sábado, 4 de maio de 2019





CONTO

                   JUNTOS PARA SEMPRE



       
    Assunto não falta quando mãe e filhos se põem a falar sobre os problemas nacionais. Maria conversava com sua filha casada e com um casal de filhos. Estavam para se despedir quando um dilema lhes ocorreu, que as coisas seriam difíceis no Brasil por ter um povo miscigenado, do que  já ouvira várias vezes. Resolver por a questão em pauta:
      
     — Fundiram-se alhures a cultura branca europeia, a negra africana e a amarela indígena, e assim formou-se a identidade nacional brasileira, o que pode ser considerada uma feliz ocorrência, no que acredito, mas ás vezes duvido se essa arrumação foi positiva, ou  seria melhor se tivessem deixado os índios sozinhos e em paz nessas vastas terras.
          
    — Sim, Mãe — responde a filha animada em abordar o assunto — nossa condição é especialíssima, de miscigenados que habitam uma parte considerável das terras americanas, num rico país de nome Brasil. Acho que temos algumas vantagens, por conta da diversidade cultural, como também nos são negadas algumas possibilidades de crescer mais uniformemente, você não acha?
      
       O assunto entrava em seara difícil, do preconceito, pois tem gente que acredita em raça superior e inferior.
        
         A Mãe arriscou:
        
      — Somos duzentos milhões de pessoas juntas por força do destino, que têm de conviver, e que reine a paz e harmonia entre nós, ou sofreremos eternamente o drama social da discriminação. O preconceito existe mundialmente, haja vista o problema dos imigrantes e refugiados. Não é diferente entre nós, por incrível que pareça. E o que devemos ter é a  consciência de entender que somos um povo originário de raças de origem diferente, que um dia se juntaram, e juntas permaneceremos para sempre, com a graça de Deus.
          
        Havia chegado a filha mais nova de Maria, com nome de Amélia, mas que não tem nada a ver com a mulher submissa homenageada por Pixinguinha: “Amélia é que é uma mulher de  verdade.” As palavras da filha número dois eram de fé no país:
          
        — Sabe, mãe, o Brasil, nosso amado Brasil, se pode dizer que “é uma brasa, mora“, como cantou o rei Roberto Carlos. Elegemos nossos reis, tem o rei Roberto Carlos da música, tem Pelé, rei do futebol, tem o rei do gado, que não me ocorre o nome, e por aí vai. Já fomos um reinado de verdade, isso em priscas eras. Hoje em dia tem os intitulados de reis no mau sentido, querendo tomar conta de tudo, mediante exploração e roubo. Lá em cima a Lava Jato prendendo os corruptos, enquanto na parte de baixo, do lhé com cré, estão todos comprometidos. 

           A Mãe concluiu:

        - Temos, sim, de ter orgulho de ser quem somos, miscigenados, e tratar de valorizar mais os que estudam e produzem bens de natureza intelectual, assim como a produção material, valorizar os que investem e ter o maior respeito pelos professores e todos os que trabalham de verdade pelo bem da nação. Certos de que juntos venceremos.

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