quinta-feira, 7 de março de 2019


CONTO



                     PADRINHOS E MADRINHAS



PIA BATISMAL ano 1100




                "Minha comadre Berta, meu compadre Baltasar”, falava com orgulho a mãe de Maria, referindo-se aos padrinhos de uma das filhas. De dar inveja a quem não tivesse padrinhos iguais. Em compensação, Maria tinha três madrinhas, mas um único padrinho, um apadrinhamento considerado de nível inferior comparado com aquele outro orgulhosamente citado, um casal de destaque na sociedade. Maria sem muita aproximação do padrinho, mas das madrinhas recebia a atenção devida, disso não tinha queixas, mas com um detalhe, suas queridas madrinhas nunca se casaram. Falavam que ela herdaria das madrinhas a sina de ficar solteira. Tantas madrinhas, como podia ser? Simples, era uma madrinha de Batismo, outra de Consagração, ou firmação, e por último a madrinha de Crisma. 

        Coisa séria a escolha dos padrinhos, que se convencionou serem os segundos pais para as crianças, que cresciam tendo essas pessoas, seus padrinhos, com que contar na vida além do pai e da mãe. Na escolha dos padrinhos levava-se em consideração o parentesco, ou proximidade, irmãos, parentes e amigos próximos. Catastrófico escolher padrinhos errados, quando então os pais perdiam a oportunidade de legar aos filhos amigos tão especiais. Maria pensava assim. 
                 
          A grande importância que há em ser madrinha ou padrinho, sonho de Maria a certa altura da vida, quando via nascerem as crianças da família, ela também uma criança. O desejo de ser madrinha perdurando por alguns anos mais, o que podia revelar a vocação de Maria para a maternidade. E se tivesse sido escolhida para madrinha, teria optado por  ser mãe mais tarde? Questionava Maria para si mesma, com a ressalva de que teve três ótimos filhos, exemplos de pessoas do bem. O certo é que o apadrinhamento, ou seja, dar a bênção na pia batismal para uma criança pode gerar um amor filial e amizades para sempre, não tem como ser diferente.
                  
           Maria aos 18 anos recebeu convite para ser madrinha de consagração de uma prima em segundo grau, enquanto a madrinha de batismo foi a tia, por parte de pai. Uma honra ser madrinha numa família de muita fé. Maria a recordar com delicada atenção os ritos católicos, que religam alma ao alto, e fortalecem os laços afetivos entre as pessoas. É aquela madrinha que reconhece a Igreja Católica como uma instituição, que não pode falhar, mas nos dias atuais sofre tremenda agressão em seu próprio seio. Diz convicta à filha ao lado:

         - Quem me dera pudesse eu um dia escrever um livro sobre culpa e redenção!... 


             
                  
                  




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