terça-feira, 29 de maio de 2018







     O CORAÇÃO É PARA AMAR



FESTA DE CORPUS CHRISTI - PRÓXIMO DIA 31 MAIO


O lema era não desperdiçar sorriso, não rir atoa, ou quase nunca rir. Aprendia-se a viver de cara “amarrada”, Maira tinha uma prima assim, que metia medo.  “Muito riso é sinal de pouco cizo” diziam para as meninas, sempre que elas começavam a rir, algumas com o “riso solto”. Tanto era assim, que não seria bem aceito o aviso moderno de “sorria você está sendo filmado”, as pessoas vigiadas por todos os lados. A tia Olga, recém-chegada do sul, com o diploma de psicóloga na bagagem, respondeu à curiosidade da sobrinha que “cizo era o mesmo que juízo”, e em várias ocasiões falou-lhe o que se segue:

“O sorriso, forma humana de expressar os sentimentos através do semblante, a positividade do sorriso. Certo que nos primeiros momentos de vida na terra o homem não sorria, os sentimentos só revelados aos poucos, na alma e através da expressão facial. Produto da evolução a amplitude do sentir, o que os outros animais não possuem. O entendimento implícito que há no sorriso, poderoso reverberar do estado interior, da sincronicidade entre os seres humanos.  Através do riso fazemos com que ressoe um estado de afetividade, de amor mútuo.

"O que temos hoje é um mundo de cara amarrada, esse que vivemos atualmente, quando o que se deseja é ter motivo para sorrir. E nada melhor que amar e ser amado. O Coração É Para Amar, título do livro do saudoso padre Nivaldo Monte, sua feição sorridente, a demostrar a importância que há em amar e sorrir, um aprendizado, como tudo o mais que se aprende na vida. Há o sorriso de cordialidade, sem a intenção camuflada de seduzir, um vínculo que se estabelece através das conexões sensoriais e temporais com o outro, e que não haja equívoco de intenções. Que o sorriso não dê ao outro desculpa para atitudes inconvenientes. O sorriso não significa, em princípio, início de algo além da cordialidade. A positividade administrada no ato de sorrir para quem quer que seja.

"A amizade e o amor têm tempo e momento certo. No assento ao lado no avião, por exemplo, o simples cumprimento basta, sem que haja obrigação em sorrir. Vale a seriedade do convívio naquele espaço apertado, e nem sempre a pessoa quer conversar, inclusive, pode estar cansada, preocupada com o trabalho, ou coisa que o valha. Ter e exigir respeito e apreço genuínos, e não enxergar o outro como suscetível de amizade, ou amor, o que nem sempre convém que aconteça. É  inconveniente  a atenção do sorriso, quando não  solicitado. Há um  sorriso que diz tudo, e aquele que nada expressa, alienado! Importa sorrir com propriedade.

"O amor requer conexão, sincronia de ações e bioquímica. O vínculo, a rigor, só acontece depois de algum tempo de convívio, de riso mútuo. O estado de alerta é normal, às vezes até em alerta máxima, devido às constantes ameaças, inclusive de abusos sexuais. As mulheres sofrendo  assédio com assustadora frequência. No trabalho, entender o que o sorriso do colega realmente significa. A intuição e sensatez ajudam a detectar as boas e más intenções. Olho no olho é um contato sensorial poderoso, para ativar ou desativar conexões. O amor não é incondicional, não vale tudo no sentimento amoroso, nem na amizade.

"No romance Maria da tempestade do padre João Mohana, a personagem Bárbara apresenta o namorado Guilherme para o seu confessor e é ela quem fala: Palestraram tão animadamente que não deixei de perguntar: 
- Já se conheciam? 
Respondeu o padre Tarjet:
- De algum modo. Há um modo misterioso da gente se conhecer sem nunca se ter encontrado; a apresentação só faz revelar. O padre Mohana psiquiatra, mostra a conexão que existe entre as almas, a comunhão de ideais.'"
  
Não é de admirar que Maira gostasse tanto de escutar a tia, que era psicóloga, e   seus escritores favoritos eram os dois padre citados. 
  
                                          
                                          *******

NOTA: O texto acima foi escrito a partir do livro Amor  de Barbara L. Fredrickson, que trata dos relacionamentos amorosos à luz da ciência. Algumas das “revelações”  comportamentais da autora, PHD em psicologia, tratadas aqui no blog de modo contrário, ou seja, mais condizente com a realidade cristã, na convicção de que dessa forma possa haver um melhor consciência e convívio entre as pessoas.    
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário