quinta-feira, 21 de abril de 2016










ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA

  
                                                Cecília Meirelles

 
 
 
Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre o sigilo e a espionagem,

acontece a Inconfidência.

E diz o Vigário ao Poeta:

“Escreva-me aquela letra

Do versinho de Vergílio...”

E dá-lhe papel e pena.

E diz o Poeta ao Vigário,

com dramática prudência:

“Tenha meus dedos cortados,

 antes que tal verso escrevam...”

LEBERDADE, AINDA QUE TARDE,

ouve-se ao redor da mesa.

E a bandeira já está viva,

e sobe na noite imensa.

E os seus tristes inventores

já são réus - pois se atreveram

a falar em Liberdade

(que ninguém sabe o que seja).

...

(...Liberdade - essa palavra

que o sonho humano alimenta:

que não há ninguém que explique,

 e ninguém que não entenda!)

 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário