segunda-feira, 21 de outubro de 2019







                             GRANDE MÃE - A AVÓ




Ela não podia se permitir um momento de fraqueza que fosse, mas naquele fim de tarde estava sozinha, e pensava até mesmo na possibilidade de um dia ir para uma casa de idosos, sem problema, a vida difícil para todos, as coisas mudam, e de algum modo se invertem. As voltas que o mundo dá; ás vezes os outros que precisam de nós, outras somos nós que precisamos... Pensou nos netos, um por um, dizendo seus nomes, queria vê-los todos felizes. Foi surpreendida com Joaquim que chegava para o almoço, e brincou com ela: “Pensando na morte da bezerra, vó?”

A vó Clotilde era uma pessoa alegre, e logo abriu seu melhor sorriso. Mas foi sincera:

— Sei que não ficarei muito tempo ainda por aqui. Quem dera que eu tivesse superpoderes, nem sou eterna. Só quero que vocês, meus netos, pensem na velhice como um tempo útil, e mesmo bom de viver, eu mesma acredito que estarei bem, mesmo aos 100 ou mais anos, se Deus permitir.

Maria chegou logo depois, findo os três dias de retiro no colégio das freiras. E antes de irem dormir naquele dia, a neta falou para avó:

— Não sei... Depois do silêncio e meditação que experimentei não sinto mais  aquela vontade de falar, ser uma matraca, como diz a tia. Mas o quanto é agradável ter bons sentimentos, que existem guardados dentro do nosso coração, como se fossem tesouros, basta resgatá-los. Sou quase adulta, e mesmo que não seja muito divertido crescer, também não é um castigo, pelo contrário.

A seguir Clotilde falou o que os netos precisam ouvir de uma avó:

— Meus netos queridos, se crescemos é para podermos avaliar melhor nossas ações, evitar omissões, cuidar das pessoas que amamos e de todos que precisam de nós.

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