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                  PRIMITIVISMO NÃO!

PRAÇA DEODORO S. LUÍS - MA

 Uma das cidades mais antigas do Brasil, com lindo casario,  patrimônio da humanidade -- Maria lembra de S. Luís, quando ia a pé para o colégio das freiras a alguns quarteirões de distância de casa. No caminho havia uma Fonte, que ela sempre parava par admirar, e, quando possível, entrava para visitar as duas igrejas, tão antigas, que fazia a imaginação correr solta. A aluna do Santa Teresa a recordar um passado que não vivenciara, mas via as pessoas andando por ali, as mulheres com seus vestidos longos arrastando sobre as pedras do calçamento. Ia sem pressa, ladeira acima e abaixo, para chegar ao colégio. Das colegas lembra algumas, em especial, Natália das mútuas confidências, juntas passeando na praça, ou no bonde dando uma volta. Certo dia ela lhe falou:

— “Tradição, sim, primitivismo jamais”, foi o que disse minha tia, estando a igreja católica em um momento difícil da sua história, a ala esquerdista em atuação para mudanças radicais. Enquanto os conservadores pedem mais respeito à tradição. Pode até ocorrer uma ruptura.

Assunto difícil para as duas jovens digerirem. E na semana seguinte era bem trivial o assunto que a amiga de Maria trazia para comentarem:

— Uma parenta gosta de fazer surpresa, coisa que minha tia detesta. Quanto a mim odeio desafios, o que está na moda, as batalhas de matemática refletem o momento. Não dá para criar nada é só decorar o resultado, coisa para as máquinas de calcular.  Acho que tenho algum trauma, e nunca vou aprender a multiplicação dos sete, oito e nove. No que invejo Marilda, que é uma sensação na tabuada. E tu Maria, o que dizes das surpresas e dos desafios da vida?

Maria escutava com paciência sua amiga Natália, tão madura em seus questionamentos, sem ter como responder-lhe a contento.  Em casa também tinha uma tia solteira, a quem costumava levar suas dúvidas. E certo dia perguntou para sua tia Ilza:

— A senhora acha que eu sou problemática? Eu mesma acho que sou boa, amiga e santa.

Geralmente a tia não dava resposta a esse tipo de pergunta, mas aproveitava para aconselhar a sobrinha. Sobre as surpresas e desafios da vida ela achava natural que aconteçam, e a pessoa aprenda a lidar com eles. As dores de cabeça é que deixavam a tia de Maria um pouco tensa, até mesmo sarcástica,  diante de uma situação que fugia do seu controle, quando então falava:

— Ensino do modo que faço.  Mas é claro que preferes fazer do teu jeito. A bainha da tua saia ficou feia, mas saibas que o avesso, mesmo não estando à vista, tem que ser perfeito. Concluíste a tarefa muito rapidamente, de forma tosca, o que não está certo, vais precisar da perfeição para seres uma boa pessoa e mais ainda correta em tuas atividades, seja como amadora, ou profissional. 

E assim passaram-se 10, 20, 30 e mais anos... Antigas querelas voltam com o tempo, e está em andamento no Vaticano o sínodo da Amazônia, duas alas da igreja outra vez em confronto. As surpresas e os desafios da vida que não param de acontecer, e de se repetirem. Em debate o acolhimento das nações indígenas para vivenciarem a fé cristã de forma primitiva, em vez da conversão ao modo de ser espiritual tendo  evoluido ao longo do tempo pela igreja católica.  Os índios livres, leves e soltos fazendo suas pajelanças numa eterna Roma, sob os auspícios da igreja dos apóstolos Pedro e Paulo. A pergunta que não quer calar: O sínodo da Amazônia será cismático? Certamente que não.

AMAZÔNIA

Mudando de assunto: O Nobel da Paz de 2019 foi concedido ao primeiro ministro da Etiópia, país africano, que recebeu a honraria devido ao acordo feito com a vizinha Eritreia, após 10 anos de conflito. Sobre o agraciado foi dito o seguinte: “Na Etiópia, mesmo que muito trabalho permaneça, Abiy Almed iniciou em seu país importante reformas que dão aos cidadãos a esperança de uma vida melhor e um futuro mais brilhante.” O progresso que todos os povos buscam alcançar, que dele resulte a paz. Conquanto a luta seja constante contra o atraso, não havendo como compactuar com aqueles que pregam um retorno à barbárie, ao primitivismo.