sexta-feira, 1 de março de 2013


O DIA DO ADEUS

Bento XVI deixa, não por morte e sim de livre vontade, o Trono de Pedro, após oito anos do seu pontificado, por lhe faltar energia material e espiritual para comandar o rebanho, o que o papa declarou ao ler sua carta de renúncia dirigida a todos os membros da Igreja, em especial aos fiéis seguidores do catolicismo, que são mais de um bilhão em todo o mundo.  Acompanhamos tudo pela TV, até a despedida emocionada do bávaro Joseph Ratzinger, que passa a ter o título de Papa Emérito.  Desde o início Bento XVI pareceu estar deslocado no cargo, assim como o risonho João Paulo I que não aguentou o peso da responsabilidade e veio a falecer um mês depois de empossado. A despedida nesse dia 28  de fevereiro de 2013 foi à altura do emérito homem de fé e intelectual sério, grande auxiliar de João Paulo II, a quem sucedeu. Pensar naquele jovem que, por contingência e não por escolha, fez parte da juventude nazista e se tornou papa é um desafio para a consciência católica. Um soldado de Hitler? Seria cobrado por isso, também pela alta capacidade intelectual dentro da fé que abraçou. Tantas vezes posta à prova, o que certamente fez com que deixasse o posto mais alto da hierarquia da Igreja Católica, não por covardia, mas para que outro mais apto complete a obra de renovação da Igreja. O primeiro passo foi dado, desafio imenso para o sucessor de Bento XVI.
O mal ronda as ações humanas e a Igreja não está isenta dele, sempre muito assediada pela malignidade. Até um mordomo apareceu par colocar lenha na fogueira, personagem que fazia tempo não aparecia na cena do crime como culpado. Foi perdoado, e a partir daí se tornou necessário averiguar o que estava acontecendo por trás do roubo dos documentos pontifícios, escândalo apelidado de Vatileaks. Bento XVI encomendou a três cardeais de sua confiança uma averiguação minuciosa, e o resultado foi por demais desabonador para o alto clero. Sucumbiu o emérito papa ante tão triste realidade, de ver os “peixes ruins na rede de Pedro”, conforme suas próprias palavras, ao expor a triste realidade de sexo, roubo e chantagem nos corredores e quartos da Santa Sé.  Bíblicos vendilhões, que ainda podem influenciar no conclave que vai eleger o novo papa. Mas o alerta foi dado, e não poderia vir de forma mais contundente do que a revelação da malignidade, e consequente renúncia. Como é doloroso aos católicos, e mesmo não católicos, ver um homem afeito ao saber, às discursões filosóficas, dedicado a sua fé, a sua Igreja, ser tristemente apunhalado pelas costas, derrubado justamente por aqueles que dizem acreditar, como ele, em Deus. Mas quanta impiedade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário