domingo, 25 de maio de 2014



                                   UMA VIAGEM INESQUECÍVEL
           




           Aconteceu mês passado, quando partimos para conhecer a Itália e rever Portugal. Fomos eu, meu marido e nossa primogênita, Vivianne, que estava de férias por apenas quinze dias. E nada melhor que uma filha viajada para acompanhar os pais, coitada ter que aturar velhos ranzinzas, que abdicaram das excursões. A viagem planejada três meses antes, dentro dos conformes: passaportes novos, passagem comprada, estadia marcada nos hotéis e alguns passeios programados, aonde ir ou não ir. Chagamos ao aeroporto confiantes de que estava tudo certo, mas logo no check-in eis que a atendente da TAP, nos fez ver que nossos passaportes estavam vencidos. Como assim? Notei que a moça, muito simpática, ficou com pena dos dois velhinhos que tinham esquecido de tirar passaporte novo. O caso é que o pai de Vivianne apresentara os antigos, já vencidos. Felizmente havia tempo de voltar para pegar os novos. E daí por diante nunca do passaporte se apartar. Bem que na fila uma senhora nos havia alertado:  “Estou vendo que vocês não costumam viajar...” Quando ela se foi com sua maletinha, ainda olhou de soslaio para as duas maletas, não tão grandes, mas íamos ter de despachar. Desfeito o engano do passaporte, tudo acertado, era só aguardar a chamada para o embarque. Mas eis que na hora H avisaram que o voo fora cancelado, o piloto estava com labirintite e só no dia  seguinte viajaríamos. Na hora indicada, às 9h, lá estávamos a postos outra vez. Mas cadê o pessoal da companhia aérea? Pergunta aqui, indaga acolá, e nada, o local de atendimento deserto e uns poucos passageiros atônitos como nós, inclusive, o jornalista Alexandre Garcia. (Depois soubemos que os demais passageiros haviam embarcado nas primeiras horas do dia, e não fomos avisados do voo). Em desamparo diante daquela situação, foi quando nossa filha resolveu ligar diretamente a Portugal, e fomos colocados no voo à tarde. Horas depois é que surge a moça para nos atender com o voucher de alimentação, o que restou para ela fazer, pois já tínhamos resolvido tudo pelo celular.
                  





           Embarcamos, finalmente, mas os imprevistos não pararam. Viajamos sem saber onde estavam as malas, que foram despachadas sem os donos. Em Lisboa tivemos que passar algumas horas antes de seguir para a Itália, nossa primeira parada, de onde só retornaríamos cinco dias depois para, aí sim, visitarmos a santa terrinha dos nossos antepassados. E as malas? Nos tinham informado que estariam no bagageiro da companhia, onde deveríamos procurar assim que chegássemos em Roma. Mas não estavam. Tínhamos que procurar nas esteiras, eram 10, mas como tenho meu sexto sentido fui na última e lá estavam elas, incólumes, esperando os donos, ou algum ladrão. Se fosse no Brasil, coitado de nós. Roma é aquele deslumbramento, parece uma cidade em ruínas, restos de uma história de mais dois mil anos de civilização. Só que no interior daqueles prédios antigos, muito bem preservados, pulsa a riqueza que o progresso produz, as mais famosas grifes, os mais badalados restaurantes, gente rica e sofisticada, como a estação de trem, onde embarcamos para Florença.






                Florença, dia ameno de primavera e encontramos uma encantadora cidade de tantos séculos,  preparada para receber os turistas, que sabem porque estão ali,  e se pôde ver um artista a pintando no meio da rua, sobre um calçamento de alta qualidade, nada menos que “A Mulher de Brinco de Pérola”  de Vermeer, artista holandês do século XVII do qual sou fã de carteirinha. Estava perfeito dentro do possível. Mas para não dizer que não aconteceu nada de imprevisto nesse passeio, Murilo Veras, meu respeitável marido, engasgou-se no restaurante, e com um pedaço da carne crua. Também pudera, pedir carpaccio, dá nisso.
                  





                   Fizemos uma parada na cidade do Porto antes de ir para Lisboa. Como eu podia deixar de conhecer a terra natal do meu bisavô, Antônio Dias, que veio fazer investimentos financeiros no Brasil, precisamente em São Luís, onde aplicou dinheiro nas firmas mais conceituadas da capital maranhense, mas que a cada dia morria um pouco, com saudade do torrão natal, banzo como se dizia?  Aqui casou-se aqui com Amelinha, linda filha de portugueses radicados no país, teve seis filhos, e já voltava, quando o coração não resistiu, especulo eu, que o coitado estaria dividido entre dois amores: Porto e S. Luís. Como foi agradável estar na Praça dos Aliados, onde os intelectuais no passado se reuniam em seus cafés para discutirem a situação política, inclusive Fernando Pessoa que por ali perambulou com seus pares, informou-nos o guia pelo fone. Aproveitamos para dar uma esticada até Guimarães, antiga capital do país, de onde trouxemos boas lembranças e uma bela imagem de nossa senhora em cerâmica pintada à mão, que está agora enriquecendo meu pequeno santuário. No aeroporto no voo para Lisboa, dessa feita foi over booking que nos impediu de viajar. Ao sermos chamados para fazer o chek-in  recebemos então a agradável surpresa da indenização  750 euros pelos contratempos, já depositados no Multibanco europeu. Isso é Europa!
            




              Lisboa, finalmente: “Lisboa, velha cidade, cheia de encanto e beleza,  a sorrir sempre airosa”. O hotel de instalações modernas, num prédio antigo do centro da cidade, todo remodelado por dentro, ficou só a casca, como acontece em São Luís com os prédios tombados. Nada melhor que se estar bem alojado para o descanso depois das andanças. Chegamos cedo e já nos dirigimos ao Rossio, descendo a pé pela Praça da Liberdade. Fim da primavera e começo do verão, bom tempo para a viagem. Em nossa segunda visita ao Mosteiro dos Jerônimos e à torre de Belém, que tínhamos conhecido em 1976, constatamos as mudanças, os arredores bem diferentes, e o número de turistas muito e muito maior agora. O Oceanário de Lisboa, atração recente, depois da União Europeia, imperdível ver tubarões bem de perto e tanto animal marinho estranho. No complexo do referido “oceanário”, já mortos de fome, tivemos a agradável surpresa daquele restaurante de uma brasileira, excelente o churrasco e tudo o mais,  era como se estivéssemos no Brasil.
          




                     Visitamos Fátima, santuário em homenagem à nossa mãe divina,  grande a emoção que se tem de participar das orações, acender velas, rezar nos túmulos dos “pastorinhos”, que a Igreja sabe preservar a fé, tão necessária neste nosso tempo, onde ninguém crê em mais nada. Na bela Sintra deixamos ir o guia apressado com seu carro, para ficarmos e apreciar melhor a cidade, havia  trem para voltar, a estação logo ali perto, em meia hora retornaríamos em Lisboa. Isso é a Europa! Depois da visita a dois belos castelos, almoçamos tranquilamente, e Viviane pôde então matar sua vontade de comer bolinhos de bacalhau, uma especialidade portuguesa nada fácil de encontrar nos restaurantes de Lisboa, parece incrível. Passeio dos sonhos para nós brasileiros que somos tratados em Portugal como irmãos, endinheirados para eles, amém, amém. Portugal também saindo da crise do euro, mas o povo a se queixar do corte nos salários.
                


                  Estamos de volta ao Brasil, e já programamos retornar para mais três meses na Europa, ainda neste ano de 2014.

       

      

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