradições do mundo contemporâneo.

E de lá, lá longe, vem-me à lembrança da professora Cotinha, amiga da minha avó. No sertão maranhense parece que havia resistência do povo quanto ao ensino,  talvez achassem que a professora queria tirar o direito dos pais de educar os filhos. Pouca coisa existia na localidade onde Cotinha foi trabalhar ainda muito jovem e solteira, poucas casas, algumas vendas e nenhuma igreja. Dona Cotinha foi então agredida por uma mãe, por ter corrigido seu filho de algum malfeito. E o que fez a sábia e santa professora? Para amainar o caráter agressivo daquela pessoas recorreu à religião, fazendo erguer  uma igreja no povoado, dedicada a Cristo Rei, e o padre ia de vez em quando fazer casamentos e batizados, ela mesma no papel de sacerdote, ao dirigir rezas e procissões. Foi um santo remédio para aquela gente, que antes da fé em Deus, tinha a violência como solução para as questões.   

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