quarta-feira, 4 de julho de 2018








          PÁTRIA AMADA, BRASIL





Perder um tempo precioso em pé na fila do banco, ou no consultório médico, se for preciso, melhor que não ter dinheiro para sacar, nem para pagar a conta, e pior, não contar com um plano de saúde. Com a idade temos atendimento preferencial, mas haja paciência diante das reclamações contra os privilégios dados aos idosos. As pessoas precisam adaptar-se ás leis, ter paciência. Quando estou à espera por minha vez, seja aonde for, aproveito para rezar, ou então passo é elucubrar sobre meus escritos, e acontecem boas inspirações de momento. 

            Paciência, palavra mágica, não é fácil aturar certas coisas, e quem suporta tudo sem reclamar, um ditado popular diz que a pessoa tem sangue de barata. A explicação é que a barata tem uma substância esbranquiçada em seu corpo, e não vai até o coração, não transmite sentimento, o que acontece com o sangue que corre nas veias dos humanos, Nosso sangue pode esquentar, normal brigar, contestar, e os mais esquentados partirem para cima do ofensor com quatro pedras na mão. Olhando para trás vejo o quanto aguentei sem reclamar, ou revidei intempestivamente, um dilema de consciência da barata cascuda, que poderia ser, e em alguns casos teria voado para cima ao primeiro sinal de provocação. Barata tem asa e pode voar.  

            Vivi a juventude e mocidade numa época em que a expectativa de futuro para a mulher era casar e ficar cuidando do lar. No primeiro emprego, como concursada, meu sangue de barata serviu para eu fazer ouvidos moucos às indiretas, aturar os olhares desconfiados por ser uma mãe que resolveu trabalhar, mas teria abandonado o lar e os filhos, já crescidos, por sinal. As mulheres estavam deixando de ser a dona baratinha que quer atrair um marido com a fita no cabelo e dinheiro na caixinha. A inocente paciência do inseto, que pode dar em grave erro, em certas ocasiões sendo providencial ter sangue de barata, ter calma, ter caráter, para não entrar em confusão, nem sair em defesa de algo que não valha a pena. E tem a plateia que aguarda para aplaudir ou condenar, quando é melhor acautelar-se, que os provocadores geralmente  estão bem armado.

           Nossa pátria amada Brasil, quente pela própria natureza, tem vocação para a felicidade, também para a transgressão, parece que suporta tudo, uma anarquia, que se confunde com desrespeito, com o ilícito. As mulheres que no passado suportavam os atrevimentos e saliências dos homens, com o avanço do feminismo esses homens com más tendência viraram misóginos, perversos, daí o aumento exponencial dos casos de estupros. Moralizar o país, que começa pelo respeito ao próximo, às leis, e que possamos nos libertar dos desmandos da corrupção, o que só atrapalha o futuro dos nossos filhos e netos. Esse nosso sangue de barata interpretado como conivência com o crime, com a corrupção, que vêm atrelados a toda essa liberdade, que não passa de libertinagem.  

              Na verdade, formiguinhas é o que somos, um povo laborioso, que às vezes carrega às costas um peso maior do que pode suportar. Mas que lindas as gaivotas, dessas que eu vi voando às margens do mar Báltico, em Estocolmo, numa daquelas feiras apreciadas pelos turistas, hora do almoço, e os pássaros, com uma rapidez incrível aproveitavam para tirar as deliciosas sardinhas dentre os dedos do descuidado. Afinal é o alimento da gaivota, não há o que reclamar, um cartaz avisava logo na entrada: “Cuidado com as gaivotas”. As gaivotas são irracionais, não roubam, enquanto nós racionais roubamos e nos deixamos roubar, e hoje o de que mais precisamos é acabar com esse triste costume da corrupção, que testa o meu, o teu, o nosso sangue de barata. Até quando? Temos nossos pais, possuímos uma pátria amada, salve, salve, mas nem sempre eles nos amam, nem nós os amamos como deveríamos. Pensemos nisso.


VIVA A SELEÇÃO!

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