quinta-feira, 5 de junho de 2014




                                    MUROS MÍTICOS

            


                           
         


                           Os muros altos das antigas casas de São Luís, como vemos na foto, têm história. Ao olhar aqueles dois muros, um diante do outro, separados por uma rua  estreita da capital maranhense, ocorreu-me decifrar o que eles nos dizem. Ainda no século XX  falava-se em “cidade de muro baixo”, no sentido dos seus moradores estarem sujeitos aos olhares curiosos de fora, ao “disse me disse”, em suma. No caso, não havia dinheiro para erguer muros mais altos, o que só as cidades ricas e seus moradores possuíam, para melhor se protegerem, não só dos curiosos, mas principalmente dos ladrões que podiam invadir suas residências.
                A cobiçada capital maranhense, fundada por franceses na colônia portuguesa, daí o seu nome, também foi invadida por holandeses, que transpuseram os muros da cidade, e lá permaneceram por três anos. Já no tempo do império, livre das invasões estrangeiras, a cidade de São Luís foi urbanizada, a exemplo de Lisboa, em quarteirões, com ruas retas e bem traçadas, quando então os moradores endinheirados passaram a erguer muros em suas casas como proteção de “invasores” locais, também dos olhares curiosos de fora, certo? Costume que perdura até hoje   nos casarões das grandes capitais, o que não é o caso da pobre capital maranhense, que teria de há muito virado cidade de muro baixo, o que se lastima. Não a falta de muros altos, mas a pobreza.

               A modernidade trouxe consigo a ideia de derrubarem-se os muros que separavam as pessoas, as culturas, consequentemente a liberdade de pensamento, de costumes. Tinha que acontecer, bom que aconteceu, não fossem os problemas advindo da falta de compostura, que torna as pessoas por demais vulneráveis. O excesso de exposição da pobreza, material e moral. A televisão que não se cansa de expor as mazelas nacionais, principalmente as da política. Na internet, temos os usuários que se expõem, ou são expostos indevidamente, por falta maior proteção ao indivíduo. Que voltemos então a erguer muros, os da censura, por exemplo? Não, apenas que todos tenham uma vida mais respeitosa, que os políticos tenham pudor de cometer ação tão indigna, de roubar seus eleitores no que há de mais importante que é o direito a uma vida digna. No Brasil da Copa, ano também da eleição presidencial, votar em quem? Os eleitores da Dilma já sabemos quem são. Quanto a nós outros, dúvida cruel! 

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