sábado, 5 de maio de 2018






 OH, SÃO PAULO DO PAISSANDU!


EDIFÍCIO WILTON PAIS DE ALMEIDA NOS BONS TEMPOS




Um incêndio seguido de um espetacular desabamento de um edifício em S. Paulo, no Largo do Paissandu, causou forte impacto, como acontece com tragédias deste porte, e um grande movimento de solidariedade logo surgiu para acudir as vítimas. Não demorou a serem reveladas as entranhas da vida paulistana, através daquela montanha de ferros retorcidos, o que restou do Edifício Wilton Pais de Almeida, construído na década de 60, tornado abrigo dos chamados sem-teto, invasores do local. Abrigo é menos que residência, onde vivem uma massa de desabrigados, muitos vindos de outro país, e também da própria cidade para onde acorrem gente  de todos os rincões brasileiros em busca de emprego, e acabam vivendo por anos numa situação de penúria na mais rica capital do país. “São Paulo do Pacaembu, Viaduto do Chá e da Praça da Sé... Nós todos queremos que Deus te proteja e te faça feliz.”, hino do passado, homenagem a São Paulo.

O prédio de 24 andares, no centro de São Paulo, era marco do progresso paulistano, uma torre revestida de vidro, desenhada pelo arquiteto sírio-brasileiro Roger Zmekholo, que teve como primeiro proprietário o empresário mais rico do Brasil na época, dono de uma empresa próspera no ramo da vidraçaria, impulsionada pela construção de Brasília.  Sebastião Paz de Almeida chegou a presidente do Banco do Brasil e ocupou a pasta de ministro da Fazenda no governo de Juscelino Kubitschek. Empresa e carreira pública entraram em declínio com a chegada dos militares ao poder, o empresário tachado de inimigo da Revolução, e acabou por entrar em falência e por dívida o prédio transferido para o governo federal, abrigando a sede da Polícia Federal, antes de ser abandonado.  Não demorou os andares do edifício serem transformados numa favela, com barracos improvisados nos andares, sem a mínima segurança de habitação. Conforme depoimento da moradora do 5º andar, houve um curto circuito na tomada do seu barraco, onde estavam ligados três eletrodomésticos.


DESABRIGADOS DO INCÊNDIO

Devido as proporções do desastre, que aconteceu na madrugada, todos dormindo, foi um milagre que não tenha ocorrido muitas vítimas fatais, e o que se sabe, até agora, houve a morte de um rapaz de 39 anos, Ricardo Galvão Pinheiro, que costumava percorrer as ruas do centro de patins, e segundo relatos, ajudou na evacuação do prédio, orientando idosos e crianças a se salvarem das chamas, que avançavam numa velocidade incrível. Mês de Maria, e pode ter sido por sua interseção que nenhuma das 30 crianças deixou de ser salva, nem se feriu. Dentro da igreja, vizinha ao prédio, na praça, concentram-se as doações e os atendimentos, atraindo outras  pessoas que vivem nos muitos prédios no centro do S. Paulo em igual situação. Uma máfia no comando das invasões, cobrando aluguel e tudo, ajudando nas fiações improvisadas, nos tapumes de madeira e papelão, divisórias dos cubículos. A melhor moradia para a boliviana Virgínia, chegada  de pouco ao prédio, e há 17 anos vivendo na capital vagando de um lugar para outro,  fazia parte dos 25% de estrangeiros no edifício que desabou. 

O problema da moradia, como muitos outros, na saúde e educação, cruciais para muitos e muitos brasileiros, assim como para os estrangeiros que por aqui aportam, fugindo de miséria pior lá fora. O corpo de Ricardo foi encontrado depois de intensa busca entre os escombros. Os bombeiros de parabéns pelo seu trabalho heroico. Exemplos não faltam de gente boa no que faz, aplicada em seu trabalho, e quanto aos governantes que sejam vocacionados para trabalharem em prol do Brasil e seus  habitantes, como deve ser, para tanto é que são eleitos. Outubro vem aí, de eleições para presidente e governadores, vamos ver se aprendemos a lição, depois de  tanto desmando e corrupção os eleitores votem com real consciência.
EDIFÍCIO WILTON PAIS DE ALMEIDA EM CHAMAS

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