sábado, 30 de abril de 2016





                                  PARA SEMPRE

 








                    Em alguns de nós há um sentimento amoroso de se pôr em sossego, uma vez que seria arriscado falar ou se movimentar. Em contrapartida tem gente que está sempre pronto para dar e receber, para amar e ser amada, consolar e ser consolada. Ter condição de cuidar mais do que inspirar cuidados, é dignidade da pessoa, que ela não pode desperdiçar. Com a tutela da ciência vivemos mais e envelhecemos melhor, e tem quem chegue até os cem e mais anos bem de saúde, uma bênção. Não é fácil admitir que a certa altura já não se pode tudo, e ainda ter de se entregar aos outros, aos cuidadores, sina de quem tem vida longa. Bem verdade que tudo tem um preço, mais alto no fim da jornada, e o tempo apresenta a conta, assim como fazem os planos de saúde, que não estão nem aí - o tempo e os planos...
               Não é nenhuma maravilha depender dos outros, e nem adianta pensar numa casa de repouso, dessas modernas, com chalés e tudo o mais. Mãe alguma deseja, por exemplo, que os filhos tomem conta da sua vida, ou quem quer que seja. Mas não tem como se livrar dessa dependência em algum momento. Dizem que o elefante quando está próximo do fim se retira de perto dos demais. Não somos elefantes mas pequenos seres indefesos, tanto na menor, como na idade da decrepitude. De vez em quando nos apresentam exemplos de mães centenárias de bem com a vida, minha mãe é uma delas, acaba de festejar seus 99 anos. Que linda! Parabéns! É bom viver muito e muito para ver a família crescer, e ter ainda a mãe por perto para cuidar, como um dia ela cuidou da gente.

       Dentro da família é onde acontecem as melhores experiências, e digo, se é para sofrer, que seja no paraíso do lar. Os moços nem se dão conta, só na velhice, quando vão sentir o quanto o amor constrói e quanto dói o erro, o abandono. Melhor, todavia, deixar os velhos serem autônomos o tanto que podem, assim como se deve fazer com os moços. Há filhos que dependem muito dos pais, e vice-versa. Mas que ambos se sintam confortáveis. Não é questão de deixar rolar, mas de saber conduzir as coisas. Nada mais reconfortante que vencer as dificuldades da vida, sem que se esteja monitorado o tempo todo - só na aparência, pois não tem como controlar os passos de quem quer que seja. É a confiança e o respeito cultivados a vida toda, assim como a independência. Para sempre mãe!

                  FELIZ DIAS DAS MÃES!

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