domingo, 22 de outubro de 2017

UM SHOPPING E SEUS QUATORZE CAFÉS

   

Quinta – feira, e como de costume  Edézio e Elisa estão no shopping para passarem mais uma tarde, como sempre fazem nesse dia na semana. Pegam um cineminha e veem as novidades. Não têm mais criança para estarem com eles, os filhos criados, os netos crescidos, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Após assistirem ao filme, o indispensável cafezinho, e iam experimentar o mais novo ponto de degustação da rubiácea, situado há poucos passos do Kinoplex. Inauguração é com eles mesmos, mas quando chegaram já não sobravam mesinhas, nem cadeiras, o local apertado no corredor.

Tiveram sorte, uma mesa logo ficou desocupada. Para acompanhamento pediram a especialidade da casa, os cookies: um de macadame e outro de chocolate amargo. “Por algum tempo o café foi acusado de fazer mal, até que foi considerado bom para o cérebro”, lembrou Elisa. Veio então a curiosidade de saberem quantos cafés havia naquele Shopping — contaram quatorze. “Será que não dá para abrir mais um café, o 15º”? O marido surpreendeu a mulher com a pergunta. A resposta veio rápida: “Não é tempo de arriscar em negócios, com a crise que atinge o comércio”. “Menos os Cafés”, Edézio retrucou.

A atenção ainda voltada para o café quando eles se dirigiam para a loja da Nespresso, iam comprar as cápsulas para o consumo em casa. Outros casais de idosos (nome que Elisa detesta) faziam seu passeio semanal, em meio à moçada que zanza nas quatro pontas do ParkShopping, distraídos dos problemas, que os mais velhos não conseguem esquecer, o consumismo. ”Como as coisas estão caras!”, Edézio reclamou, como de costume. “Sim”, disse Elisa, e continuou, “ainda bem que há o cinema e os cafés, para as pessoas não saírem comprando por impulso, seria um desastre financeiro para os bolsos da maioria dos presentes”.

            As lojas já se engalanam para seduzir os fregueses, sendo o fim de ano a melhor época para comércio. “Que crise que nada, a inflação deu um fôlego, bom para essa gente que gosta tanto de consumir”, ela volta ao assunto. Oportuno o comentário de Edézio sobre a notícia, que daquele outro lado do mundo a criançada comunista trabalha parte do ano para que o Ocidente capitalista festeje o nascimento de Cristo. “Crítica pertinente”, meu caro, “mesmo que todos continuem a comprar os produtos made in China, roupas e, agora, os enfeites natalinos, que tem para todos os gostos e bolsos”. Mas Edézio e Elisa chegam ao acordo de que as compras de Natal ficariam para outra dia, hora de ir embora, e saem satisfeitos por mais uma tarde no shopping. Quem não gosta?

NOTA: A propósito, meu filho acaba de chegar de uma inspeção em Patrocínio, cidade do triângulo mineiro, atualmente a maior produtora de café do mundo, e trouxe amostra da produção em sache especial para coar o café diretamente na xícara, uma novidade. O avanço tecnológico brasileiro no ramo é uma realidade. 


VISTA GERAL DE PATROCÍNIO- MG




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