quinta-feira, 10 de outubro de 2019






               SÍNODO DA AMAZÔNIA





Há dois anos, foi agendada pelo papa Bento XVI a realização do Sínodo da Amazônia, que ora acontece no Vaticano entre os dias 6 a 27 de outubro de 2019. Foi anteriormente elaborado o Instrumentum Laboris que servisse de guia aos participantes, os cardeais convocados assim como autoridades civis ligadas às causas religiosas, políticas e sociais, ecológicas. A ala conservadora da Igreja de imediato colocou em pauta suas preocupações quanto as a ambivalências no texto, como também as ideias em desacordo com a tradição evangelizadora da fé católica, até mesmo contra seus dogmas. Os trabalhos estão distantes da paz almejada, com vozes  discordantes das possíveis “decisões heréticas” do Sínodo, até mesmo contra o papa Francisco, apontado como comunista. A revolta é grande nas redes sociais.

As mudanças dos últimos anos no Brasil, como no mundo, não foram poucas, e no exato momento em que se instala o Sínodo acontecem fatos graves por aqui, como os incêndios na região amazônica, talvez um pouco mais neste ano. O presidente francês aproveitou a tragédia das queimadas para reivindicar seus direitos de interferência na Amazônia, que seria o pulmão do planeta e estaria sendo destruído pelos brasileiros, uma balela. Ainda bem que o presidente brasileiro eleito, o conservador Jair Messias Bolsonaro, é   daquelas personalidades com o dom da fortaleza para resistir bravamente às afrontas externas, como resistiu à facada que levou durante a campanha. O presidente Bolsonaro substituiu o petista Lula da Silva, que deixou nosso país em grave crise econômica, após 14 anos de governo do PT.

Não é uma questão de ser contra o papa Francisco, mas entender suas posições, na verdade faz parte do DNA da Ordem dos Jesuítas a que pertence, a íntima convivência  com as culturas dos povos a serem catequizados — isso no remoto passado.  Nos tempos atuais não há razão que confirme a ideia de que seja válido para a fé cristã o “enriquecimento recíproco das culturas que dialogam”. A igreja católica em sua missão evangelizadora, com seus dogmas de fé, consolidada na crença em seu Deus, nada tem em comum com as danças rituais de homenagem aos deuses dos povos indígenas da Amazônia.
A doutrina católica, baseada na ética e na moral, difere em tudo das crenças primitivas. E não se perca a noção de quem somos, do que construímos culturalmente ao longo nossa existência como civilização. Mesmo que não seja desprezível o que resiste como cultura alternativa a ser considerada válida, devoções que o povo cria para louvar a Deus. Devoção é diferente de profanação, que mexe na liturgia da igreja católica. Questão de culturas diferentes, e não há por que escandalizar-se com as representações dos índios para o papa  Francisco nos jardins do Vaticano. Temos que respeitar essas pessoas, anteriores habitantes dessas nossas (ou deles?) terras. Conquanto a missão evangelizadora da igreja deve ter como obrigação respeitar o que está fora do seu conteúdo espiritual. E, mais importante que tudo, rejeitar o que não for a “verdade revelada, que purifica e eleva toda cultura”. Sendo assim, se a igreja mantiver a tradição de evangelização dos índios, jamais deve consentir em ser aculturada por esses povos primitivos.   

Uma pergunta feita sem o devido conhecimento sobre o papel da igreja no mundo: “O que a ecologia, economia e política tem a ver com  Igreja?”   a resposta é as questões do mundo civilizado tem tudo a ver com a fé cristã, que moldou a civilização ocidental. Hoje uma civilização, que arrisca perder essa denominação, desde que a incivilidade passou a nortear as ações e reações das pessoas na atualidade. A Igreja que nunca deixou de atuar junto à humanidade, social e espiritualmente, inegável a íntima relação que existe entre espírito e matéria. Em 1891 o papa Leão XIII promulgou a encíclica Rerum Novarum. Já no século XX, em 1963, João XXIII   que convocou o  Concílio Vaticano II, fez chegar aos adeptos da fé católica a Pacem in Terris. A igreja sempre preocupada com os problemas sociais e políticos, inclusive como reação ao comunismo, que ameaçava o mundo com o ateísmo, com a desculpa de livrar o mundo da pobreza. Pior a pobreza de espírito, mãe de todas os  males. No documento Instrumentum Laboris está clara as intenções do Sínodo, quando diz: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para a ecologia integral.”  É muita falta de conhecimento sobre o papel espiritual da extraordinária instituição humana e divina, que á a igreja católica, sob as graças do Espírito Santo.

O Sínodo deve ser claro quanto às suas intenções, para que os leigos possam entender melhor a fé que professam, e possam conscientemente  aplaudir, ou levantar sua voz contra qualquer abuso.   

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